Start-ups fintechs : Um Ecossistema em Expansão e Transformação?
Apesar da crescente regulação, as IMEs têm demonstrado capacidade de adaptação, integrando tecnologias como inteligência artificial para melhorar a gestão de risco e a deteção de fraude.
O ecossistema fintech português tem registado uma evolução notável, impulsionado pela inovação tecnológica, pela regulação europeia e pelo crescente interesse de investidores nacionais e internacionais. Neste cenário, as Instituições de Moeda Eletrónica (IMEs) destacam-se como protagonistas da digitalização dos serviços financeiros, oferecendo soluções que desafiam os modelos bancários tradicionais.
Portugal tem-se afirmado como um hub emergente de fintechs na Europa, com iniciativas como o Portugal FinLab e o Sandbox Market4Growth da CMVM, que demonstram o compromisso das autoridades em promover um ambiente regulatório mais inclusivo e adaptável. Estas medidas têm permitido às IMEs e outras fintechs navegar com maior segurança jurídica num setor altamente regulado.
A entrada em vigor dos regulamentos europeus MiCA (Markets in Crypto-Assets) e DORA (Digital Operational Resilience Act) em 2024 e 2025, respetivamente, trouxe novos desafios e oportunidades. O MiCA estabelece um quadro legal para criptoativos e prestadores de serviços relacionados, enquanto o DORA exige que todas as instituições financeiras reforcem a sua resiliência operacional digital. Para estas entidades, as novas normas representam não apenas uma exigência regulatória, mas também uma oportunidade de diferenciação através da conformidade e da inovação tecnológica.
Apesar da crescente regulação, as IMEs têm demonstrado capacidade de adaptação, integrando tecnologias como inteligência artificial para melhorar a gestão de risco, a deteção de fraude e a personalização de serviços. Esta agilidade tecnológica, aliada à sua estrutura operacional mais leve, torna-as particularmente atrativas para start-ups e scale-ups que procuram escalar rapidamente em mercados competitivos.
O financiamento tem sido um motor essencial para o crescimento das fintechs. Até 2021, as 30 principais fintechs portuguesas arrecadaram mais de 437 milhões de euros, com 31% do investimento proveniente de investidores internacionais, sobretudo dos EUA. Em 2024, esse valor ultrapassou 1 mil milhão de euros, refletindo o aumento da confiança no setor. A capacidade de execução, o talento e a relevância das soluções propostas são os principais fatores valorizados pelos investidores.
A integração de inteligência artificial nas fintechs é uma tendência crescente, com aplicações em scoring de crédito, deteção de fraude, gestão de risco e personalização de serviços. A entrada em vigor do AI Act em 2025 exigirá das IMEs e demais fintechs maior rigor na utilização de IA, promovendo práticas éticas e transparentes.
Por fim, o novo regime de gestão de ativos e o crescimento dos fundos de investimento alternativos têm impulsionado a criação de fundos especializados em criptoativos e Web3. Esta evolução está a transformar o panorama do capital de risco em Portugal, tornando-o mais ágil e orientado para a tecnologia.
Em suma, as start-ups fintech portuguesas estão a consolidar-se como protagonistas de uma nova era financeira em Portugal, marcada pela inovação, pela colaboração e pela adaptação regulatória. Com um ecossistema cada vez mais robusto e internacionalizado, Portugal posiciona-se como um terreno fértil para o crescimento sustentável das fintechs.
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