Trump usará “todos os meios” para reativar decreto anti-imigração

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

“Vamos ganhar essa batalha” judicial, afirmou o vice-presidente, Mike Pence.

A administração de Donald Trump usará “todos os meios legais” para reativar a proibição de entrada nos Estados Unidos a cidadãos de sete países muçulmanos, suspensa por um juiz federal, disse hoje o vice-Presidente, Mike Pence.

“Vamos ganhar essa batalha” judicial, disse Pence, numa entrevista à televisão Fox News.

Segundo Pence, a administração vai continuar a “usar todos os meios legais para reverter a ordem” de suspensão do decreto decidida na sexta-feira por um juiz federal e “dar todos os passos necessários para proteger o país”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, lançou este sábado o processo para recorrer da decisão do juiz James Robart, que na sexta-feira determinou a suspensão do decreto assinado que vigorava há uma semana e impedia a entrada no país de cidadãos do Iémen, Irão, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão.

A administração Trump pediu ao Tribunal de Recurso do 9.º Distrito, com sede em São Francisco, que restaure o decreto com efeitos imediatos.

O Tribunal recusou decidir sem conhecer a posição das partes e pediu à administração Trump e aos estados de Washington e do Minesota, que contestaram legalmente a ordem presidencial, que apresentam o mais rapidamente possível os respetivos argumentos.

“O juiz [Robart] tomou uma decisão incorreta”, afirmou Pence, que considerou “frustrante” um juiz interferir com “a autoridade” do Presidente “tomando decisões relativas à segurança nacional”.

Numa outra entrevista, à televisão ABC, Pence reconheceu contudo que o juiz tinha “certamente” autoridade para decidir, dada a separação de poderes.

Trump pareceu questionar essa autoridade quando, no sábado, reagiu à decisão referindo-se ao magistrado como “suposto juiz” e acusando-o de “tirar ao país a capacidade de aplicar a lei”, numa mensagem publicada na sua conta no Twitter.

“Penso que os norte-americanos estão muito habituados a que o Presidente diga o que pensa muito diretamente”, respondeu Pence a uma pergunta sobre a mensagem de Trump.

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Presidente do Irão quer reforçar laços com Portugal

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Hassan Rouhani entende que Irão e Portugal têm potencial para estimular a cooperação a nível político e económico, mas também nas vertentes cultural, científica, tecnológica e académica.

O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, destacou hoje a importância de melhorar a cooperação do país com os Estados-membros da União Europeia, durante uma reunião com o novo embaixador português em Teerão, manifestando interesse em reforçar os laços com Portugal.

“Não há nenhum obstáculo para reforçar e desenvolver mais as relações entre Teerão e Lisboa”, afirmou hoje Rouhani, durante um encontro com João Côrte Real, o novo embaixador português na capital do Irão, citado pela Press TV, estação televisiva iraniana que transmite notícias em inglês e que está ligada ao canal estatal IRIB.

Segundo Rouhani, Irão e Portugal têm um grande potencial para estimular a cooperação, não só a nível político e económico, mas também nas vertentes cultural, científica, tecnológica e académica.

Por seu turno, o embaixador português, que foi apresentar as suas credenciais a Rouhani, expressou a firme determinação de Portugal aprofundar as relações com o Irão em todos os níveis.

O chefe do Governo iraniano desafiou Portugal a melhorar a sua cooperação com a República Islâmica nos setores da banca e dos seguros, aproveitando as oportunidades criadas com o acordo nuclear assinado com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia) e com a Alemanha, em julho de 2015.

O Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês) começou a ser implementado a partir do dia 16 de janeiro de 2016 e, desde então, todas as sanções ao Irão relacionadas com o tema nuclear foram levantadas, sob o compromisso do executivo iraniano de aplicar determinados limites ao seu programa nuclear e permitir o acesso de peritos internacionais às suas instalações nucleares.

Neste âmbito, Côrte Real destacou as enormes oportunidades que se criaram com a aprovação do JCPOA, apelando a Teerão e a Lisboa para que aproveitem o novo ambiente.

Paralelamente, Rouhani alertou para os perigos que o terrorismo acarreta para todos os países do mundo.

“As campanhas contra o terrorismo e o extremismo, bem como as ameaças [que estes representam] para o mundo, exigem uma cooperação coletiva entre os países e o Irão está preparado para expandir a sua cooperação com a União Europeia nesta matéria”, realçou o líder do Governo iraniano.

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Le Pen apresenta-se como “a candidata do povo” face aos partidos “do dinheiro”

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Se for eleita, Le Pen promete “revitalizar o sentimento nacional”, tirar França do euro e da União Europeia, sair da NATO, conter a imigração, especialmente de muçulmanos, e “erradicar o terrorismo”.

A candidata da extrema-direita às presidenciais francesas, Marine Le Pen, apresentou-se hoje como a “candidata do povo”, que vai “pôr a França primeiro”, num discurso em Lyon (centro-leste) de lançamento da sua campanha.

