Investimentos alternativos: a tendência das novas gerações?
Cerca de um terço do capital dos mais jovens está alocado em ativos como commodities, criptomoedas e artigos de luxo. Os investidores mais velhos continuam a preferir os ativos tradicionais.
Tradicionalmente, o portefólio dos investidores individuais assenta em quatro tipos de ativos: ações (“stocks”), obrigações (“bonds”), liquidez (eg. depósitos a prazo) e ativos de refúgio como o ouro.
Segundo um estudo de 2024 do Bank of America para o mercado norte-americano, as gerações que compreendem idades acima dos 43 anos alocam mais de 90% do portefólio nos ativos acima designados.
A novidade do estudo surge quando analisamos a alocação das gerações mais recentes em idade adulta (21 aos 43): os denominados investimentos alternativos representam mais de 30% do portefólio, ou seja, aproximadamente um terço do capital dos investidores individuais.
Mas afinal quais são alguns dos ativos de investimento alternativo preferidos pelos mais jovens? Commodities, imobiliário, criptomoedas e artigos de coleção de luxo (“luxury collectibles”), nomeadamente relógios, obras de arte, garrafas de whisky, bolsas para mulher (“female handbags”), entre outros.
Se no caso das criptomoedas e das commodities temos um potencial de valorização que funciona por ciclos — o imobiliário representa uma opção que tem acompanhado a inflação em muitos países ocidentais, e em que Portugal integra a frente do pelotão na valorização de imóveis de luxo (Algarve e
Porto figuram no Top30 de localizações no índice PIRI 100 para 2023) –, os “luxury collectibles” têm ganho uma notoriedade assinalável no portefólio das gerações mais jovens com factos que impressionam: nos últimos 10 anos, esta componente, nos artigos acima identificados, apresentou rendibilidades entre os 67% e os 280% (Knight Frank, 2024).
Uma das explicações para a valorização está relacionada com a dificuldade de adquirir este tipo de ativos (eg. a aquisição de um Rolex Daytona num revendedor autorizado não está tipicamente acessível a um cliente sem histórico de compras na marca, e acarreta ainda um tempo de espera que pode superar os 24 meses), o que provoca subidas acentuadas no preço destes no mercado secundário.
Além do potencial de valorização, surgem ainda outros argumentos a favorecer os “luxury collectibles”: num estudo de 2022 do Credit Suisse, é apresentada uma correlação negativa entre a performance das “female handbags” e o mercado de ações, o que evidencia o importante papel de diversificação que este ativo pode ter no portefólio de um investidor individual.
Finalmente, e num questionário realizado a investidores individuais com elevado património (ou “High Net Worth Individuals”), identificam-se as três principais razões de aquisição dos “luxury collectibles”: i) prazer na detenção do ativo, ii) potencial de valorização, e iii) status social.
Pelo que o trabalho dos gestores de conta e fundos de investimento convencionais irá ser mais complicado no que toca a atrair clientes das novas gerações. Porque de facto já ninguém impressiona os amigos a contar que investiu em ações da EDP ou da REN, quando pode falar de um Rolex Daytona ou de uma mala Hermès.
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