O Futuro do Trabalho na Logística
Há uma consciencialização por parte dos trabalhadores de que as funções associadas à logística e às cadeias de abastecimento implicarão uma crescente colaboração com a tecnologia, e não substituição.
Os últimos anos foram de grandes mudanças forçadas por uma conjuntura inesperada e disruptiva, algo que impulsionou, também, um debate geral sobre políticas de Recursos Humanos (RH) e os ambientes de trabalho, atuais e futuros. Mas as mudanças ocorridas já há muito se anunciavam, simplesmente a um ritmo menos acelerado. Falamos de temas como a sustentabilidade, a digitalização do mundo de trabalho e do teletrabalho. Existem, no entanto, outras premissas às quais devemos estar atentos, pelo menos, no setor logístico, onde o futuro do trabalho apresenta novas exigências.
De acordo com um estudo recente, intitulado “Future of Work in Logistics” (da DHL) um dos problemas que está a afetar a cadeia de abastecimento é o envelhecimento da mão-de-obra e a consequente escassez, o que contrasta com o fato das gerações mais novas, nomeadamente os denominados Millennials e a Geração Z, procurarem empregos com mais oportunidades, tarefas menos repetitivas, ambientes mais flexíveis e estarem a pressionar o setor para satisfazer novas exigências em torno da sustentabilidade, diversidade e inclusão, bem-estar dos trabalhadores e ambientes tecnológicos.
Aliás, aproximamo-nos de uma meta histórica, em que os nativos digitais ultrapassarão, em número, aqueles que começaram a sua carreira antes de a Internet ser uma realidade, o que está a acelerar uma mudança nos valores dos locais de trabalho. No entanto, apesar dos avanços tecnológicos no setor logístico e de a maioria dos trabalhadores considerar que a tecnologia tem sido útil para a sua carreira, o referido estudo demonstra que mais de 50% dos trabalhadores do setor logístico ainda veem a inteligência artificial e a automação como uma possível ameaça.
Apesar das apreensões e de não estar perspetivada nenhuma transformação drástica do setor, há uma consciencialização por parte dos trabalhadores de que as funções associadas à logística e às cadeias de abastecimento implicarão uma crescente colaboração com a tecnologia, e não uma substituição ou competição.
No desenvolvimento e definição de ambientes de trabalho, é necessário não só compreender o que impulsiona as tendências, como responder à necessidades e preocupações dos trabalhadores, sendo vital ouvir esta parte, saber o que querem e sentem, e usar essa informação na construção de novas realidades. As organizações presentes na cadeia de abastecimento devem pensar em formas de tornar o trabalho mais flexível e acessível através de novas políticas de RH e tecnologias.
É nesta dicotomia geracional e na evolução dos ambientes de trabalho que aparece um dos grandes paradigmas do futuro do trabalho no setor logístico, que tem como desafios imediatos a redução da escassez da mão de obra e o aumento da resiliência das cadeias de abastecimento.
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