Digital, o Centro Comercial Moderno

Nos próximos anos, o crescimento online terá um papel fundamental na definição do sucesso do retalho, ao forçar os concorrentes offline a conceber estratégias que diversificarão os canais de vendas.

Ter o mundo na ponta dos nossos dedos não é novidade. Munidos de um smartphone e de uma série de aplicações, os consumidores estão habituados a aceder de forma instantânea a conhecimentos, serviços e bens. Durante a pandemia, a tecnologia tornou-se na nossa grande ligação para com o mundo exterior e, assim, nasceu um hábito de consumo totalmente novo, enquanto o comércio eletrónico experimentou o hiper-crescimento. Em pouco tempo, os grandes super e hipermercados viram os utilizadores trocar os parques de estacionamento por apps de entregas.

Para os retalhistas europeus, o comércio eletrónico passou oficialmente de uma oportunidade para uma necessidade. A questão já não é ser digital, mas sim inovador. Mitchel Resnick, académico na área de Investigação em Aprendizagem no MIT Media Lab, prevê um futuro, no qual “as empresas terão a capacidade de expandir e melhorar os seus modelos de negócio de formas sem precedentes, passando de um negócio digital para um negócio metaverso. Até 2026, 30% das organizações de todo o mundo terão produtos e serviços prontos para o metaverso”. Nesse sentido, o comércio rápido (Q-Commerce) é um primeiro passo na digitalização do retalho que alimenta as economias locais.

O Q-Commerce e a logística da última milha dão às grandes e pequenas marcas a possibilidade de aproveitar o poder infinito da multi-categoria, a next big thing na entrega instantânea. Um estudo da McKinsey mostra que, para o mercado europeu, enquanto as categorias de alto envolvimento (por exemplo, vestuário e brinquedos) têm explorado cada vez mais novos formatos (como o live commerce e o comércio social), outros setores em ascensão (como a alimentação e o FMCG) começaram simultaneamente a desenvolver um primeiro conjunto de regras online bem-sucedidas.

À medida que o mercado continua a mudar, e novas categorias de bens de consumo surgem como intervenientes online, o aumento da concorrência e os novos canais de vendas tornarão a luta pela atenção dos consumidores feroz.

Um veículo para o crescimento local

Para as pequenas empresas, os serviços de entrega são a solução que dá poder de escolha ao consumidor. Quer seja a livraria de rua ou o pequeno restaurante, a espinha dorsal da economia local assenta nos seus ombros. No caso do local vs. global, o Q-Commerce é o complemento, enquanto o comércio eletrónico aumenta a concorrência. A McKinsey refere que estas empresas podem alcançar margens com D2C que podem ser 4% mais altas do que alguns gigantes do retalho digital, e 2% acima dos retalhistas omnicanal. Também nas plataformas de entregas as PME constituem a esmagadora maioria do seu mercado, as quais serão capazes de aumentar a sua base de clientes, ter acesso a publicidade e uma logística de última milha mais cuidada.

Nos próximos anos, o crescimento online desempenhará um papel fundamental na definição do sucesso do retalho, ao forçar os concorrentes offline a conceber estratégias que diversificarão os seus canais de vendas. E isso verifica-se através de um forte incremento do conceito omnicanal. É um facto que o formato físico tem ganho valor. Mas necessita de se reinventar, e tal também se fará através de avanços tecnológicos que melhorem a experiência do cliente.

Com o aumento das rendas, inflação e custos de operação, as marcas não têm outra escolha que não seja continuar a investir em pontos de contacto digitais que envolvam os consumidores mais experientes em tecnologia. À medida que a tecnologia continua a transformar as cadeias de abastecimento, estes avanços podem mesmo significar, nomeadamente para o retalho, que só o online permitirá que novos segmentos de consumo – como aqueles que procuram incrementar o seu valor – cresçam, enquanto se verifica uma diminuição dos custos de operações para as marcas. Para as lojas locais, a possibilidade de entrega mais rápida e imediata através da logística de última milha responde aos comportamentos modernos do consumidor, numa solução mais eficiente numa perspetiva ecológica.

E, de salientar, à medida que os hábitos tecnológicos e de consumo crescem em paralelo, o metaverso e a economia instantânea, forjados na última década, são conceitos que vieram para ficar, num futuro próximo.

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