António Costa defende rutura na “reforma da União Económica e Monetária”

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

“A comunhão na opção europeia não elimina, por exemplo, uma rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária”, escreve Costa no prefácio do livro do sociólogo André Freire

O primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, defende, no prefácio a um livro sobre o governo da “Geringonça”, uma “rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária”.

“A comunhão na opção europeia não elimina, por exemplo, uma rutura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária (UEM)”, escreve António Costa no prefácio do livro do sociólogo André Freire “Para lá da ‘Geringonça’ – O Governo de esquerdas em Portugal e na Europa” (Ed. Contraponto).

O líder socialista relativiza esta “rutura quanto à urgência de reforma” da UEM, afirmando que ela “é natural numa UE que, à medida que reforçou a integração política, foi-se tornando o novo espaço de confronto das diferentes famílias políticas”.

António Costa lembra que desde os anos 80 “a democracia cristã – duradoura parceira da social-democracia na reconstrução do pós-guerra – foi cedendo o seu lugar a um liberalismo radical”.

No prefácio, o chefe do Governo António Costa defende também que “era um dever” o PS tentar formar um Governo com o apoio da esquerda no parlamento, que deu “mais democracia” e “mais e melhores opções”.

O acordo dos socialistas com o PCP, BE e PEV, argumentou, conseguiu “romper esta assimetria” ou tendência de apenas se fazerem entendimentos à direita, que conseguiu uma “tripla vantagem: na disputa eleitoral, na capacidade de formar governos maioritários e na capacidade de condicionar as políticas e medidas de governos minoritários do PS”.

Costa lembra que é favorável “soluções governativas com BE, PCP e PEV” e sublinha que “a legitimidade da representação só os cidadãos a definem no voto”.

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Novo Banco: Governo prefere venda se tiver “impactos menores do que teria a nacionalização”

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

O Executivo "Quer o mínimo impacto possível na dívida pública", diz a ministra da Presidência.

 

O Governo quer uma solução para o Novo Banco que não traga “encargos” ou “impactos” para o Estado. Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, a ministra da Presidência diz que o Governo prefere a venda, se esta tiver “impactos menores” que a nacionalização.

“O governo é isso que não quer — não quer encargos nem quer impactos. Quer o mínimo impacto possível na dívida pública”, afirma.

A nacionalização é defendida pelos parceiros do PS e, de acordo com a ministra, “mesmo bastante à direita do PS” também há quem apoie esta opção. A solução teria impacto, “mas a outra também pode ter”, alerta Maria Manuel Leitão Marques. “Com as propostas que tivemos até agora, a outra solução também poderia ter — piores até do que a nacionalização. Portanto, é esta questão que estamos a ponderar”, afirma.

E se houver alterações na proposta? “Se houver uma mudança da proposta, exatamente, que garanta que a venda não tem impactos negativos ou tem impactos menores do que teria a nacionalização, a nossa opção será, naturalmente, pela venda. Mas isso…”, responde a governante.

Questionada sobre se esta opção se mantém para uma venda de baixo valor que não afete as contas públicas, Maria Manuel atira: “Neste momento, o grande valor, já não vamos esperar por ele, não é?”. E diz que o problema devia ter sido gerido em 2012, quando existiam outras condições.

Bagão Félix já defendeu a negociação com Bruxelas do alargamento do prazo para resolver a questão. Para a ministra, a ideia é “admissível” mas a “União Europeia pode é não estar de acordo”, salientando que o Governo cumpre os seus compromissos.

Já sobre as parceria público-privadas na Saúde, que geram críticas aos parceiros da esquerda, Maria Manuel não sabe se a questão se resolve através do recurso ao apoio do PSD. “Eu, do PSD, já não sei nada. Porque acho que o PSD pode abrir aqui — não sei se vai abrir ou não, se foi um caso esporádico, se foi um caso que se vai repetir –, pode abrir aqui um processo da sua própria negação, a denegação do seu programa, a denegação das suas convicções”, afirma, apontando para a posição assumida pelos social-democratas quanto à descida da TSU para empresas com salários mínimos.

