Pedro Ferraz da Costa, o empresário que nos tem avisado
Licenciado em Finanças, Pedro Ferraz da Costa estudou no Colégio alemão em Lisboa e assumiu a liderança da CIP em 1981, com apenas 34 anos.
Foi há quase doze anos. “As pessoas [em Portugal] têm medo do futuro e da verdade. Se lhes dissermos que, a vivermos assim, estamos falidos dentro de 10 anos, respondem que pode ser que não, e esquecem rapidamente”. Assim disse Pedro Ferraz da Costa numa entrevista ao jornal Público em maio de 2005.
Seis anos depois, na primavera de 2011, Portugal teve de pedir apoio financeiro ao FMI e à União Europeia. Os alertas do já então ex-presidente da CIP, cargo que deixou em 2001, de nada serviram. Hoje deixa avisos muito semelhantes como os que se podem ler na entrevista ao ECO quando afirma que corremos o risco de “irmos empobrecendo mais ou menos tristemente” que é aquilo que “está a acontecer”.
Licenciado em Finanças, Pedro Ferraz da Costa estudou no Colégio alemão em Lisboa e assumiu a liderança da CIP em 1981, com apenas 34 anos. Deixará a presidência da Confederação da Indústria Portuguesa duas décadas depois, em 2001, já Portugal fez todo o percurso que foi desde a entrada na CEE em 1986 à integração no euro em 1999. Paralelamente assume a gestão de empresas que vêm da família no setor farmacêutico e hoje preside à Iberfar.
A completar os 70 anos, Pedro Ferraz da Costa marcou a vida da CIP e as suas intervenções públicas continuam ser tão acutilantes como nessa época. Em cada declaração pública ou entrevista identifica-se um pilar essencial que é o da defesa da liberdade individual. É hoje um dos pouco economistas ou empresários a defender a política económica e financeira da era da troika não apenas pelas medidas mas pela convicção que foi consolidando de que as lideranças portuguesas não serão capazes de fazer o que precisa de ser feito para aumentar o crescimento da economia portuguesa.
Na Concertação Social, como “patrão dos patrões”, recorda dois acordos que considera importantes. O primeiro durante o segundo plano de estabilização do FMI (1983 a 1985) quando Ernâni Lopes era ministro das Finanças e Mário Soares primeiro-ministro. Conseguiu-se obter um acordo para os aumentos salariais que levava também em conta a competitividade externa da economia salarial. O segundo acordo aconteceu já com Aníbal Cavaco Silva como primeiro-ministro e marcou o fim da determinação dos aumentos salariais com base na inflação passada, uma política que foi importante para reduzir a taxa de inflação.
Sempre muito critico, a sua voz contra a corrente dominante torna-se mais evidente já no século XXI. Os avisos que faz nos primeiros anos da primeira década de 2000, e que se podem ler nessa entrevista ao Público de 2005, revelaram-se mais tarde como certeiro mas sem que Portugal conseguisse evitar o terceiro pedido de ajuda financeira em 40 anos. Os alertas que faz hoje, para os riscos de empobrecermos, terão o mesmo efeito? A história mostrou-nos que Pedro Ferraz da Costa faz avisos quando ninguém ainda os quer ouvir. Hoje pode já dizer: “eu bem avisei”, em 2005.
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