Travis Kalanick deixa presidência da Uber após polémicas

Uma carta de vários investidores a pedir a demissão de Travis Kalanick levou o presidente a abandonar o cargo. Mantém-se na administração. Ainda não foi anunciado um substituto.

Travis Kalanick renunciou o cargo de presidente executivo (CEO) da Uber nos Estados Unidos esta terça-feira, disseram fontes “com conhecimento da situação” ao jornal The New York Times. Com 40 anos, o californiano foi um dos fundadores da conhecida plataforma de transporte que veio revolucionar o setor em todo o mundo. A saída surge após uma sucessão de escândalos que manchou a imagem da empresa, outrora um dos exemplos de sucesso mais proeminentes de Silicon Valley.

De acordo com o jornal, os investidores da Uber entraram em rotura com o gestor. A pressão aumentou quando cinco grandes shareholders da empresa enviaram uma carta a Kalanick, intitulada “Levar a Uber para a frente” [Move Uber Forward], onde se exigia que abandonasse o cargo imediatamente. Entre os signatários terá estado a capital de risco Benchmark, um dos maiores investidores da companhia que conta com um responsável no conselho de administração da Uber.

"Amo a Uber mais do que tudo no mundo e neste momento difícil na minha vida pessoal decidi aceitar o pedido dos investidores para que me afastasse (…).”

Travis Kalanick

Ex-presidente executivo da Uber

A notícia foi também confirmada pela Bloomberg. Desconhece-se quem o irá substituir na liderança desta que é considerada uma das maiores empresas de capital privado do mundo, avaliada em cerca de 68 mil milhões de dólares. A saída não será total, na medida em que Travis Kalanick manterá assento na administração da companhia.

Num comunicado do agora ex-presidente, citado pela agência, Kalanick afirma: “Amo a Uber mais do que tudo no mundo e neste momento difícil na minha vida pessoal decidi aceitar o pedido dos investidores para que me afastasse, para permitir à Uber voltar a crescer em vez de estar distraída com outra luta.” Na semana passada, o norte-americano já tinha pedido licença, o que lhe permitiria afastar-se por tempo indeterminado, mas mantendo-se no cargo de CEO.

Travis Kalanick, CEO da Uber, fotografado no World Economic Forum em Tianjin, China, em junho de 2016.Photographer: Qilai Shen/Bloomberg

A notícia surge após uma sucessão de polémicas às quais já é difícil fazer a conta. Entre eles esteve um escândalo de assédio sexual que resultou numa hemorragia de talento da empresa, assim como o vir à tona de um vídeo em que Kalanick discute com um motorista e outras ações que lhe abalaram o nome. A alegada inércia da empresa face às denúncias de assédio na empresa também não ajudaram, tal como as acusações de roubo de propriedade à Waymo (empresa da Google/Alphabet) no projeto do carro sem condutor.

Mas esta foi só a ponta do icebergue. Um trágico acidente de barco tirou a vida à mãe do empresário, Bonnie Kalanick, deixando-lhe o pai em estado crítico. Terá sido esta última razão o principal motivo para o pedido de licença de Travis Kalanick que, agora, culmina com a saída definitiva do cargo por parte do conhecido empreendedor.

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