E as PPP da saúde não têm de ir ao Parlamento, salienta ainda a ministra. “Para já, não quer dizer que as parcerias tenham de ser aprovadas no Parlamento, porque se não forem aprovadas por decreto-lei serão uma decisão política do governo. E o governo assumirá a melhor solução que garanta a qualidade do serviço e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, diz.

Já a municipalização da Carris — outro decreto-lei que foi chamado ao Parlamento por iniciativa de um dos partidos que apoiam o Governo — é “uma questãozinha” para Maria Manuel Leitão Marques. A ministra frisa que “o PCP já veio dizer que, afinal, já não é revogação, que é só uma pequena alteração”.

Durante a entrevista, a governante também disse estranhar que os partidos com representação parlamentar à direita se tenham agora tornado “militantes do investimento público”.”Qualquer dia, na verdade, temos três partidos à nossa esquerda ou, aliás, talvez até quatro“, diz.

Maria Manuel Leitão Marques nota que há investimento público previsto para este ano — na recuperação de escolas e na ferrovia, por exemplo — mas admite que houve aqui um corte também para conseguir atingir o défice proposto. “Com certeza, é preciso sempre ter isso em consideração, porque isso também foi um compromisso do governo”, afirma.

Já quanto à promessa do Governo de integrar no Estado os trabalhadores com vínculo precário, Maria Manuel Leitão Marques salienta que o conceito é vago e frisa que há constrangimentos orçamentais a ter em conta. “Um estagiário é um precário? Não, um estagiário é uma pessoa que faz um estágio, não é? E uma pessoa que é contratada para uma tarefa, que é contratada especificamente para o desempenho de uma tarefa, não é um precário, é uma pessoa que foi contratada para aquela tarefa”, nota.

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14 banqueiros portugueses receberam mais de um milhão de euros

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

Remuneração média dos executivos de topo rondou 1,5 milhões de euros. Portugal surge na 18ª posição entre 22 países.

Em 2015, o número de banqueiros portugueses a receber mais de um milhão de euros em remunerações aumentou para 14. Um ano antes, eram 10. E em 2013, sete. Os dados são do “Report on high earners 2015” e foram divulgados hoje pelo Diário de Notícias e Jornal de Notícias.

Ainda que haja mais banqueiros com salários milionários, a remuneração média caiu com a crise. Entre salário fixo e variável, os salários mais altos rondaram, em média, 1,5 milhões de euros em Portugal, menos 32% do que em 2014, ano em que a média atingiu 2,25 milhões de euros.

Os dados, divulgados pela Autoridade Bancária Europeia, também permitem perceber que, na Europa, há 5.142 banqueiros a receber acima de um milhão de euros por ano, mais 33% comparando com 2014. De acordo com o DN, este aumento é justificado pela valorização da libra face ao euro, que fez disparar o número de banqueiros com salários milionários no Reino Unido: em média, estes receberam 1,98 milhões de euros em 2015.

É na Bélgica que os banqueiros ganham mais (18 receberam, em média, 5,8 milhões de euros). E quais são os países que pagam menos aos gestores bancários? Os que lideram os rankings do Banco Mundial relativos ao equilíbrio na distribuição de rendimentos, nota o jornal. Na Noruega, Suécia e Dinamarca, por exemplo, os gestores de topo recebem menos do que em Portugal, que surge na 18ª posição entre 22 países.

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Precários no Estado: quantos são e onde estão os contratos temporários?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 5 Fevereiro 2017

Relatório diz que ainda "não é possível identificar em concreto qual a dimensão da precariedade" no Estado e já justifica alguns contratos de natureza temporária.

São cerca de 90 mil os trabalhadores que exercem funções na administração central e no setor empresarial do Estado através de contratos a prazo, prestação de serviços, estágios, bolsas ou Contratos Emprego-Inserção. O Governo já se comprometeu a avançar com um programa de regularização extraordinária de vínculos precários, mas também já avisou que nem todos os contratos temporários são injustificados.

