Congresso dos Jornalistas: e o dinheiro?
Num painel dedicado à “viabilidade económica do jornalismo”, tirando um orador da Google, todos os outros oradores vêm dos órgãos de informação. Porquê?
O jornalismo está em crise, porque nāo há dinheiro. Os jornalistas têm péssimas condições laborais, porque não há dinheiro. A independência dos jornais está ameaçada, porque não há dinheiro. Os jornais são muitas vezes projetos de poder, porque não são um negócio que dê dinheiro.
No mundo real, os jornalistas deviam estar preocupados em tornar a sua profissão lucrativa. No mundo dos jornalistas, há muitos outros temas metafísicos que importa discutir, num momento em que a existência da sua profissão se encontra em risco por indiscutível falta de viabilidade financeira.
Os jornais deixaram de ser lucrativos por dois motivos: porque a informação se tornou gratuita na internet e porque os jornais deixaram de ser um meio publicitário tão apelativo como eram.
Perante este cenário, esperava ver num congresso de jornalistas, dois tipos de profissionais: os especialistas em dinâmicas digitais, para ajudarem a perceber como os jornais podem voltar a vender informação aos consumidores; e os profissionais de publicidade e marketing para ajudarem a perceber como é que os jornais podem voltar a ser um meio publicitário relevante para as marcas.
Olhem para o Congresso dos Jornalistas e reparem que mesmo no painel dedicado à “viabilidade económica do jornalismo”, tirando um orador da Google, todos os outros oradores vêm dos órgãos de informação. Mas porquê? A solução estará dentro ou estará fora?
Enquanto publicitário assusta-me esta miopia. Os meios publicitários devem respirar frescura, em vez de cheirarem a mofo. Devem ser vanguarda, em vez de serem conservadorismo. Os jornais devem ser um negócio e a função dos negócios é darem dinheiro a quem neles investe.
Pode não ser verdade, mas tudo isto parece ser conservadorismo de esquerda. Resta perceber se o jornalismo em Portugal é de esquerda porque é mal pago. Ou se é mal pago porque é de esquerda. Talvez seja um pouco dos dois e talvez misturar ideologia política com negócios não resulte muito bem.
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