França está ameaçada por “dois totalitarismos”, disse, evocando a globalização económica e o fundamentalismo islâmico, e ela quer “uma França que não deva nada a ninguém”.

Se for eleita, prometeu, vai “revitalizar o sentimento nacional”, tirar França do euro e da União Europeia, sair da NATO, conter a imigração, especialmente de muçulmanos, “erradicar o terrorismo”, ter “tolerância zero” com a delinquência e acabar com as segundas oportunidades para os “potenciais terroristas” estrangeiros, que serão expulsos.

A líder da Frente Nacional está em boa posição na corrida presidencial quando faltam menos de três meses para a primeira volta, sobretudo desde que o seu principal adversário, o candidato da direita, François Fillon, enfrenta acusações de ter criado empregos fictícios para a mulher e dois filhos, caindo nas sondagens em benefício de Le Pen e do candidato socialista Emmanuel Macron.

Le Pen foi alvo de acusações semelhantes, relativamente ao desvio de fundos destinados ao pagamento de assessores enquanto eurodeputada que terá usado para pagar a membros do seu partido, que nega.

“Vocês compreenderam, a atualidade recente trouxe uma demonstração cabal. Contra a direita do dinheiro, a esquerda do dinheiro, eu sou a candidata da França do povo”, disse às cerca de 3.000 pessoas que assistiram ao comício, um dia depois de ter apresentado o seu manifesto, de 144 páginas.

“Depois de décadas de erros e de cobardia, falsas alternâncias, de negação, de deixar andar, estamos numa encruzilhada”, prosseguiu.

“Eu defendo os limites estruturais da nossa sociedade” face a outros “dirigentes que escolheram a globalização desregulada” e a “imigração em massa”, disse.

O seu “número dois” no partido, Florian Philippot, aludiu numa intervenção anterior ao voto britânico pelo ‘Brexit’ e à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos como “um acordar dos povos”: “As pessoas veem o ‘Brexit’, veem Trump, e dizem a si próprias: vale a pena votar”, disse.

Marine Le Pen, 48 anos, está à frente nas sondagens para a primeira volta, a 23 de abril, mas surge derrotada na segunda, a 7 de maio.

Le Pen lidera a Frente Nacional desde 2011 e nas eleições presidenciais de 2012 ficou em terceiro lugar, com 17,9% dos votos.

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Trump sobre Putin: “Há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

Entrevista à Fox News vai ser transmitida hoje, dia de Super Bowl.

O Presidente dos Estados Unidos diz que respeita Vladimir Putin mas frisa que não sabe se os dois se vão dar bem. Numa entrevista que será transmitida hoje na Fox News, e confrontado com a afirmação “Putin é um assassino”, Trump respondeu: “há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

A entrevista, conduzida por Bill O’Reilly, será transmitida hoje antes da final da liga de futebol americana (Super Bowl). Questionado sobre se respeita Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos respondeu afirmativamente. “Mas isso não quer dizer que me vá dar bem com ele”, acrescentou.

Para Donald Trump, é melhor ter boas relações com a Rússia do que o contrário, e se o país ajudar na luta e contra “o terrorismo islâmico”, issoé uma coisa boa”. “Se me vou dar bem com ele? Não faço ideia”, reiterou depois.

Foi então que O’Reilly retorquiu: “Putin é um assassino”. E a resposta de Trump não se faz esperar: “há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

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Super Bowl: quando uma final não vale tudo

  • Juliana Nogueira Santos
  • 5 Fevereiro 2017

A final da liga de futebol americana é este domingo, mas com anúncios a custarem cinco milhões e apostas nos tweets de Donald Trump, o resultado final será o número que menos importa.

Super Bowl é sinónimo de espetáculo do desporto, do apogeu do futebol americano profissional. É a final de muitas vidas, em que duas equipas lutam pelo título maior da National Football League. Além disso, Super Bowl é também sinónimo de milhões de dólares.

A edição de 2017 terá lugar este domingo, no estádio NRG em Houston, estado do Texas e vai pôr frente a frente os New England Patriots e os Atlanta Falcons. Ainda assim, e como acontece todos os anos, as atenções não vão estar totalmente centradas nos homens dos capacetes, mas em todo o espetáculo que está à volta do jogo, como os anúncios de publicidade e o espetáculo do intervalo, com 17,7% dos adultos a dizerem que os anúncios são a parte mais importante deste todo.

O dinheiro não para de fluir: das empresas para os media, dos media para a NFL e vice-versa, dos fãs para a NFL e para as casas de apostas. Mas qual é o segredo?

O espaço publicitário mais cobiçado de sempre

Os spots da Super Bowl já se estabeleceram como um clássico no mundo da publicidade. As empresas que conseguem um espaço investem tempo e recursos para que este fique para a história. Que mais se deveria fazer quando se tem a oportunidade de ter mais de 100 milhões de pessoas a terem acesso ao produto?