O relatório que faz o levantamento de instrumentos de contratação temporária no Estado foi revelado na sexta-feira mas diz que ainda “não é possível identificar em concreto qual a dimensão da precariedade existente”, na medida em que “a sua identificação estará associada à indevida utilização dos instrumentos contratuais“. “Tal avaliação só poderá ser feita com precisão no contexto de cada serviço”, acrescenta. Ainda assim, o relatório já encontra justificação para várias situações.

Até ao final de março, deverá ser feita uma análise detalhada de cada caso. E os serviços também têm de avaliar as necessidades futuras de emprego.

De acordo com o Orçamento do Estado, o programa de regularização de vínculos deve ser apresentado ainda neste trimestre. Em regra, a integração de precários nos quadros da Administração Pública será feita por concurso. E sendo esta uma possibilidade aberta a todos, a colocação do trabalhador precário não está completamente garantida. Mas o OE já sublinha que será especialmente valorizada “a experiência de quem ocupou o respetivo posto de trabalho”.

O processo de regularização também pode ser estendido à administração local mas, neste caso, a decisão cabe à autarquia. Ainda assim, o relatório também analisa esta realidade: entre autarquias e setor empresarial local, contam-se cerca de 27 mil vínculos de natureza temporária.

Quantos são os vínculos temporários na Administração Pública?

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Nota: Dados de junho de 2016

Contratos Emprego-Inserção

Através dos Contratos Emprego-Inserção (CEI) ou Contratos Emprego-Inserção + (CEI+), os beneficiários de subsídio de desemprego ou Rendimento Social de Inserção são colocados a desempenhar, por um período máximo de 12 meses, atividades ligadas a necessidades sociais.

O relatório conclui que, pelas características destes vínculos, “a ocupação temporária que resulta deste instrumento não pode corresponder a necessidades permanentes dos serviços”. E nota que os CEI atingiram em 2016 o número mais baixo desde que a medida foi regulada, em 2009.

Em junho de 2016 existiam 1.834 CEI e CEI+ na Administração Central, com destaque para os 789 em institutos públicos (que excluem unidades hospitalares e de ensino e investigação). Praticamente todos estes contratos são financiados por fundos comunitários e receitas próprias.

Contam-se ainda 295 CEI e CEI+ em entidades públicas empresariais do SNS e quase 13 mil na administração local e no setor empresarial local.

Estágios remunerados

Tanto a administração central como a local contam com programas de estágios profissionais (o PEPAC e o PEPAL, respetivamente). O Ministério dos Negócios Estrangeiros também tem um programa de estágios nas embaixadas e consulados, existindo ainda outras iniciativas na área da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Na administração central existiam 793 estágios remunerados em junho, sobretudo na área da Justiça, Trabalho e Segurança Social e ainda Ciência e Ensino Superior. Já as autarquias e o setor empresarial local registavam 1.049 estágios remunerados.

Bolsas de investigação

O relatório considera as bolsas de pós-doutoramento, de investigação, de gestão de ciência e tecnologia e as bolsas de técnico de investigação.

Na administração central contam-se 3.662 bolsas, a grande maioria em unidades orgânicas de ensino e investigação. Cerca de 33% das bolsas são exclusivamente financiadas por receitas próprias, mas os fundos comunitários e o orçamento do Estado também assumem um papel importante.

Prestação de serviços

A prestação de serviços pressupõe uma quase total autonomia do trabalhador em causa e a obtenção de um resultado num determinado período de tempo. De acordo com a Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, a prestação de serviços assume as modalidades de tarefa (no caso de trabalhos específicos e excecionais) ou avença (quando estão em causa prestações sucessivas no âmbito de profissões liberais, com retribuição certa mensal).

