Juros a 10 anos já estiveram resvés 4%
Juros a 10 anos já estiveram muito próximos da barreira dos 4%. Já estão a corrigir, no entanto, mas o stress do mercado evidencia desconforto com a limitação da atuação do BCE em relação a Portugal.
Os mercados de dívida estão em sobressalto com a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter os limites de compras de obrigações nos 33% por linha de emissão e já estão a passar a fatura aos Governos. Os juros da dívida na Zona Euro subiam na sessão desta segunda-feira, refletindo o stress dos investidores com uma eventual limitação da intervenção do banco central depois de anunciar o prolongamento do programa de aquisição de dívida pública. Entre os mais visados por este pessimismo do mercado está Portugal, com a perceção dos analistas a colocar o país entre os mais prejudicados com as últimas decisões de Mario Draghi.
Os juros associados às obrigações nacionais a 10 anos aproximaram-se de forma muito, muito próxima da fasquia psicológica dos 4% na sessão desta segunda-feira (tocaram nos 3,957%), estando a negociar há momentos nos 3,839%. Mas as yields nacionais subiam na generalidade dos prazos. Isto quer dizer que os investidores estão a exigir um retorno maior para deter dívida portuguesa. Mantendo-se a tendência de agravamento, da próxima vez que o Governo português for aos mercados vai pagar mais para vender a sua dívida.
A barreira dos 4% dos juros tinha sido identificada inicialmente como zona desconfortável para a DBRS, a agência norte-americana que mantém Portugal qualificado para o programa do BCE. Entretanto, em declarações ao ECO, Fergus McCormick, economista-chefe da DBRS para Portugal, adiantou que, mais do que a subida dos juros, o que preocupa a agência é o crescimento económico.
Juros em máximos de dez meses
Na última quinta-feira, o BCE decidiu prolongar o plano de compra de ativos públicos por mais nove meses, até final de 2017, prevendo uma redução do ritmo de compras dos atuais 80 mil milhões de euros por mês para 60 mil milhões mensais a partir de abril. Mas o que realmente dececionou o mercado foi a não-decisão do Conselho de Governadores de aumentar o limite de compra de obrigações por emissão, atualmente nos 33%, restringindo o raio de ação de um plano do banco central que tem permitido conter os juros na região.
“O BCE está a empurrar o PSPP [public sector purchase programme] para os seus limites, exacerbando anomalias. Emitentes pequenos como Portugal vão ser duramente atingidos”, referiu o Société Générale numa nota de análise. “Portugal é o maior perdedor da última quinta-feira. As novas regras não fazem qualquer diferença, isto é, há apenas seis mil milhões de obrigações que sobram para comprar (de acordo com as nossas estimativas)”, acrescentou.
Entretanto, os juros da dívida portuguesa inverteram para terreno negativo. O BCE tem estado particularmente ativo nos mercados secundários nesta altura, antecipando-se à quadra festiva que costuma ser marcada por ausência de liquidez nos mercados.
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