Mas como é que isto se traduz em números? A cadeia de televisão que vai transmitir o jogo, a FOX, começou a vender os espaços quando ainda nem se sabia quem se iria defrontar nessa noite. Com uma estratégica matadora, conseguiu vender 90% das slots antes de dezembro a um preço médio de cinco milhões de dólares por 30 segundos.

Custo médio de um spot de 30 segundos

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Valores em milhares de dólares. Fonte: statista.com

Este valor tem crescido de ano para ano, com as emissoras a aperceberem-se da pedra preciosa que têm em sua posse. Na edição de 2002, disputada entre os New England Patriots e os St. Louis Rams, 30 segundos custavam apenas 2,3 milhões de dólares.

Mas o investimento das empresas não se fica pela compra. Os conceitos são pensados ao pormenor, muitos meses antes de estrear. São envolvidas as melhores agências, os melhores produtores e os melhores intérpretes. Este ano os exemplos são bastante claros: a gigante automóvel alemã Mercedes Benz contratou os irmãos Cohen para realizarem o “Easy Driver”.

A coreana Kia apostou na personalidade divertida de Melissa McCarthy.

A tecnológica Squarespace chamou John Malkovich para este continuar a questionar a sua identidade.

Esta edição vai trazer também algumas novidades: o spot da Snickers será emitido em direto de um estúdio, onde o ator Adam Driver vai, provavelmente, protagonizar um filme de cowboys. A Hyundai vai mais além e só vai gravar o spot durante o jogo e transmitir quando este acabar.

Gastos totais das empresas com publicidade

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Valores em milhões de dólares. Fonte: statista.com

Os gastos das empresas mais que duplicaram em 15 anos, posicionando-se nos 130,1 milhões em 2003 e escalando até à previsão de 385 milhões para este ano. Estima-se que cada empresa gaste cerca de 1,25 milhões só em marketing.

Tendo em conta que 30 segundos no intervalo da emissão dos Óscares custam cerca de 2 milhões de dólares, o que leva estas empresas a gastarem tanto dinheiro? Com o aparecimento das redes sociais, já não se pode pensar só no impacto da ideia no momento em que é emitida, mas sim no seu valor viral. A publicidade só terá sucesso quando for massivamente partilhada. É também por isso que cada vez mais marcas se antecipam e lançam teasers.

Os únicos valores que não são conhecidos são os do espetáculo de intervalo, que este ano vai contar com a presença de Lady Gaga. Estes 12 minutos são considerados, no mundo do espetáculo, uma honra para qualquer artista. Ainda assim, podemos afirmar que a NFL não terá prejuízo com este, visto que conta com o patrocínio da Pepsi Zero.

A FOX também tem direito a uma fatia do bolo

Os números também não são nada mal para a FOX, a televisão escolhida este ano para emitir o jogo final — são quatro as emissoras que compraram os direitos dos jogos, mas a final vai alternando de morada a cada ano. No ano passado, a emissão da CBS contou com 114 milhões de espetadores.

Além do dinheiro que vai receber das marcas por ter vendido os espaços publicitários — negócio que poderá render 24,75 milhões de dólares –, a emissora americana terá também oportunidade de promover os seus próprios programas.

Não sobra nada para quem vê?

Como é habitual num evento destas dimensões, os bilhetes não estão ao alcance de todos. No revendedor oficial da NFL, o preço mais baixo que se encontra é de 2.400 dólares, bilhete este que só dá acesso ao jogo.

Em relação ao máximo, quase podemos dizer que o céu é o limite: existem vários packs exclusivos que incluem lugares privilegiados, estacionamento VIP, festas antes e depois do jogo e até alguns momentos com os jogadores que podem atingir os 17.500 dólares. Ainda assim, milhares de pessoas de cerca de 16 países distintos já asseguraram o seu lugar, entre eles a Austrália, o Japão e a África do Sul.

Mas o desporto não é só despesas. No oddsmaker.ag, um dos sites de apostas desportivas americano, é possível ganhar dinheiro com os aspetos mais formais do jogo, como o resultado ou o número de touchdowns, mas também com os pormenores mais inimagináveis.

Na secção de “Prop Bets” pode-se apostar em coisas como “Irá Donald Trump (@realdonaldtrump) tweetar três ou mais vezes durante o jogo?” ou “Quantos segundos irá Luke Bryan demorar a cantar o hino nacional?” Existem no total 464 “prop bets”, com os americanos a poderem faturar até se Lady Gaga tiver um problema de guarda-roupa — tal como Janet Jackson teve na edição de 2004.

Assim, este domingo às 1h30, não se esqueça de prestar alguma atenção a este grande espetáculo, mesmo que não goste de futebol americano. Poderá aprender uma coisa ou outra de marketing e publicidade.

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Justiça dos EUA rejeita recurso de Trump para repor decreto que impede entrada de imigrantes

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos

Um tribunal de recurso norte-americano rejeitou hoje o pedido da administração do Presidente Donald Trump para restabelecer imediatamente a aplicação do decreto que impede a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos.