Na administração central, existiam, em junho de 2016, mais de nove mil prestadores de serviços (a maioria na modalidade de tarefa). Só a área governativa do Trabalho e Segurança Social abrangia quase metade: 4.460. De acordo com o relatório, a maioria destes contratos — 3.888 — diz respeito a formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), “entre os quais cerca de 400 com horário completo, considerando-se para o efeito uma média de 30h semanais”. “Importa referir que se requer que as ações formativas sejam flexíveis e ajustáveis às variações conjunturais do mercado de emprego e às dinâmicas empresariais, pelo que se exige do perfil ou habilitações dos formadores a mesma adaptabilidade”, acrescenta.

Há também 200 profissionais que asseguram atividades de suporte e acompanhamento à formação. E existem ainda outras “atividades conexas que, pela sua natureza, são apenas passíveis de executar com recurso a contratos de prestação de serviço, como as atividades de membro de júri de certificação de competências ou de avaliação de provas de aptidão profissional, conceptor de provas, mediador de cursos de formação, cuja necessidade de contratação tem que ser ajustado ao número variável de formandos, de ações a desenvolver e de processos de reconhecimento, validação e certificação de competências”, alerta desde já o relatório.

Já os 307 avençados nesta área governativa dizem respeito a pessoal médico contratado no âmbito dos serviços de verificação de incapacidades (nomeadamente baixas).

Além da área do Trabalho e Segurança Social, há ainda um conjunto de entidades sem fins lucrativos que contabilizam 1.140 prestadores de serviços. Segue-se a área da Ciência e Ensino Superior (631). Aqui “existem diversos contratos de prestação de serviços que titulam situações de muito curta duração e de carácter pontual ou ocasional, que não configuram a satisfação de necessidades permanentes das instituições da área governativa Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, nem são suscetíveis de gerar relações jurídico-laborais, como é o caso, designadamente, da contratação de especialistas e profissionais que prestam a sua colaboração como oradores em seminários e palestras, ou preletores ocasionais de determinada temática, no quadro das atividades da instituição, designadamente de ministração dos respetivos graus académico”, diz o relatório.

Outros Ministérios também têm direito a explicações mais detalhadas. Nos Negócios Estrangeiros, o documento dá conta, por exemplo, da situação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com 22 prestadores de serviços, “cujas contratações foram motivados pelo aumento de solicitações decorrentes do Programa Portugal 2020, de solicitações dada a integração da AICEP, EPE, no perímetro do Estado em janeiro de 2015” ou da necessidade de apoio no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no âmbito dos “Vistos Gold”.

Na Defesa, são justificados, por exemplo, 244 contratos com a “insuficiência de recursos” do Hospital das Forças Armadas. Administração Interna, Economia e Saúde também avançam algumas explicações. Ainda no âmbito da administração central, na Saúde existiam 478 prestadores de serviços em junho. Apontando para a “exiguidade dos médicos existentes”, o relatório acrescenta que estão em causa, “maioritariamente, funções destinadas a assegurar o funcionamento de serviços de urgência”, notando assim que “o recurso ao regime de prestação de serviços acaba por constituir a única forma de os serviços poderem garantir a prestação de cuidados de saúde que, nos termos da Constituição, incumbe ao Estado assegurar”.

Já o setor empresarial do Estado — abrangido pelo Código do Trabalho, que também critérios para determinar a existência de contrato de trabalho — contabilizava 3.818 prestadores de serviço em junho. Acrescem 5.772 nas autarquias e 551 no setor empresarial local.

Contratos a prazo

Os contratos a termo resolutivo destinam-se a satisfazer necessidades temporárias. São admitidos, por exemplo, para substituir um trabalhador de baixa ou quando há um acréscimo excecional de atividade. Na Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, os contratos a prazo nunca se convertem em permanentes. Já o Código do Trabalho (que abrange o setor empresarial do Estado) prevê esta possibilidade.

São quase 56 mil os contratos a termo na administração central. Só a Educação abrange quase 47% deste total. “Trata-se especialmente de docentes nos estabelecimentos de ensino básico e secundário, contratados por períodos específicos ou por um ano letivo, ao abrigo do regime especial previsto no estatuto da carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário”, argumenta o relatório.

