O que é que a UE pode fazer pela crise climática?
A luta contra a crise climática tem de acontecer de forma global e concertada e tem de ser uma prioridade no Parlamento Europeu, porque isso tem impacto direto nas nossas vidas.
Diz-nos a ciência que a janela para travar a crise climática que atravessamos está a fechar-se rapidamente. Na Europa, sofremos cada vez mais com fenómenos meteorológicos extremos, enquanto a perda de ecossistemas e de biodiversidade continua a acelerar, pondo em perigo os nossos meios de subsistência.
É por estas razões, e também porque 80% da legislação ambiental é decidida na União Europeia, que o debate do mês passado sobre as propostas ambientais dos principais partidos (organizado pela ANP|WWF) foi tão importante. Quisemos ouvir o que cada partido tem a dizer sobre a proteção da natureza e sobre alterações climáticas, e o facto de todos os partidos convidados terem aceitado o convite mostra, antes de mais, que existe uma preocupação generalizada em (pelo menos) debater o assunto de forma séria.
A transição energética foi um dos temas abordados, e no qual todos os partidos presentes concordaram sobre a sua importância e urgência. Mas esta transição, que envolve a expansão das energias renováveis para substituir os combustíveis fósseis, não se faz sem investimento público, algo no qual todos os partidos estiveram também de acordo. Ao nível da mobilidade, falou-se inclusive da aposta na melhoria e ampliação da oferta dos transportes públicos e na sua gratuitidade, uma questão referida por alguns partidos que nunca o tinham referido antes.
Apesar de apresentarem pontos em comum, algo pouco habitual, vários temas relevantes ficaram por abordar. É o caso da utilização das soluções baseadas na natureza como forma de promover a mitigação e a adaptação às alterações climáticas, e ao mesmo tempo beneficiar a biodiversidade. Também a redução da procura de energia não foi abordada, nem tampouco a importância da participação da sociedade civil e de termos processos de tomada de decisão mais participativos e mais transparentes.
As eleições europeias podem parecer distantes da nossa realidade, mas na verdade não o são. O Parlamento Europeu é responsável por aprovar propostas legislativas que, posteriormente, têm de ser implementadas pelos Estados-Membros. Grande parte das iniciativas positivas para o ambiente na Europa são provenientes de leis, planos, metas ou fundos que passaram em algum momento pela aprovação do Parlamento Europeu. A luta contra a crise climática tem de acontecer de forma global e concertada e tem de ser uma prioridade no Parlamento Europeu, porque isso tem impacto direto nas nossas vidas. A expectativa deste debate seria que as boas intenções ali proferidas estivessem refletidas nos programas eleitorais, e que não fosse apenas um repositório de opiniões pessoais dos candidatos presentes (como, por vezes, acabou por parecer).
A UE tem dado os primeiros passos para combater a crise urgente da poluição, do clima e da natureza, e lidera internacionalmente nestas matérias. No entanto, continua a não ser suficiente face à crise que atravessamos. As alterações climáticas ameaçam diretamente a produção de alimentos, portanto é fundamental garantir ecossistemas equilibrados para que tenhamos sistemas alimentares resilientes. As eleições de 9 de junho são, de facto, a oportunidade de dar uma resposta coerente à crise climática e à crise da biodiversidade e de oferecer às pessoas esperança num futuro mais seguro e equitativo. Os nossos futuros representantes no Parlamento Europeu têm o poder – e o dever – de melhorar o bem-estar e a segurança das pessoas em todo o mundo e de aumentar a autonomia e a resiliência da Europa. Enquanto cidadãos da UE, podemos e devemos exigir esta ação e eleger decisores que compreendam esta urgência.
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