“Innovability”. Já ouviu falar?
O gap entre a inovação e a sustentabilidade tem agora uma ponte verbal para o futuro.
No início da Pandemia questionei-me onde ficaria a sustentabilidade. Uma urgência para a nova década, um tema na agenda das empresas e uma tomada de consciência social e global. Ao contrário da minha visão menos otimista, a verdade é que a Covid-19 acelerou também o crescimento das políticas de sustentabilidade de marcas em diferentes setores e de novos comportamentos intergeracionais.
É aqui que entra um novo termo que começa a entrar no léxico das empresas: “Innovability”. Ou seja, a sustentabilidade hoje é indissociável da inovação e o gap entre departamentos nas empresas, tem agora uma ponte verbal para o futuro. E é curioso ver já empresas com a Enel, na área da energia, a criar neste início de ano um novo departamento que se chama precisamente “Innovability”: “We no longer work separately on innovation and sustainability, but on innovability, a term that combines the two concepts, and not only in words, because we think it is impossible to separate them. We cannot think of innovation without being sustainable, and vice versa” explica numa entrevista o chief innovability officer da energética.
Neste mundo em mudanças rápidas, a inovação e a sustentabilidade surgem assim inseparáveis e à espera de que as marcas e empresas tenham a capacidade de as processar dessa forma. O tema já está a ser explorado por especialistas, recentemente num paper na Business Review, os autores recorriam a Michael Porter e ao seu artigo “Creating Shared Value” sobre como assegurar a longo prazo a criação de valor para os shareholders, enquanto se cumprem metas sociais e ambientais, para mostrar que apesar da teoria que se tornou uma referência em termos de como criar valor via sustentabilidade, muitas empresas continuam com dificuldade de a aplicar nos seus negócios. E na opinião dos consultores, o problema está na falta de capacidade de incorporar a sustentabilidade nos processos de inovação e a divisão entre departamentos: os que geram o negócio e os que geram a área da sustentabilidade corporativa. A solução passa por colocar a sustentabilidade logo nos primeiros passos da inovação, no momento que tradicionalmente se chama “problem space definition”, acrescentam.
A “Innovability” torna-se assim um novo termo para um novo mundo. Como aprendi no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, “A nossa língua está sempre em construção”. Seja então o português e o inglês, e adote-se a “innovability” como a construção de uma nova etapa das empresas.
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