Segue-se a Defesa, com 12.771 contratos a prazo. Quase todos correspondem “a efetivos militares que prestam serviço nos ramos das Forças Armadas em regime de voluntariado (RV), em regime de contrato (RC), e em regime de contrato especial (RCE)”, continua o relatório. Embora estejam em causa vínculos a termo, “não podem ser consideradas como relações laborais precárias no seio da AP [Administração Pública], em especial no seio das Forças Armadas ou nos outros serviços da área da Defesa Nacional, mas sim, um instrumento de recrutamento devidamente regulado e indispensável e idóneo para assegurar o bom funcionamento e cumprimento das missões das Forças Armadas”, realça o documento.

Ciência e Ensino Superior contam com mais de 11 mil contratos a termo, 20% do total. E o relatório explica: “refere-se a docentes do ensino superior universitário e do ensino superior politécnico contratados por períodos específicos ou por um ano letivo, ao abrigo do regime especial previsto nos estatutos da carreira docente universitária e da carreira do pessoal docente do ensino superior politécnico”.

Já no setor empresarial do Estado existem cerca de 14 mil contratos a prazo, com destaque para entidades públicas do SNS. Acrescem 4.532 nas autarquias e 2.149 no setor empresarial local.

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FC Porto vence ‘clássico’ com o Sporting e sobe à liderança da I Liga

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

O FC Porto isolou-se provisoriamente na liderança da I Liga portuguesa de futebol, ao derrotar em casa o Sporting, por 2-1, graças a um 'bis' do estreante Soares no 'clássico' da 20.ª jornada.

O FC Porto isolou-se hoje provisoriamente na liderança da I Liga portuguesa de futebol, ao derrotar em casa o Sporting, por 2-1, graças a um ‘bis’ do estreante Soares no ‘clássico’ da 20.ª jornada.

No primeiro jogo pelo FC Porto, ao qual chegou em janeiro proveniente do Vitória de Guimarães, o avançado brasileiro inaugurou o marcador no Estádio do Dragão, aos 06 minutos, e voltou a bater Rui Patrício, aos 40.

Na segunda parte, o argentino Alan Ruiz marcou para o Sporting, aos 60, mas não evitou a derrota dos ‘leões’, que perderam sete pontos nas últimas quatro jornadas

Com a quarta vitória seguida no campeonato, o FC Porto subiu à liderança, com 47 pontos, mais dois do que o Benfica, que recebe o Nacional no domingo, enquanto o Sporting segue no terceiro lugar, com 38 pontos.

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Manutenção do ‘rating’ pela Fitch é “má notícia”, Maria Luís Albuquerque

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque considerou hoje uma “má notícia” a agência de notação financeira Fitch ter mantido o 'rating' de Portugal, atribuindo a decisão à falta de “confiança”

“Para mim não é uma boa notícia”, afirmou a antiga ministra do Governo PSD/CDS-PP, frisando que não tem “falado com a Fitch, ultimamente”, mas que também não vê “razões para fazer um ‘upgrade’, lamentavelmente” à nota do país.

Segundo a vice-presidente do PSD, que falava aos jornalistas à margem de um jantar da JSD em Évora, “até há um ano atrás” Portugal estava “na perspetiva de subir novamente para o nível de investimento, numa outra agência, que não apenas a agência canadiana DBRS”.

“Quando saímos do Governo, deixámos o país prestes a passar para um grau de investimento em pelo menos mais uma agência e, portanto, tudo aquilo que seja continuarmos no nível de não-investimento ou no nível de lixo é uma má notícia para o país”, insistiu Maria Luís Albuquerque.

Atualmente, “mantermo-nos estáveis já é visto como boas notícias e isso já vai sendo recorrente”, o facto de se “achar que [quando] não acontece nada pior é uma boa notícia”, o que “é pena”, ironizou.

A vice-presidente do PSD falava aos jornalistas à margem do jantar de tomada de posse dos órgãos distritais de Évora da JSD.