O Departamento de Justiça tinha recorrido no sábado à noite da decisão do juiz federal que bloqueou a aplicação do decreto, assinado há oito dias por Donald Trump, para impedir cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados de entrarem nos Estados Unidos.

O Governo do Presidente dos Estados Unidos iniciara no sábado o processo de recurso da decisão de um juiz federal.

Num documento apresentado no Tribunal de Recurso do Nono Circuito, com sede em São Francisco (Califórnia), Trump e o seu gabinete recorreram formalmente da decisão judicial que bloqueou temporariamente a polémica ordem executiva e já abriu as portas do país a imigrantes e refugiados.

A notificação do recurso foi apresentada em nome de Trump, do secretário de Segurança Nacional, John Kelly, do secretário de Estado, Rex Tillerson, e dos Estados Unidos.

As partes recorrem “da decisão de 03 de fevereiro” que “restringe a aplicação de parte da ordem executiva de 27 de janeiro para proteger o país da entrada de terroristas estrangeiros”, segundo a notificação apresentada no tribunal.

O documento dá início a um processo de recurso que, segundo especialistas legais, vai seguir-se de um pedido de suspensão da decisão judicial que bloqueou o veto migratório, e de um relatório que expõe os motivos por que, do ponto de vista do Governo, o tribunal de recurso deve aceder ao pedido.

Atualmente, mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos e a alterar os seus protocolos de atuação em relação aos imigrantes anteriormente vetados.

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CGTP quer saber se há “acordos secretos” para travar mudanças na lei laboral

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 5 Fevereiro 2017

Arménio Carlos pede esclarecimentos ao Governo e diz que se houve um "acordo de cavalheiros" para não mexer na legislação laboral, a "conversa passa a ser outra".

A CGTP quer saber se o Governo firmou algum “acordo de cavalheiros” com as confederações patronais para travar alterações à legislação laboral este ano.

“Se houve algum acordo com as confederações patronais para não se mexer na legislação laboral, eu acho que isso é inaceitável e bom será que o Governo rapidamente clarifique a sua posição publicamente”, afirmou Arménio Carlos em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

O secretário-geral da Intersindical exige saber se há “acordos secretos” e pede ao Governo e aos parceiros patronais que respondam. Caso exista “um acordo de cavalheiros que não mexe na legislação laboral”, a “conversa passa a ser outra“, avisa o secretário-geral da Inter.

Arménio Carlos reagia assim às declarações de João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) que, também em entrevista, já disse ter a expectativa de que o ano de 2017 não traga “grandes novidades” nesta área, embora frisando que o Governo não deixou qualquer “garantia formal”. Porém, no sábado o Expresso noticiou [acesso pago] que o Governo garantiu aos patrões que não haverá mudanças na legislação laboral este ano, para salvar o acordo de concertação social após o chumbo do corte da TSU para empresas com salários mínimos. Na altura, os patrões fizeram saber que não queriam alterações ao Código do Trabalho. Mas esta já era uma matéria assumida antes, quando estava em discussão o aumento do salário mínimo.

Arménio Carlos também entende que o Governo deve “procurar encontrar soluções na Assembleia da República” no que toca à contratação coletiva. “Na concertação social já percebemos que as confederações patronais vão procurar evitar ao máximo que haja qualquer alteração”, indicou o líder da CGTP. “O que vamos ter é a necessidade de o Governo perceber que esta situação não se pode manter e procurar encontrar soluções na Assembleia da República e reforçar um pouco mais a sua intervenção na concertação social para que não se deixe ficar refém, neste caso em concreto, das confederações patronais”, acrescentou.

O acordo tripartido, que não foi assinado pela CGTP, diz que o Governo deve apresentar, até final de março e na sequência da apresentação do Livro Verde das Relações Laborais, “uma avaliação integrada e partilhada do quadro laboral, com vista à celebração de um acordo subsequente em sede de concertação social”. Entretanto, algumas mexidas no Código do Trabalho ficaram pelo caminho, nomadamente o aumento de dias de férias proposto pelos partidos mais à esquerda.

Durante a entrevista, Arménio Carlos também criticou a intervenção do Presidente da República no acordo tripartido. “Creio que o senhor Presidente da República intrometeu-se nesta área de uma forma muita exposta e que poderia ter outro tipo de intervenção mais cautelosa, mais contida”, disse o líder da CGTP. Porque “a partir do momento em que anunciou que estava empenhado num acordo de médio prazo que fosse para além da legislatura, desde logo estava a comprometer até o processo que se estava a iniciar, porque aquilo que estava previsto inicialmente é que íamos discutir o salário mínimo nacional, porque estávamos no mês de dezembro”, indicou ainda.

