
Outsourcing. Uma solução para proteger empregos?
É uma metáfora dura, mas real: cortar um dedo para salvar a mão. Em muitos debates ideológicos, esta lógica perde-se.
A recente notícia sobre a quase inexistência de casos na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), relacionados com o recurso ao outsourcing após despedimentos demonstra algo fundamental: mais do que uma ameaça, o outsourcing pode ser uma solução em momentos de maior fragilidade empresarial.
Aquilo que os dados da ACT nos dizem é que as empresas portuguesas têm sido extremamente responsáveis na forma como recorrem ao outsourcing. Isso é evidenciado pelo facto de em menos de dez ocasiões terem sido reportadas situações merecedoras de investigação. Naturalmente, caberá ao Governo averiguar sobre se o fim do impedimento da terciarização de serviços nos primeiros 12 meses após o despedimento levará, ou não, ao aumento deste tipo de prática. Apesar disso, importa abordar a utilidade que o outsourcing pode ter, em determinadas circunstâncias, para as empresas portuguesas.
Quando uma empresa enfrenta dificuldades financeiras, há duas opções: reduzir operações e arriscar fechar portas, ou procurar novos modelos de gestão que tragam eficiência e controlo de custos. É aqui que o outsourcing surge como instrumento vital: um parceiro que permite manter negócios a funcionar, com equipas dimensionadas à realidade, defendendo empregos que, de outra forma, estariam perdidos.
É uma metáfora dura, mas real: cortar um dedo para salvar a mão. Em muitos debates ideológicos, esta lógica perde-se. No entanto, sem este tipo de flexibilidade, arriscamos não ter mão nenhuma para salvar.
Num contexto de incerteza geopolítica sem precedentes, onde cada semana pode alterar cadeias de valor, custos energéticos ou procura de mercado, a rapidez de adaptação é crucial. O outsourcing não é apenas uma solução de flexibilidade. Este espírito de parceria pode absorver choques, redistribuir recursos e preservar competitividade.
Manter empresas abertas, proteger a base de emprego e preparar o futuro exige pragmatismo. O outsourcing, longe de ser um expediente residual, pode ser uma das chaves para a sobrevivência e para que, quando a tempestade passar, as empresas continuem de pé, prontas a crescer.
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