Na sexta-feira, a Fitch manteve a nota atribuída a Portugal em BB+, acrescentando a consideração de estável para a perspetiva, conforme comunicado emitido em Londres.

“O ‘rating’ da dívida pública de Portugal é suportado por instituições robustas, um forte ambiente empresarial e um dos maiores rendimentos per capita na categoria BB”, justificou a agência de notação financeira.

Mas, segundo Maria Luís Albuquerque, Portugal “não transmite nem confiança nem resultados macroeconómicos que justifiquem” que o país “volte a ser considerado, para a maioria das agências, como um investimento de risco mais aceitável ou de risco mais baixo”.

Além de não se encontrarem “esses dados macroeconómicos suscetíveis de dar uma melhoria sustentada e uma previsão de uma evolução francamente positiva”, o país tem também “uma dívida que continua a aumentar e essa é, naturalmente, uma grande preocupação para os investidores”, continuou.

“E como temos um nível geral de muito fraca confiança daquele que pode ser até o comportamento político dentro do país, é natural que não haja perspetivas melhores”, acrescentou.

Ainda em declarações aos jornalistas, a também deputada do PSD mostrou-se preocupada com “a situação do país”, argumentando que “há uma semelhança muito grande entre muitas coisas que estão a acontecer agora e o que aconteceu no final de 2010 e início de 2011”.

“Aliás, basta olhar para as taxas de juro para termos uma medida concreta dessas preocupações”, disse.

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A Importância Estratégica das Métricas das Contas Públicas na política orçamental

  • Eduardo Catroga
  • 4 Fevereiro 2017

O economista e ex-ministro Eduardo Catroga escreve um ensaio sobre as métricas das Contas Públicas e a forma como impactam na definição das políticas orçamentais dos governos. Com exemplos.

O antigo ministro das Finanças e presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, escreveu o prefácio do livro “Manual de Finanças Públicas e de Contas Nacionais no Setor das Administrações Públicas: O processo Europeu e o cálculo do défice e da dívida pública” de autoria de Joaquim Miranda Sarmento
O antigo ministro das Finanças e presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, escreveu o prefácio do livro “Manual de Finanças Públicas e de Contas Nacionais no Setor das Administrações Públicas: O processo Europeu e o cálculo do défice e da dívida pública” de autoria de Joaquim Miranda Sarmento

As métricas contabilísticas têm uma importância bem maior do que se pensa, sobretudo pelas suas falhas e pelas consequências negativas a que conduzem, quer na economia privada, quer nos sectores de economia pública.

As métricas contabilísticas empresariais e do sector público (contas nacionais) são diferentes, mas muitas das suas falhas são comuns e reportam-se, em especial, a dois temas:

  1. O perímetro de consolidação das contas.
  2. O cálculo do justo valor das variações patrimoniais, das responsabilidades contingenciais e dos riscos incorridos em certas operações registadas em contas fora do balanço, ou com impactos distintos no balanço e na demonstração de resultados.

No domínio empresarial, a União Europeia adoptou, em 2003, as IAS (International Accounting Standards), actualizadas em 2008, e a sua adopção tornou-se obrigatória para todas as empresas europeias com contas consolidadas. Os bancos, por seu turno, estão sujeitos, para além das IAS, a métricas específicas sobre instrumentos financeiros, com destaque para a IFRS 7 (International Financial Reporting Standards), complementada pela regulação de Basileia III e dos bancos centrais.

A nível mundial, o Sistema de Contas Nacionais é gerido e coordenado por cinco entidades – a ONU, o Banco Mundial, o FMI, a OCDE e o Eurostat.

As falhas das métricas em muitas partes do mundo facilitaram aproveitamentos fraudulentos de enorme dimensão, com repercussão no mercado de capitais, na credibilidade das instituições e nas economias. No domínio empresarial, o caso da empresa ENRON, de 2002, na altura uma das maiores empresas dos EUA, foi um exemplo paradigmático.

