COVID-19. E a contaminação das marcas.
Nunca foi boa ideia assustar os consumidores e levá-los a gastar dinheiro. Pelo menos sem mensagens claras e honestas sobre a eficácia de um produto contra o vírus.
Sabem aquela velha história que, em tempos de crise, uns choram e outros aproveitam a oportunidade para vender lenços? Para já o coronavírus fez disparar (e até esgotar) a venda de máscaras e de produtos como o gel desinfetante para as mãos. Mas como também é uma velha máxima, nunca foi boa ideia assustar os consumidores e levá-los a gastar dinheiro. Pelo menos sem mensagens claras e honestas sobre a eficácia de um produto contra o vírus. O medo e o consumo, como princípio não devem estar juntos na mesma frase…
Na semana em que números de infetados subiram e a preocupação também cresceu, a WARC questionava: “Why COVID-19 should make marketers rethink how they work”. A questão parece fazer todo o sentido. Até porque o mundo está em alerta, ou se quisermos a gerir uma crise em termos de saúde pública, o que está certamente a desassossegar também os senhores do marketing. E nem se trata só dos grandes eventos a que se viram obrigados a cancelar nos últimos dias…
Serão as estratégias tradicionais de planeamento permeáveis e adaptáveis a mudanças como esta, questiona-se no artigo. Mas não será também, em momentos de crise como os que se vivem, que surge a oportunidade de introduzir novas ideias e repensar precisamente os modelos? Segundo a WARC, o maior obstáculo nas organizações é a inércia.
Num exclusivo à plataforma, Cameron O’Connor, CEO da R1 Training diz que, face ao sentido de urgência de um acontecimento como o COVID-19, “ficar parado é o maior risco” e este deve ser o pensamento de líderes, gestores e marketeers. Trata-se da sobrevivência de pessoas, mas também de negócios e de marcas. A inércia não pode fazer parte da equação. Mas antes ter a capacidade de reestruturar ou reajustar estratégias, impedindo a contaminação dos seus negócios e marcas.
E isto numa altura em que já se fala que, por exemplo, o COVID-19 será um vírus também a ter em conta nos planos de media, na compra, no consumo e até no investimento em publicidade. Na Ásia já impactou e comprometeu orçamentos e outros mercados já sofrem do efeito contágio. Basta recordar que com o SARS, o entretenimento fora de casa caiu, bem como o consumo de alimentos em restaurantes de fast food. Se seguir o mesmo caminho, é expectável que tudo o que é luxo, entretimento e lazer… venham por aí abaixo. O que pode crescer? O consumo online. Poderá ser novamente essa a tendência. E orçamentos mais comprometidos, nomeadamente no investimento publicitário.
É tempo por isso de se exigir mudanças. Novas ideias. Testar novos modelos. Na forma como hoje se trabalha. Exigir agilidade na resposta e inovação nos processos. Um dos conselhos de O’Conner, o mais interessante na minha opinião, é o de colocar a transparência à frente e no centro de todas as estratégias.
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