Volatilidade na dívida? Financiamento está “sob controlo”
Mário Centeno não está preocupado com a tensão na dívida pública, levando os juros a dez anos a superar novamente a fasquia dos 4%. Diz, à Bloomberg, que vai passar. E não há stress no financiamento.
Portugal volta a estar sob os holofotes dos mercados. Mais uma vez, não pelos melhores motivos: os juros da dívida pública a dez anos voltaram a superar a fasquia dos 4%. Mas Mário Centeno mantém a calma. O ministro das Finanças diz que esta tensão é passageira. E não teme pelo acesso do país aos mercados, salientando, à Bloomberg, que o financiamento está controlado.
A dívida pública está a recuar, sendo que o financiamento para este ano “está sob controlo”, afirmou o responsável pela pasta das Finanças do Governo de António Costa à agência noticiosa, à saída da reunião do Eurogrupo, numa altura em que as taxas exigidas pelos investidores para deterem títulos de dívida portuguesa voltou a disparar. No prazo a dez anos superou os 4% para níveis registados no arranque deste ano.
"Temos um ano que está praticamente sob controlo em termos de financiamento.”
“Temos uma almofada financeira que é grande o suficiente para enfrentar este ano confortavelmente”, salientou Centeno, notando, no entanto, que não acredita que Portugal tenha de se apoiar nessa almofada para obter financiamento em detrimento do mercado. “Temos um ano que está praticamente sob controlo em termos de financiamento”, rematou.
Portugal já foi duas vezes ao mercado, este ano. Na primeira operação recorreu a um sindicato bancário para fazer uma emissão de três mil milhões de euros no prazo a dez anos, operação na qual acabou por pagar a taxa mais elevada desde a troika. O juro exigido pelos investidores ficou nos 4,23%. No primeiro leilão de dívida de curto prazo acabou, no entanto, por obter juros negativos tanto a seis como a 12 meses.
Portugal apresenta necessidades líquidas de 12,4 mil milhões de euros este ano, de acordo com os dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). A almofada financeira do país estava, no final do ano passado, em 10,2 mil milhões de euros, o que permite a Mário Centeno afirmar que está confortável em termos de financiamento.
PIB a crescer, défice a cair. Alertas de Bruxelas
Centeno salienta, à Bloomberg, que Portugal “foi a economia da zona euro que mais cresceu no terceiro trimestre” do ano passado, estando previsto que o PIB apresente um crescimento de 1,5% este ano ao mesmo tempo que o rácio entre a dívida e o PIB encolhe para 128,3%. Isto ao mesmo tempo que o défice continua a encolher: recuou 497 milhões de euros no ano passado, devendo descer para 2,3% do PIB, ou menos.
Estes números levam o ministro das Finanças a afirmar que esta volatilidade que se tem sentido nos juros da dívida — que Centeno atribui à “incerteza política internacional” — possa “desaparecer”. Ainda assim, Portugal continua a receber alertas de Bruxelas. Foi o que fez Jeroen Dijsselbloem à saída do Eurogrupo, notando que “não há espaço para complacências”.
“A volatilidade nos mercados sublinha a necessidade de Portugal acelerar as reformas e de fortalecer os bancos”, disse o presidente do Eurogrupo, salientando, no entanto, que é isso que “está a ser feito neste momento”. “Penso que estão a tomar as medidas adequadas”, acrescentou, citado pela Lusa.
Klaus Regling, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), também salientou que os mercados estão “nervosos com o nível de dívida, o setor financeiro e a competitividade” do país, mas “estou confiante de que se derem resposta a estas questões, os mercados irão reagir positivamente”.
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