Saber integrar a IA nas organizações sem esquecer as pessoas

  • Gabriele Rachello
  • 4 Junho 2024

É imprescindível capacitar os colaboradores para que possam fazer parte da revolução da IA, é preciso formá-los, dar-lhes os recursos adequados e criar condições para que desenvolvam "skills".

Muito se tem falado do impacto da inteligência artificial (IA) na vida das pessoas, das empresas e da sociedade em geral. E não faltam argumentos contra e a favor desta tecnologia que promete revolucionar o mundo como o conhecemos até agora. O que, na minha opinião, não tem de ser necessariamente mau. Muito pelo contrário, se forem consideradas as devidas precauções para que a máquina não se sobreponha ao homem e para que todos os princípios éticos e legais, entre outros, sejam cumpridos. E, sobretudo, para que a introdução da IA siga os preceitos do human-centric.

E em que consiste este conceito? Tem por base a colaboração harmoniosa entre seres humanos e inteligência artificial de forma a que consigam alcançar níveis avançados de inteligência, quer a nível global quer organizacional. Uma colaboração em que as organizações devem priorizar as pessoas, potenciando a suas capacidades com o recurso às ferramentas de IA.

Em 2023, uma pesquisa da consultora McKinsey concluiu que quase 50% dos seus cerca de 30 mil funcionários, espalhados por 67 países, usavam ChatGPT e outras ferramentas generativas de IA. É com esta questão bem presente que se impõe que a transformação organizacional seja implementada inteligentemente, sobretudo perante uma atualidade marcada por inúmeras mudanças digitais. A interdependência entre organizações inteligentes e transformação organizacional é evidente e obriga a que, cada vez mais, estas duas vertentes sejam consideradas de forma integrada.

O que fazer então para que a transformação organizacional inteligente seja uma realidade bem-sucedida? Há que pôr em prática pilares fundamentais como cultura, confiança, formação e dados.

Concretizando: é crucial começar por criar uma cultura organizacional que abrace a inteligência e que promova a curiosidade, a experimentação e a inovação. Assim, como é igualmente fundamental estimular a colaboração, a diversidade e a inclusão, aspetos imprescindíveis para impulsionar a aceitação e adoção da inteligência artificial. No fundo, tudo isto contribui quer para capacitar, quer para responsabilizar os colaboradores, ao mesmo tempo que promove uma cultura de aprendizagem contínua.

Mas há mais. Na vertente da confiança (outro dos pilares que referi no início deste artigo), é essencial demonstrar segurança na utilização da IA, o que pode, e deve, ser feito, seguindo as regulamentações do setor e os padrões éticos e de governança em vigor.

Desta forma, a garantia de transparência é assegurada, tal como a explicabilidade e justiça nos sistemas de IA, respeitando a privacidade e a segurança dos dados. Neste item, a União Europeia já salvaguardou estes parâmetros ao adotar o AI Act, o quadro legal europeu para regular a utilização de inteligência artificial nos Estados-membros. No mesmo sentido vai a legislação aplicada nos Estados Unidos pela presidência Biden, o AI. Gov, que define padrões para a segurança da IA, proteção da privacidade dos norte-americanos, promoção da equidade e dos direitos civis, entre muitas outras vertentes.

A gestão de dados de forma confiável e eficiente é outro pilar de igual importância. É essencial transformá-los em insights valiosos para impulsionar a IA, bem como utilizá-los para melhorar os modelos e as aplicações de IA.

Mas uma vez que o que está aqui em causa é a adoção de IA nas empresas com um enfoque human-centric, não é de mais lembrar o peso que a formação tem em qualquer processo de integração. Ou seja, é imprescindível capacitar os colaboradores para que possam fazer parte da revolução da IA, é preciso formá-los, dar-lhes os recursos adequados e criar condições para que desenvolvam as skills e competências necessárias para fomentar a criatividade e o pensamento crítico na utilização da IA.

No fundo, volto a frisar que, para que a integração da IA numa transformação organizacional seja bem-sucedida, as pessoas, os colaboradores devem ser a prioridade, na medida em que dependerá deles uma abordagem responsável à tecnologia. São peças fundamentais no sucesso de uma empreitada desta natureza e que as empresas não podem relegar para segundo plano. Inteligência artificial sim, mas centrada no ser humano sempre!

  • Gabriele Rachello
  • CTO InnoWave

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