Portugueses continuam pouco atentos às estradas
Rita Travassos, responsável Automóvel do Grupo Ageas Portugal, nota que a sinistralidade nas ruas e estradas está a retomar níveis pré-pandemia e quer consciencializar para uma condução segura.
Todos os anos a sinistralidade rodoviária leva a vida de vários portugueses, provoca uma multitude de feridos graves e muda o destino de muitos. A prevenção rodoviária é um tema que reemerge todos os anos, não fosse Portugal um dos países mais afetados pelas mortes nas estradas. Porém, falar no combate à sinistralidade é também discutir o seu impacto na despesa pública, com dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) a revelarem um impacto de 3,03% no PIB nacional. Assim, resta a questão, quem são os mais afetados pelos acidentes que ocorrem nas rodovias portuguesas?
No primeiro trimestre de 2022, Portugal registou valores superiores ao período homólogo em sinistralidade rodoviária. Os dados são do Grupo Ageas Portugal, onde o número de sinistros aceites sofreu um aumento de 23% (de 16.398 no Q1 2021 para 20.165 no Q1 2022), e os sinistros com danos corporais um acréscimo de 42% (de 1.028 Q1 2021 para 1.459 Q1 2022). Lisboa, Porto e Braga foram as zonas mais afetadas por acidentes nas estradas.
Sendo este um problema que afeta a população em geral, as campanhas de prevenção rodoviária ganham um papel ainda mais relevante nos segmentos mais jovens. No primeiro trimestre de 2022, o maior aumento na sinistralidade registou-se nos condutores de idade inferior a 25 anos que passaram a liderar a tabela de frequência de sinistros automóvel.
O investimento na consciencialização da população para uma condução segura, terá de continuar a ser uma prioridade, com a missão de projetar um futuro melhor para a sociedade portuguesa
Em 2020, ano em que a crise de saúde pública e respetivas restrições se fizeram sentir no comportamento dos portugueses, a sinistralidade rodoviária sofreu uma diminuição, com o registo de menos 21% de vítimas mortais face ao ano anterior, de acordo com dados do Conselho Europeu de Segurança nos Transportes. Também nos primeiros meses de 2021, numa altura em que o país se encontrava em confinamento geral, se verificaram menos acidentes com vítimas (-47,5%), menos vítimas mortais (-35,8%), menos feridos graves (-46,7%), bem como menos feridos ligeiros (-51,3%) que no período homólogo, altura em que ainda reinava a normalidade, como indica a ANSR.
É inegável que com o relaxamento das medidas de combate à covid-19 nos primeiros meses de 2022, e as respetivas alterações no teletrabalho, nos limites de lotação nos estabelecimentos, e na apresentação do certificado de vacinação, seria expectável um aumento acentuado das movimentações, o que corresponde na prática a um incremento do uso automóvel e a um maior risco de acidentes. Os dados agora divulgados pelo Grupo Ageas Portugal vêm confirmar esta trajetória ascendente.
De forma a evitar riscos desnecessários na altura de conduzir, é importante manter presente algumas medidas que promovam a diminuição desta sinistralidade. Não consumir bebidas alcoólicas, desprezar o uso do telemóvel ao volante, manter uma velocidade segura nas mais diversas condições, evitar conduzir durante muitas horas ou respeitar o código da estrada são algumas das medidas que podem ajudar a que Portugal deixe de ser um dos países da Europa com mais mortes na estrada. O investimento na consciencialização da população para uma condução segura, terá de continuar a ser uma prioridade, com a missão de projetar um futuro melhor para a sociedade portuguesa.
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