Costa ganhou o centro que penalizou ambiguidade de Rio
As sondagens à boca das urnas dão uma vitória clara ao PS e uma derrota merecida ao PSD. O centro não perdoou a ambiguidade dos social-democratas face à extrema-direita.
As primeiras notas de uma eleição que vai ser ganha pelo PS. Resta saber como irá governar.
António Costa
Saiu a ganhar de uma crise que não foi ele a provocar. O próprio Presidente da República reconheceu, durante a negociação do OE2022, que o primeiro-ministro foi até onde podia para evitar o chumbo do OE: “vejo um esforço para alterar bastante a proposta do Orçamento. Do que me recordo, nos últimos seis anos, é talvez o ano em que há maiores alterações fruto da negociação tão cedo relativa à proposta do OE”.
A Unidade Técnica de Apoio Orçamental fez as contas e chegou à mesma conclusão: o OE2022 seria o mais expansionista dos últimos seis anos.
Catarina Martins e Jerónimo de Sousa
Os grandes derrotados da noite. O Bloco e o PCP foram os dois partidos que provocaram a crise e o eleitorado não perdoou. E a julgar pelas sondagens, entregaram, de forma precoce, o terceiro lugar ao Chega.
Das 8 propostas que o Bloco de Esquerda apresentou para negociar o Orçamento, só uma tinha uma ligação direta com o Orçamento. É elucidativo da vontade, ou falta dela, de ir para a frente com uma solução política que durou seis anos.
Rui Rio
Ganha votos e deputados face a 2019, mas volta a sair derrotado de um confronto com António Costa. A ambiguidade do discurso em relação à extrema-direita xenófoba afastou o eleitorado do centro onde Rui Rio queria posicionar o partido.
Cotrim e Ventura
É a ascensão de duas novas direitas em Portugal. Uma direita radical e xenófoba que pouco ou nada acrescenta ao sistema político, a não ser um discurso de ódio. E, por outro lado, uma lufada de ar fresco de Cotrim de Figueiredo que conseguiu o feito de fazer crescer um partido liberal, que advoga menos Estado, no meio de uma crise em que o papel do Estado foi determinante.
Rodrigues dos Santos e Sousa Real
Francisco Rodrigues dos Santos trouxe um discurso bolorento e anacrónico e merece o papel de coveiro do CDS ao ter afastado figuras competentes como Adolfo Mesquita Nunes.
Inês Sousa Real foi a única dos parceiros da geringonça que teve alguma responsabilidade e votou para que o OE2022 passasse à discussão na especialidade. Merecia mais, mas o eleitorado não achou que merecesse.
Marcelo Rebelo de Sousa
“Se os portugueses não dão maioria clara a ninguém, será um berbicacho para o Presidente”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em Março de 2021, referindo-se às eleições que deveriam acontecer em 2023.
Mas o Presidente da República resolveu transformar um chumbo do Orçamento numa moção de censura e dissolveu, de forma precoce, o Parlamento. Agora, a julgar pelas sondagens, tem um “berbicacho” para resolver.
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