Com a conivência da auditoria externa, durante anos os executivos esconderam movimentos financeiros em empresas de fachada, por si controladas, destruindo provas; quando a empresa faliu, descobriu-se que o prejuízo oculto era de USD 1,5 biliões e as dívidas não registadas atingiam USD 13 biliões.

Para eliminar o risco de falhas, as métricas contabilísticas internacionais das empresas privadas, incluindo as que respeitam estritamente aos bancos, têm vindo a ser aperfeiçoadas, mas em geral demasiado tarde.

A insuficiência da informação contabilística leva a que os accionistas e as entidades reguladoras não actuem preventivamente ou que só intervenham tardiamente e, bastas vezes, nem sempre da forma mais inteligente, com bases técnicas adequadas.

Foi o aproveitamento de uma falha da métrica contabilística bancária que contribuiu para o ambiente que conduziu à bolha da crise do subprime nos EUA, que, por sua vez, espoletou a crise financeira global de 2008. Esta, por seu turno, abalou a estabilidade do sistema monetário e financeiro mundial e potenciou a crise de 2009-2012 das dívidas soberana e do Euro, que já era latente. As falhas das métricas contabilísticas não têm tido menos importância na esfera das entidades públicas, antes pelo contrário.

No seio da União Europeia vigorou o SEC 95 até 2014, sendo apenas nesse ano substituído pelo SEC 2010. Esta alteração decorreu porventura já tardiamente, dado o desfasamento entre a evolução económica, social, política e tecnológica dos últimos 20 anos.

Ocorreram falhas clamorosas que permitiram expedientes governamentais de “contabilidade criativa”

Entretanto, ocorreram falhas clamorosas que permitiram expedientes governamentais de “contabilidade criativa” (isto é, de desorçamentação e de ocultação de despesa e da verdadeira dimensão da dívida pública) em vários Estados-membros, entre os quais Portugal.

Não se julgue que fomos exemplo único na União Europeia. Até na Alemanha a “contabilidade criativa” foi utilizada, por exemplo, na companhia dos caminhos-de-ferro e na miríade de bancos regionais apoiados pelos respectivos Estados.

Entre nós, a principal falha nas contas do sector público residiu na insuficiência do perímetro de consolidação e no atraso do processo de implementação da contabilidade digráfica (“óptica de compromissos”) como complemento da tradicional “óptica de caixa” da Contabilidade Pública.

Quando exercemos o cargo de ministro das Finanças entre 1993 e 1995, detectámos esta falha e iniciámos o projecto de elaboração de um Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP) na óptica de compromissos (contabilidade digráfica). Tal projecto veio já a ser aprovado pelo Governo de António Guterres, em 1997.

Passados vinte anos, o seu grau de implementação ainda hoje não cobre todo o universo das contas do sector público. Entretanto, já em 2015, o POCP foi adaptado às normas internacionais de contabilidade, e ao sistema contabilístico privado, com a aprovação do SNC-AP.

O SEC 95 circunscreveu o perímetro das contas públicas apenas ao SPA (Sector Público Administrativo), formado pela Administração Central, pela Administração Regional e Local e pela Segurança Social. Deixou de fora, durante muitos anos, grande parte do Sector Empresarial do Estado (SEE), a nível da Administração Central, Regional e Local, e permitiu a explosão da despesa e da dívida em certos veículos especiais, como as PPP (Parcerias Público-Privadas).

Então, já era evidente que o controlo da despesa pública e o controlo do défice e da dívida pública não deviam confinar-se ao SPA. Devia estender-se ao SEE (que já era, na altura, o principal veículo da desorçamentação, sobretudo através das empresas de transportes), integrando-o no perímetro da consolidação e sujeitando-o à mesma disciplina financeira.

A partir de 1995, esta via “aberta” de desorçamentação e despesismo cresceu exponencialmente, sendo um dos factores que levaram a um volume crescente nos anos seguintes de “dívida oculta”, ampliada com as PPP. Tudo conduziu a um excesso de endividamento público que, a par de outros factores ligados à fraca qualidade de alocação de recursos na economia e à queda da produtividade e da competitividade, levou à situação de pré-bancarrota em meados de 2011, evitada in extremis pelo apoio financeiro da Troika.

