Aprenda a tocar Fender com o guitarrista dos U2
Pensada sobretudo para os aprendizes que no primeiro ano abandonam o instrumento musical, a app conta com os melhores mentores para ensinarem segredos aos "alunos" utilizadores.
Antes de The Edge ter entrado numa banda, tudo indicava que deveria desistir da guitarra. Embora nem conseguisse afinar os próprios instrumentos nos primeiros anos, o músico não abandonou a pequena viola acústica com cordas de nylon que recebeu quando tinha uns nove anos. E isso fê-lo tornar-se um mito.
Quase 40 anos depois de David Evans ter conseguido uma Stratocaster, o principal guitarrista dos U2 está a ajudar a Fender Musical Instruments, de cujo conselho faz parte, a comercializar uma aplicação de aprendizagem para garantir que o próximo The Edge não abandone o instrumento. O Fender Play, que custa 19,99 dólares por mês, chegou ao mercado norte-americano esta quinta-feira, assim como ao do Reino Unido e do Canadá.
“Ainda há muito interesse pela música com guitarras, mas isso não aparece em destaque na cultura contemporânea”, disse Evans em uma entrevista. “Fica em algum lugar lá no fundo. Isso vai ajudar.”
Durante 71 anos, desde que Leo Fender começou a fabricar guitarras numa oficina de consertos de rádios, a empresa vendeu Stratocasters a Eric Clapton, John Mayer e Jimi Hendrix, passou pelas mãos de diversos donos e aguentou algumas recessões. Hoje, é controlada por uma unidade da TPG Capital e pela Servo Pacific. Mas o número de guitarras vendidas nos EUA está estagnado, e poucos dos músicos de maior sucesso do mundo tocam guitarra: em alternativa, cantam, são DJs ou fazem rap.
Diante da quebra das vendas do setor, a maior fabricante de guitarras do mundo considera que o Fender Play é uma maneira de aumentar a receita. Ao cobrar pelas aulas, a empresa pode continuar a gerar dinheiro depois de os aspirantes a músicos saírem da loja. Aumentando o número de pessoas que não abandonam as suas guitarras, esses clientes vão acabar por comprar modelos melhores e equipamentos adicionais.
O programa do curso — cinco níveis, com entre dez e 12 aulas cada — foi elaborado para que os novos estudantes possam tocar algo que reconhecem em meia hora, seja rock, pop, blues, country ou folk. Como a maioria dos novos músicos desiste no primeiro ano de prática, a gratificação instantânea é fundamental. Mas o curso também deve atrair pessoas que costumavam tocar e queiram aprimorar as suas habilidades, ou até mesmo especialistas, de acordo com Ethan Kaplan, diretor-geral da Fender Digital.
“Muita gente tem uma guitarra debaixo da cama”, disse Kaplan, em entrevista. “Se pudermos oferecer um caminho rápido para que essas pessoas se sintam realizadas, poderíamos reativar essa base preexistente de músicos. Por cada guitarra que vendemos, há um monte de outras que vendemos antes e que não passam de um pedaço de madeira.”
The Edge toca uma Fender desde os 17 ou 18 anos e usou a sua primeira guitarra profissional para gravar o disco de estreia do U2. Hoje em dia ele possui algumas centenas, a maioria em Dublin mas a preferida atualmente tem o seu nome e é uma recriação da guitarra que ele tocou durante décadas.
No começo de uma tournée, o guitarrista muitas vezes procura no YouTube vídeos dele para lembrar como tocar determinadas músicas. Na app, ele e a banda ajudarão aspirantes a guitarristas a aprender sucessos como “Beautiful Day”, “Desire” e “Where the Streets Have No Name”.
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