Altice e Nos em guerra pelo trono das televisões

Vem aí uma guerra dos tronos no setor dos media em Portugal. A Altice prepara-se para avançar sobre a TVI e a Nos não deverá ficar-se. Analistas acreditam que operadora pode lançar-se sobre a SIC.

Uma guerra dos tronos pelo controlo das televisões em Portugal. Se a Altice comprar a TVI, uma hipótese que ganhou mais força esta semana, a Nos não deverá ficar parada. A operadora liderada por Miguel Almeida irá à luta e os analistas apontam a Impresa, dona da SIC, como mais provável alvo num negócio que deverá estar avaliado em 230 milhões de euros.

O interesse da Altice na Media Capital não é propriamente uma novidade, mas o setor dos media está a ser alimentado com as renovadas perspetivas de agitação no mercado português. Os investidores estão bem recordados do que Miguel Almeida, presidente da Nos, já afirmou a propósito de uma eventual aquisição da dona da TVI pelo grupo francês: “Haverá guerra”. E cotadas como a Impresa, Media Capital e até a própria Cofina estão a ganhar em bolsa com isso.

A Altice, dona da Meo, estuda uma oferta para comprar a Media Capital, num negócio que poderá situar-se entre os 300 milhões de euros e os 500 milhões de euros. “Este cenário assume que a Nos não permanecerá passiva nesta guerra. (…) Um cenário possível seria a Nos lançar uma proposta sobre a Impresa, que poderia estar avaliada em 230 milhões de euros”, sublinha Artur Amaro, analista do CaixaBI, numa nota com o título “A new war ahead?“, lembrando que Altice e Nos já tinham sido protagonistas na guerra pelos direitos televisivos no futebol português no passado recente.

Nuno Matias, do Haitong, diz que “as possíveis consequências para o setor das telecomunicações em Portugal são difíceis de avaliar nesta fase”.

“O único ativo detido pela Media Capital que pode ter relevância para as telecoms seria a TVI, mas temos dúvidas de que os reguladores permitam que a PT Portugal (Altice) tenha eventualmente acesso exclusivo a este canal, e por isso forçando a revenda de conteúdos para outros operadores. Outros cenários poderão passar pelo aumento dos custos dos conteúdos para os outros operadores e lembrámos que no passado o CEO da Nos (…) disse que poderia dar uma forte resposta [caso a Altice compre a TVI]”, frisou.

Setor dos media dispara em bolsa

Nesta guerra das telecoms quem está já a ganhar são os grupos de media. A Impresa acumula um ganho de 71% desde o início do ano, perante os rumores de que poderá vir a interessar à operadora liderada por Miguel Almeida. Esta quinta-feira, as ações da empresa liderada por Francisco Pedro Balsemão conheceram o melhor e o pior: estiveram a acelerar 7% durante a manhã mas acabaram o dia com um afundanço de superior a 7%.

Por outro lado, a Cofina, que detém o Correio da Manhã, CMTV, Recorde e Jornal de Negócios, entre outras publicações, ganha 54% em 2017, beneficiando de otimismo no setor. E a Media Capital, que está no olho do furação, depois do disparo de 13% na sessão anterior, não entrou em ação no dia de hoje. Está cotada nos 2,84 euros por títulos, o que avalia a empresa 240 milhões de euros a preços de mercado.

“A tendência mundial dos operadores de telecomunicações comprarem grupos de media tem um racional económico interessante, conferindo-lhes muitas vantagens: controlar a publicidade, oferecer aos clientes uma experiência de televisão com os melhores conteúdos (…) e, acima de tudo, conhecimento dos consumidores e dos seus hábitos (localização, programas mais vistos, preferências de compras”, resume Artur Amaro.

Mercado publicitário em ebulição

Não é só no campo das aquisições que a batalha entre Altice e Nos será travada. Também no próprio mercado de consumo das telecomunicações haverá forte disputa entre as duas operadores lideres em Portugal, depois de o grupo de comunicações francês ter decidido acabar com as insígnias Meo e PT para reunir os seus ativos em todo o mundo numa só marca, Altice.

O BPI acredita que as mudanças de marcas em Portugal deverão ocorrer até final do primeiro semestre do próximo ano e vão obrigar a Altice a esforços extra na promoção e visibilidade da nova designação junto dos consumidores nacionais. Vão ganhar com isso os grupos mediáticos perante maiores receitas de publicidade.

“A mudança de marca da Altice deverá aumentar significativamente os esforços de marketing e deverá colocar maior pressão sobre a Nos. Antecipamos promoções mais agressivas e um impulso significativo nas despesas com publicidade”, sublinhava o analista Pedro Oliveira, que assina a nota do BPI Research.

Este analista diz mesmo que são boas notícias para um setor que tem sido pressionado pelo emagrecimento das receitas publicitárias nos últimos anos. Em 2016, ainda assim, houve uma ligeira melhoria do desempenho de Media Capital (TVI, Rádio Comercial, entre outros), Impresa (Sic, Expresso e Visão, entre outros) e Cofina (Correio da Manhã, CMTV, Record e Jornal de Negócios, entre outros) neste segmento, acompanhando a recuperação económica do país.

Estes três grupos registaram proveitos com publicidade globais ligeiramente acima dos 270 milhões de euros no ano passado, um aumento de 0,4% face a 2015.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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