De acordo com Arménio Carlos, a CGTP propôs que a discussão do salário mínimo avançasse primeiro e depois, já no início de 2017, fosse iniciada a negociação de outras matérias. E o Governo parecia disposto a aceitar essa proposta, adianta. Mas “depois da intervenção do senhor Presidente da República, digamos que se misturou tudo, meteu-se tudo dentro do mesmo saco”, notou Arménio Carlos, concluindo: “há determinado tipo de intervenções que podiam ser evitadas”.

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Energias renováveis: Governo anuncia arranque de projetos num investimento de 800 milhões de euros

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

De acordo com o Ministério da Economia, vão arrancar novos projetos com uma capacidade instalada de 750 megawatts.

O Governo avançou hoje que vão arrancar novos projetos em energias renováveis com uma capacidade instalada de cerca de 750 megawatts e um investimento potencial superior a 800 milhões de euros.

Segundo o Ministério da Economia, “a par dos 380 megawatts de licenças para centrais solares, sem tarifas subsidiadas pelos consumidores e com cauções já entregues pelos promotores, o Governo aprovou 41 megawatts relativos a três centrais de biomassa”.

A este conjunto de investimento junta-se “o projeto de energias das ondas Windfloat que representa um investimento de cerca de 125 milhões de euros, a realizar nos próximos anos e cuja ligação a terra será feita sem onerar os consumidores (ao contrário do programado), adianta o gabinete do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.

O executivo adianta que a EDP Renováveis anunciou, no quadro de um acordo com o fabricante de aerogeradores Senvion, a instalação de mais 216 megawatts em parques eólicos.

Indica ainda que, “no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Governo para fazer a reforma da floresta, serão brevemente lançados cerca de 60 megawatts de licenças, destinadas a centrais de biomassa”.

Portugal teve, em 2015, uma quota de 27% de energias renováveis no mix energético nacional, a sétima maior da União Europeia que, no seu conjunto, chegou aos 16,4%, divulgou, já este mês, a Comissão Europeia.

A União da Energia confirma assim um aumento constante na quota de energia proveniente de fontes renováveis desde 2013 (25,7% do consumo final bruto de energia), ano em que estava já ultrapassada a meta de pelo menos 20% até 2020.

“Com exceção de autorizações resultantes de pedidos anteriores, a nova orientação política do Governo passa pela autorização de centrais sem tarifas ‘feed-in’ (ou seja sem subsídios pagos pelos consumidores)”, de acordo com o Ministério da Economia.

O gabinete de Jorge Seguro Sanches recorda que “a subsidiação da atual potência instalada custa aos consumidores portugueses um sobrecusto de cerca de 600 milhões de euros por ano, responsável, em boa parte, pela divida tarifária que, no início de funções deste Governo era de cerca de 5 mil milhões de euros”.

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António Costa defende rutura na “reforma da União Económica e Monetária”

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

“A comunhão na opção europeia não elimina, por exemplo, uma rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária”, escreve Costa no prefácio do livro do sociólogo André Freire

O primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, defende, no prefácio a um livro sobre o governo da “Geringonça”, uma “rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária”.

“A comunhão na opção europeia não elimina, por exemplo, uma rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária (UEM)”, escreve António Costa no prefácio do livro do sociólogo André Freire “Para lá da ‘Geringonça’ – O Governo de esquerdas em Portugal e na Europa” (Ed. Contraponto).

O líder socialista relativiza esta “rutura quanto à urgência de reforma” da UEM, afirmando que ela “é natural numa UE que, à medida que reforçou a integração política, foi-se tornando o novo espaço de confronto das diferentes famílias políticas”.

António Costa lembra que desde os anos 80 “a democracia cristã – duradoura parceira da social-democracia na reconstrução do pós-guerra – foi cedendo o seu lugar a um liberalismo radical”.

No prefácio, o chefe do Governo António Costa defende também que “era um dever” o PS tentar formar um Governo com o apoio da esquerda no parlamento, que deu “mais democracia” e “mais e melhores opções”.

O acordo dos socialistas com o PCP, BE e PEV, argumentou, conseguiu “romper esta assimetria” ou tendência de apenas se fazerem entendimentos à direita, que conseguiu uma “tripla vantagem: na disputa eleitoral, na capacidade de formar governos maioritários e na capacidade de condicionar as políticas e medidas de governos minoritários do PS”.

Costa lembra que é favorável “soluções governativas com BE, PCP e PEV” e sublinha que “a legitimidade da representação só os cidadãos a definem no voto”.

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Novo Banco: Governo prefere venda se tiver “impactos menores do que teria a nacionalização”

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

O Executivo "Quer o mínimo impacto possível na dívida pública", diz a ministra da Presidência.

 

O Governo quer uma solução para o Novo Banco que não traga “encargos” ou “impactos” para o Estado. Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, a ministra da Presidência diz que o Governo prefere a venda, se esta tiver “impactos menores” que a nacionalização.

“O governo é isso que não quer — não quer encargos nem quer impactos. Quer o mínimo impacto possível na dívida pública”, afirma.

