New Bauhaus – A nova alma Europeia e a luz que precisamos?

“New European Bauhaus” é um think-do tank, um laboratório de design. É um movimento criativo e interdisciplinar, que convoca um espaço de encontro para recuperar e revisitar práticas sustentáveis.

A recuperação económica pós-Covid assente na transição para uma economia mais verde, digital e justa, constitui hoje o discurso central da Comissão Europeia, ambicionando-se que região seja neutra em carbono em 2050. Esta visão tem tido impactes ao nível da criação de novos regulamentos e diretivas em vários setores, nomeadamente sobre as empresas, incluindo PME, e o setor financeiro.

É claro hoje que a circulação de dinheiro tem de acompanhar as ambições ambientais Europeias, e que os bancos e os investidores têm de sentir os estímulos para emprestar e financiar projetos verdes, e não os projetos castanhos ou de setores que nem em transição se encontram. Começa a ser evidente para todos os agentes económicos que a economia verde e a sustentabilidade são aspetos que vieram para ficar, quer por via regulamentar, quer por via de mercado.

Fará sentido assumir, de facto, esta mudança tão significativa no âmago do propósito do capitalismo que temos tido até então? Poderá esta mudança ser reforçada pela assunção de uma nova dimensão cultura, estética e criativa que é fundamental à verdadeira transição para uma sociedade mais sustentável e justa?

No discurso da União realizado pela presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen no dia 16 de Setembro de 2020, fica clara a vontade em associar à recuperação verde pós-Covid a co-criação de uma alma europeia rejuvenescida e partilhada por arquitetos, artistas, estudantes, engenheiros e designers, de forma a erguer uma Europa alicerçada nos valores da democracia e da pluralidade, com expressão física e visível através da arte, dos edifícios recriados e da dinâmica social criativa local e entre nações.

Assim, em janeiro de 2021, foi lançada a iniciativa “New European Bauhaus”, como sendo “uma iniciativa criativa e interdisciplinar, que convoca um espaço de encontro para desenhar formas de viver futuras, entre arte, cultura, inclusão social, ciência e tecnologia. Traz o Pacto Ecológico/Green Deal para nossos locais de vida e exige um esforço coletivo para imaginar e construir um futuro que seja sustentável, inclusivo e bonito para nossas mentes e nossas almas (1)”. Por “bonito” entende-se:

  • A inclusão e espaços acessíveis, onde os diálogos entre culturas, idades e géneros nos podem levar a imaginar um futuro melhor para todos;
  • Soluções sustentáveis que conseguem criar um diálogo entre o mundo construído e os ecossistemas do planeta;
  • Experiencias enriquecedoras que respondem “a necessidades além de nossa dimensão material, inspirada pela criatividade, arte e cultura. Significa valorizar a diversidade como uma oportunidade de aprender uns com os outros”(2).

Pode ler-se no site Europeu dedicado a esta iniciativa que a “New European Bauhaus”, é um think-do tank, um laboratório de design, acelerador e um sistema de rede em simultâneo. É um movimento criativo e interdisciplinar, que convoca um espaço de encontro para recuperar e revisitar práticas sustentáveis ​​e projetar futuros modos de viver, incluindo as ligações com e entre arte, cultura e ciência.

Esta iniciativa será implementada em 3 fases: Design, Entrega e Divulgação.

A fase de design pretende identificar o que já existe no terreno relacionado com este conceito, para ver onde e como pode acelerar, concretizar e materializar boas ideias. Espera-se que sejam identificados pelo menos 5 a 6 locais onde o novo conceito da Bauhaus possa ser materializado. Esses pilotos devem ser distribuídos em diferentes Estados-Membros da EU.

A fase de entrega começará com a criação de pelo menos cinco novos pilotos europeus, e que resultem das iniciativas identificadas na fase de projeto. Uma “comunidade de prática” formada por todos os participantes da fase de design irá monitorizar os cinco pilotos, de forma a que todos os parceiros envolvidos na iniciativa mais ampla devem ser capazes de aprender e beneficiar das primeiras experimentações.

Na fase de divulgação a iniciativa irá focar-se na difusão de boas ideias e conceitos para um público mais amplo e não apenas Europeu, de forma a partilhar os melhores métodos, soluções e protótipos disponíveis. Pretende-se ajudar todos os pioneiros a replicar suas experiências em cidades, áreas rurais e localidades e inspirar uma nova geração de arquitetos e designers.

Num contexto em que o mundo parece estar a acabar, o PIB a baixar e o desemprego a aumentar, em que o populismo e as extremas direitas vão ganhando espaço no vazio da desilusão face ao futuro que não conseguimos deslumbrar, parece-me maravilhoso conseguir-se promover este espaço de diálogo e de investimento a nível europeu. Saiba Portugal como construir e florescer com esta oportunidade.

Notas:

(1) https://europa.eu/new-european-bauhaus/index_pt
(2) https://europa.eu/new-european-bauhaus/index_pt

  • Economista especializada em sustainable and climate finance

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