Porque é que ninguém está a falar de “green tech”?

  • Thibaud Hug de Larauze
  • 28 Outubro 2021

Atualmente, o mundo digital representa perto de 4% das emissões globais de CO2, sendo a produção de eletrónica responsável por quase metade deste valor.

O digital está presente na vida da grande maioria das pessoas, num contacto que é constante, mas sobre o qual pouco pensamos e cujas consequências pouco ponderamos. Mas a verdade é que esta utilização persistente de tecnologia tem impactos preponderantes no meio ambiente e, numa altura em que tanto se menciona a utilização de canais e aparelhos digitais e até a importância da transformação digital, será útil considerar também os seus impactos e abordagens de implementação.

Atualmente, o mundo digital representa perto de 4% das emissões globais de CO2, sendo a produção de eletrónica responsável por quase metade deste valor. Uma boa forma de perceber a relevância deste número é quando comparado, por exemplo, com o setor da aviação, que é responsável por 3% das emissões.

Prevê-se que, em 2040, as tecnologias de comunicação sejam responsáveis por 14% do total de carbono emitido para a atmosfera. Se a estes números acrescentarmos o consumo de água e ainda a quantidade e rapidez da produção de lixo eletrónico percebemos que é preciso inverter a tendência, e o consumo e descarte de tecnologia devem ser avaliados com a maior urgência.

Para o fazer, conceitos como a green tech (tecnologia verde), o recondicionamento e até a sustentabilidade precisam de ter eco para que seja também possível alcançar maior visibilidade nestes temas e, por consequência, serem ponto de interesse para o investimento e inovação e a opção escolhida em tempo de consumo.

A green tech pode explicar-se como um ecossistema de tecnologia que contribui para a preservação do meio ambiente e que auxilia a diminuição da pegada humana no mundo. Traduz-se em soluções como as técnicas limpas de produção de energia ou até as aplicações para car sharing de veículos elétricos. Neste conceito entram também os produtos recondicionados – smartphones, tablets, consolas e até eletrodomésticos – que são normalmente usados, mas posteriormente tratados de forma a serem restituídas as suas totais condições de utilização e poderem ser novamente colocados à venda.

De entre as vantagens salientam-se a maior durabilidade dos aparelhos, o evitar do desperdício tecnológico e até a contribuição para a democratização do acesso à tecnologia, uma vez que estes produtos apresentam preços significativamente mais baixos do que os originais.

Então, se os campos de aplicação onde podemos implementar estas mudanças são tão variados, se as vantagens são tão claras e se, em algumas questões, até o preço e consequentemente a acessibilidade pode melhorar, porque é que a green tech não é ainda uma palavra sonante e a sua tradução uma realidade facilmente compreendida?

Para que os hábitos se alterem e o consumo seja mais consciente é preciso que os consumidores queiram fazer a diferença em termos de pegada ecológica, e que as próprias entidades organizacionais as informem sobre o impacto real que as suas compras têm no planeta. Este é um momento em que toda a cadeia de valor tem de estar envolvida e focada no mesmo objetivo: sejam fabricantes, distribuidores, consumidores ou decisores políticos.

A responsabilidade sobre o futuro do ambiente é partilhada e as soluções cada vez mais claras. O próximo passo é fazer das possibilidades sustentáveis, a opção preferencial.

  • Thibaud Hug de Larauze
  • Co-founder & CEO do Back Market

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