A nacionalização é defendida pelos parceiros do PS e, de acordo com a ministra, “mesmo bastante à direita do PS” também há quem apoie esta opção. A solução teria impacto, “mas a outra também pode ter”, alerta Maria Manuel Leitão Marques. “Com as propostas que tivemos até agora, a outra solução também poderia ter — piores até do que a nacionalização. Portanto, é esta questão que estamos a ponderar”, afirma.

E se houver alterações na proposta? “Se houver uma mudança da proposta, exatamente, que garanta que a venda não tem impactos negativos ou tem impactos menores do que teria a nacionalização, a nossa opção será, naturalmente, pela venda. Mas isso…”, responde a governante.

Questionada sobre se esta opção se mantém para uma venda de baixo valor que não afete as contas públicas, Maria Manuel atira: “Neste momento, o grande valor, já não vamos esperar por ele, não é?”. E diz que o problema devia ter sido gerido em 2012, quando existiam outras condições.

Bagão Félix já defendeu a negociação com Bruxelas do alargamento do prazo para resolver a questão. Para a ministra, a ideia é “admissível” mas a “União Europeia pode é não estar de acordo”, salientando que o Governo cumpre os seus compromissos.

Já sobre as parceria público-privadas na Saúde, que geram críticas aos parceiros da esquerda, Maria Manuel não sabe se a questão se resolve através do recurso ao apoio do PSD. “Eu, do PSD, já não sei nada. Porque acho que o PSD pode abrir aqui — não sei se vai abrir ou não, se foi um caso esporádico, se foi um caso que se vai repetir –, pode abrir aqui um processo da sua própria negação, a denegação do seu programa, a denegação das suas convicções”, afirma, apontando para a posição assumida pelos social-democratas quanto à descida da TSU para empresas com salários mínimos.

E as PPP da saúde não têm de ir ao Parlamento, salienta ainda a ministra. “Para já, não quer dizer que as parcerias tenham de ser aprovadas no Parlamento, porque se não forem aprovadas por decreto-lei serão uma decisão política do governo. E o governo assumirá a melhor solução que garanta a qualidade do serviço e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, diz.

Já a municipalização da Carris — outro decreto-lei que foi chamado ao Parlamento por iniciativa de um dos partidos que apoiam o Governo — é “uma questãozinha” para Maria Manuel Leitão Marques. A ministra frisa que “o PCP já veio dizer que, afinal, já não é revogação, que é só uma pequena alteração”.

Durante a entrevista, a governante também disse estranhar que os partidos com representação parlamentar à direita se tenham agora tornado “militantes do investimento público”.”Qualquer dia, na verdade, temos três partidos à nossa esquerda ou, aliás, talvez até quatro“, diz.

Maria Manuel Leitão Marques nota que há investimento público previsto para este ano — na recuperação de escolas e na ferrovia, por exemplo — mas admite que houve aqui um corte também para conseguir atingir o défice proposto. “Com certeza, é preciso sempre ter isso em consideração, porque isso também foi um compromisso do governo”, afirma.

Já quanto à promessa do Governo de integrar no Estado os trabalhadores com vínculo precário, Maria Manuel Leitão Marques salienta que o conceito é vago e frisa que há constrangimentos orçamentais a ter em conta. “Um estagiário é um precário? Não, um estagiário é uma pessoa que faz um estágio, não é? E uma pessoa que é contratada para uma tarefa, que é contratada especificamente para o desempenho de uma tarefa, não é um precário, é uma pessoa que foi contratada para aquela tarefa”, nota.

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14 banqueiros portugueses receberam mais de um milhão de euros

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

Remuneração média dos executivos de topo rondou 1,5 milhões de euros. Portugal surge na 18ª posição entre 22 países.

Em 2015, o número de banqueiros portugueses a receber mais de um milhão de euros em remunerações aumentou para 14. Um ano antes, eram 10. E em 2013, sete. Os dados são do “Report on high earners 2015” e foram divulgados hoje pelo Diário de Notícias e Jornal de Notícias.

Ainda que haja mais banqueiros com salários milionários, a remuneração média caiu com a crise. Entre salário fixo e variável, os salários mais altos rondaram, em média, 1,5 milhões de euros em Portugal, menos 32% do que em 2014, ano em que a média atingiu 2,25 milhões de euros.

Os dados, divulgados pela Autoridade Bancária Europeia, também permitem perceber que, na Europa, há 5.142 banqueiros a receber acima de um milhão de euros por ano, mais 33% comparando com 2014. De acordo com o DN, este aumento é justificado pela valorização da libra face ao euro, que fez disparar o número de banqueiros com salários milionários no Reino Unido: em média, estes receberam 1,98 milhões de euros em 2015.

É na Bélgica que os banqueiros ganham mais (18 receberam, em média, 5,8 milhões de euros). E quais são os países que pagam menos aos gestores bancários? Os que lideram os rankings do Banco Mundial relativos ao equilíbrio na distribuição de rendimentos, nota o jornal. Na Noruega, Suécia e Dinamarca, por exemplo, os gestores de topo recebem menos do que em Portugal, que surge na 18ª posição entre 22 países.

