Altice garante que TVI terá “absoluta independência editorial”
Michel Combes, presidente executivo da Altice, garantiu esta sexta-feira que dará "absoluta independência editorial" à TVI caso consiga comprar a empresa-mãe, a Media Capital.
O presidente executivo da Altice, Michel Combes, garante que a TVI terá “absoluta independência editorial” caso a compra da Media Capital pelo grupo seja aprovada pelos reguladores nacionais. Numa conferência telefónica com analistas esta sexta-feira, Combes disse ainda que a empresa zelará pela “empregabilidade nos media portugueses, inovação e pluralismo numa altura em que o setor está sob pressão”.
A Altice oferece 440 milhões de euros aos espanhóis da Prisa pela Media Capital, a empresa que, em Portugal, detém a TVI, a rádio Comercial e a produtora Plural, entre outros ativos. A proposta foi feita através da operadora Meo, detida pela Altice, mas o negócio ainda depende da luz verde do regulador da concorrência. Contudo, este negócio de convergência entre media e telecomunicações tem merecido oposição por parte das operadoras concorrentes (NOS e Vodafone), assim como da Sonae e da Impresa, dona da SIC.
A independência da TVI, líder no segmento televisivo em quota de mercado, tem sido uma das preocupações apontadas no meio. Quanto a isso, Michel Combes reiterou as garantias de que a estação de Queluz de Baixo terá “absoluta independência editorial” com as rédeas da Media Capital nas mãos da Altice — “tal como nos restantes meios de comunicação” do grupo, acrescentou Michel Combes. A Altice detém vários meios de comunicação em França, por exemplo, como o canal BFM ou o jornal L’Express.
Na conferência de imprensa com analistas, num dia em que as ações do grupo estão a afundar na bolsa de Amesterdão, Michel Combes explicou que a Media Capital representa “oportunidades” para a empresa e que o grupo de media irá “suportar” a expansão da Altice no segmento dos conteúdos no mercado português. O grupo está focado em convergir media, telecomunicações e publicidade ao nível internacional e quer aproveitar a capacidade da produtora Plural para criar um hub exportador de conteúdos a partir de Portugal, à semelhança do Altice Labs, o polo de inovação da empresa em Aveiro.
Combes admitiu também a hipótese de a Media Capital, especificamente a TVI, vir a beneficiar da tecnologia desenvolvida pela Teads, uma startup que a Altice adquiriu por cerca de 300 milhões de dólares este ano. A Teads desenvolve soluções inovadoras na área da publicidade, recorrendo à inteligência artificial. Uma das soluções, explicou o gestor da Altice, será a da integração de chatbots na publicidade em vídeo.
Remédio da Anacom penalizou receitas da Meo
Entre julho e setembro, a Altice conseguiu 566,2 milhões de euros de receita com as operações da PT/Meo em Portugal, anunciou a empresa esta quinta-feira. Trata-se de uma queda de 3,1% em relação ao mesmo período de 2016. A Meo conquistou também mais de 35.000 novos subscritores líquidos no trimestre graças à expansão da sua rede de fibra ótica e perdeu outros 11.000 clientes no mesmo período.
Ora, esta perda de subscritores aconteceu numa altura em que a Meo se viu obrigada a dar 15 dias aos clientes fidelizados para que pudessem rescindir contratos sem encargos. Em causa, uma medida corretiva da Anacom, que concluiu que as operadoras portuguesas realizaram aumentos de preços irregulares no final de 2016. O tema não passou ao lado da conferência com os analistas.
“A medida não nos afetou só a nós, mas também a NOS”, explicou Michel Combes, admitindo que a medida “teve um impacto na base de clientes” da Meo. A medida terá, por isso, ajudado à queda de mais de 3% nas receitas da empresa face ao mesmo trimestre de 2016, embora também a queda das receitas com tráfego internacional esteja refletidas nesse valor. Contudo, Michel Combes mostrou-se “muito confortável com a capacidade da Altice de gerir a base de clientes”. A empresa aposta na expansão da rede de fibra ótica como um dos principais fatores para atrair novos subscritores. “Quanto temos fibra, obviamente que estamos numa melhor posição” para concorrer, explicou o gestor, que também lidera diretamente a operadora francesa SFR.
Combes sublinhou ainda que a Altice está focada num “muito melhor desempenho das operações em França e Portugal” e que, “monetizando os investimentos em conteúdos”, espera ter melhores margens de negócio nos próximos tempos.
(Notícia atualizada às 15h08 com mais informações)
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