Entre Lisboa e Bruxelas: os desafios de lançar um primeiro fundo em 2025

  • Fernando Ferreira
  • 28 Outubro 2025

Criar um fundo é, acima de tudo, um ato de fé: tanto na equipa e na tese como no futuro.

Criar um fundo de capital de risco pela primeira vez é um exercício de resiliência, paciência e convicção. Não é um processo que se mede em meses, mas em anos e, mesmo perante contextos macroeconómicos favoráveis, pode demorar dois a três anos. Quando o ambiente global se torna incerto, esta missão torna-se ainda mais exigente. E, no entanto, é precisamente nestes momentos que surgem as melhores oportunidades para construir algo sólido e duradouro.

Quando iniciámos o processo de angariação de fundos, em setembro do ano passado, o cenário parecia promissor. A confiança dos investidores institucionais começava a recuperar após anos de instabilidade causada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Contudo, novos fatores geopolíticos vieram abalar novamente o mercado, e muitos investidores tornaram-se mais reticentes. Perante esta mudança na realidade, decidimos investir no que está sempre ao nosso alcance: as relações humanas.

Ao longo de meses, percorremos a Europa para participar em eventos LP/GP, conhecendo investidores, intermediários e potenciais parceiros. O feedback foi constante e construtivo: apesar do histórico de bons resultados em investimentos anteriores, entre eles participações em empresas de sucesso como a Outsystems ou a Bitsight, os investidores queriam provas concretas de que a nossa nova tese de investimento funcionava. Era preciso mostrar resultados e números, não apenas histórias de sucesso.

Conseguimos concretizar o primeiro fecho do Ventures este verão. Este marco é mais do que um resultado financeiro: é a prova de que, mesmo num ambiente global instável, há espaço para quem acredita na criação de valor real e no reforço do tecido económico europeu. O próximo passo é conseguirmos mostrar, com exemplos concretos, que é possível investir em inovação de forma responsável.

Foi essa exigência do ecossistema que nos levou a procurar alternativas criativas. Foi nesta busca por mais caminho que descobrimos um espaço de grande potencial junto de investidores de vistos gold norte-americanos, muitos deles com experiência em tecnologia e capital de risco. Ao contrário de outros perfis mais conservadores, estes investidores compreendem o risco inerente à inovação e valorizam o impacto que podem ter além do retorno financeiro. Com redes de contacto dispersas e conhecimento profundo do ecossistema norte-americano, estão dispostos a apoiar ativamente as startups em que investimos: uma parceria win-win.

Graças a esta combinação de interesses, conseguimos concretizar o primeiro fecho do Ventures este verão. Este marco é mais do que um resultado financeiro: é a prova de que, mesmo num ambiente global instável, há espaço para quem acredita na criação de valor real e no reforço do tecido económico europeu. O próximo passo é conseguirmos mostrar, com exemplos concretos, que é possível investir em inovação de forma responsável, conectando startups promissoras com grandes empresas internacionais e ajudando-as a crescer desde o primeiro cliente.

Criar um fundo é, acima de tudo, um ato de fé: tanto na equipa e na tese como no futuro. E quando essa fé é sustentada por trabalho, visão e perseverança, o desafio de começar deixa de ser um obstáculo e transforma-se na melhor parte deste desafio.

  • Fernando Ferreira
  • General partner da Ventures.eu

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