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Precários no Estado: quantos são e onde estão os contratos temporários?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 5 Fevereiro 2017

Relatório diz que ainda "não é possível identificar em concreto qual a dimensão da precariedade" no Estado e já justifica alguns contratos de natureza temporária.

São cerca de 90 mil os trabalhadores que exercem funções na administração central e no setor empresarial do Estado através de contratos a prazo, prestação de serviços, estágios, bolsas ou Contratos Emprego-Inserção. O Governo já se comprometeu a avançar com um programa de regularização extraordinária de vínculos precários, mas também já avisou que nem todos os contratos temporários são injustificados.

O relatório que faz o levantamento de instrumentos de contratação temporária no Estado foi revelado na sexta-feira mas diz que ainda “não é possível identificar em concreto qual a dimensão da precariedade existente”, na medida em que “a sua identificação estará associada à indevida utilização dos instrumentos contratuais“. “Tal avaliação só poderá ser feita com precisão no contexto de cada serviço”, acrescenta. Ainda assim, o relatório já encontra justificação para várias situações.

Até ao final de março, deverá ser feita uma análise detalhada de cada caso. E os serviços também têm de avaliar as necessidades futuras de emprego.

De acordo com o Orçamento do Estado, o programa de regularização de vínculos deve ser apresentado ainda neste trimestre. Em regra, a integração de precários nos quadros da Administração Pública será feita por concurso. E sendo esta uma possibilidade aberta a todos, a colocação do trabalhador precário não está completamente garantida. Mas o OE já sublinha que será especialmente valorizada “a experiência de quem ocupou o respetivo posto de trabalho”.

O processo de regularização também pode ser estendido à administração local mas, neste caso, a decisão cabe à autarquia. Ainda assim, o relatório também analisa esta realidade: entre autarquias e setor empresarial local, contam-se cerca de 27 mil vínculos de natureza temporária.

Quantos são os vínculos temporários na Administração Pública?

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Nota: Dados de junho de 2016

Contratos Emprego-Inserção

Através dos Contratos Emprego-Inserção (CEI) ou Contratos Emprego-Inserção + (CEI+), os beneficiários de subsídio de desemprego ou Rendimento Social de Inserção são colocados a desempenhar, por um período máximo de 12 meses, atividades ligadas a necessidades sociais.

O relatório conclui que, pelas características destes vínculos, “a ocupação temporária que resulta deste instrumento não pode corresponder a necessidades permanentes dos serviços”. E nota que os CEI atingiram em 2016 o número mais baixo desde que a medida foi regulada, em 2009.

Em junho de 2016 existiam 1.834 CEI e CEI+ na Administração Central, com destaque para os 789 em institutos públicos (que excluem unidades hospitalares e de ensino e investigação). Praticamente todos estes contratos são financiados por fundos comunitários e receitas próprias.

Contam-se ainda 295 CEI e CEI+ em entidades públicas empresariais do SNS e quase 13 mil na administração local e no setor empresarial local.

Estágios remunerados

Tanto a administração central como a local contam com programas de estágios profissionais (o PEPAC e o PEPAL, respetivamente). O Ministério dos Negócios Estrangeiros também tem um programa de estágios nas embaixadas e consulados, existindo ainda outras iniciativas na área da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Na administração central existiam 793 estágios remunerados em junho, sobretudo na área da Justiça, Trabalho e Segurança Social e ainda Ciência e Ensino Superior. Já as autarquias e o setor empresarial local registavam 1.049 estágios remunerados.

Bolsas de investigação

O relatório considera as bolsas de pós-doutoramento, de investigação, de gestão de ciência e tecnologia e as bolsas de técnico de investigação.

Na administração central contam-se 3.662 bolsas, a grande maioria em unidades orgânicas de ensino e investigação. Cerca de 33% das bolsas são exclusivamente financiadas por receitas próprias, mas os fundos comunitários e o orçamento do Estado também assumem um papel importante.

Prestação de serviços

A prestação de serviços pressupõe uma quase total autonomia do trabalhador em causa e a obtenção de um resultado num determinado período de tempo. De acordo com a Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, a prestação de serviços assume as modalidades de tarefa (no caso de trabalhos específicos e excecionais) ou avença (quando estão em causa prestações sucessivas no âmbito de profissões liberais, com retribuição certa mensal).

Na administração central, existiam, em junho de 2016, mais de nove mil prestadores de serviços (a maioria na modalidade de tarefa). Só a área governativa do Trabalho e Segurança Social abrangia quase metade: 4.460. De acordo com o relatório, a maioria destes contratos — 3.888 — diz respeito a formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), “entre os quais cerca de 400 com horário completo, considerando-se para o efeito uma média de 30h semanais”. “Importa referir que se requer que as ações formativas sejam flexíveis e ajustáveis às variações conjunturais do mercado de emprego e às dinâmicas empresariais, pelo que se exige do perfil ou habilitações dos formadores a mesma adaptabilidade”, acrescenta.

Há também 200 profissionais que asseguram atividades de suporte e acompanhamento à formação. E existem ainda outras “atividades conexas que, pela sua natureza, são apenas passíveis de executar com recurso a contratos de prestação de serviço, como as atividades de membro de júri de certificação de competências ou de avaliação de provas de aptidão profissional, conceptor de provas, mediador de cursos de formação, cuja necessidade de contratação tem que ser ajustado ao número variável de formandos, de ações a desenvolver e de processos de reconhecimento, validação e certificação de competências”, alerta desde já o relatório.

Já os 307 avençados nesta área governativa dizem respeito a pessoal médico contratado no âmbito dos serviços de verificação de incapacidades (nomeadamente baixas).

Além da área do Trabalho e Segurança Social, há ainda um conjunto de entidades sem fins lucrativos que contabilizam 1.140 prestadores de serviços. Segue-se a área da Ciência e Ensino Superior (631). Aqui “existem diversos contratos de prestação de serviços que titulam situações de muito curta duração e de carácter pontual ou ocasional, que não configuram a satisfação de necessidades permanentes das instituições da área governativa Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, nem são suscetíveis de gerar relações jurídico-laborais, como é o caso, designadamente, da contratação de especialistas e profissionais que prestam a sua colaboração como oradores em seminários e palestras, ou preletores ocasionais de determinada temática, no quadro das atividades da instituição, designadamente de ministração dos respetivos graus académico”, diz o relatório.

Outros Ministérios também têm direito a explicações mais detalhadas. Nos Negócios Estrangeiros, o documento dá conta, por exemplo, da situação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com 22 prestadores de serviços, “cujas contratações foram motivados pelo aumento de solicitações decorrentes do Programa Portugal 2020, de solicitações dada a integração da AICEP, EPE, no perímetro do Estado em janeiro de 2015” ou da necessidade de apoio no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no âmbito dos “Vistos Gold”.

Na Defesa, são justificados, por exemplo, 244 contratos com a “insuficiência de recursos” do Hospital das Forças Armadas. Administração Interna, Economia e Saúde também avançam algumas explicações. Ainda no âmbito da administração central, na Saúde existiam 478 prestadores de serviços em junho. Apontando para a “exiguidade dos médicos existentes”, o relatório acrescenta que estão em causa, “maioritariamente, funções destinadas a assegurar o funcionamento de serviços de urgência”, notando assim que “o recurso ao regime de prestação de serviços acaba por constituir a única forma de os serviços poderem garantir a prestação de cuidados de saúde que, nos termos da Constituição, incumbe ao Estado assegurar”.

Já o setor empresarial do Estado — abrangido pelo Código do Trabalho, que também critérios para determinar a existência de contrato de trabalho — contabilizava 3.818 prestadores de serviço em junho. Acrescem 5.772 nas autarquias e 551 no setor empresarial local.

Contratos a prazo

Os contratos a termo resolutivo destinam-se a satisfazer necessidades temporárias. São admitidos, por exemplo, para substituir um trabalhador de baixa ou quando há um acréscimo excecional de atividade. Na Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, os contratos a prazo nunca se convertem em permanentes. Já o Código do Trabalho (que abrange o setor empresarial do Estado) prevê esta possibilidade.

São quase 56 mil os contratos a termo na administração central. Só a Educação abrange quase 47% deste total. “Trata-se especialmente de docentes nos estabelecimentos de ensino básico e secundário, contratados por períodos específicos ou por um ano letivo, ao abrigo do regime especial previsto no estatuto da carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário”, argumenta o relatório.

Segue-se a Defesa, com 12.771 contratos a prazo. Quase todos correspondem “a efetivos militares que prestam serviço nos ramos das Forças Armadas em regime de voluntariado (RV), em regime de contrato (RC), e em regime de contrato especial (RCE)”, continua o relatório. Embora estejam em causa vínculos a termo, “não podem ser consideradas como relações laborais precárias no seio da AP [Administração Pública], em especial no seio das Forças Armadas ou nos outros serviços da área da Defesa Nacional, mas sim, um instrumento de recrutamento devidamente regulado e indispensável e idóneo para assegurar o bom funcionamento e cumprimento das missões das Forças Armadas”, realça o documento.

Ciência e Ensino Superior contam com mais de 11 mil contratos a termo, 20% do total. E o relatório explica: “refere-se a docentes do ensino superior universitário e do ensino superior politécnico contratados por períodos específicos ou por um ano letivo, ao abrigo do regime especial previsto nos estatutos da carreira docente universitária e da carreira do pessoal docente do ensino superior politécnico”.

Já no setor empresarial do Estado existem cerca de 14 mil contratos a prazo, com destaque para entidades públicas do SNS. Acrescem 4.532 nas autarquias e 2.149 no setor empresarial local.

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