Exigiu, depois, um forte programa de ajustamento, ainda hoje em fase de consolidação. O desconhecimento da magnitude da dívida oculta, gerada cumulativamente por esta desorçamentação, deu origem a uma grave falha no cálculo do montante do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) da Troika, em Maio de 2011.

Como a informação era incompleta, a “estimativa” das necessidades brutas de financiamento público, entre 2011 e 2014, foi subavaliada. O total foi inicialmente fixado em € 152,4 biliões, e o empréstimo da Troika em € 78 biliões (dos quais € 12 biliões para a recapitalização da Banca), com o pressuposto de que o restante seria financiado através da poupança interna e dos mercados externos. Pressupostos imperfeitos.

Finalmente, a partir da 3.ª avaliação do PAEF, a Troika passou a considerar nas contas públicas um perímetro de consolidação alargado, acrescentando ao SPA as EPR (Empresas Públicas Reclassificadas), de tal sorte que, na 11.ª avaliação, em 28-02-2014, a própria Troika apresentou como estimativa revista do montante das referidas necessidades brutas de financiamento, entre 2011 e 2014, o valor de € 227,1 biliões (ou seja, € 75 biliões acima da estimativa inicial).

Empréstimo da Troika deveria ter atingido, teoricamente, o montante de € 116 biliões

Isso quer dizer, assumindo o mesmo pressuposto de repartição por fontes de financiamento, que o empréstimo da Troika deveria ter atingido, teoricamente, o montante de € 116 biliões, ou seja, mais 36 biliões do que os € 78 biliões acordados no Memorando.

Apesar de a Troika ter sido avisada, por nossa influência, desta falha analítica na concepção do PAEF, logo no início dos seus trabalhos, ainda com o Governo de José Sócrates, ela não foi atempadamente corrigida. Tal acarretou uma deficiente percepção da dimensão do ajustamento financeiro necessário e um enviesamento na escolha das medidas de política orçamental e financeira, o que afectou negativamente os resultados alcançados na consolidação orçamental, levando, entre meados de 2011 e meados de 2014, a sucessivas revisões das metas.

Por outro lado, uma parte significativa da brusca subida contabilística de 19 pontos percentuais do rácio da Dívida Pública, de 2011 para 2014, em relação ao PIB, ficou justamente a dever-se ao alargamento do perímetro de consolidação que a Troika acabou por impor e que foi continuado com a implementação, a partir de Setembro de 2014, do SEC 2010, a nova métrica que veio substituir o SEC 95 em toda a União Europeia.

Com efeito, de entre as mudanças que o SEC 2010 veio introduzir entre nós, destaca-se, em primeiro lugar, o alargamento do perímetro da consolidação. Nas contas nacionais, esse perímetro passou a ser definido pelo somatório das entidades que consolidam em contabilidade pública com as demais entidades públicas que não cumpram o teste da receita mercantil. Ora, foi a alteração deste teste, do SEC 95 para o SEC 2010, que determinou o alargamento das EPR.

No SEC 95, não eram integradas no perímetro de consolidação em contabilidade nacional as entidades públicas cujas receitas mercantis fossem superiores a 50% dos custos operacionais. No SEC 2010, este critério passou a reportar-se à totalidade dos custos, os quais passaram a incluir os custos financeiros suportados (juros e comissões).

Como grande parte das entidades públicas que não consolidavam no SEC 95 estava financeiramente muito endividada, esta alteração do critério definidor do atributo de mercantilidade ampliou muito significativamente o conjunto das EPR; de tal modo que, em Setembro de 2014, para efeitos do PDE (Procedimento de Défices Excessivos), foram reclassificadas e integradas como EPR 268 entidades públicas (com destaque para a CP, Carris, Parpública, EDIA e Hospitais EPE). A maioria delas eram entidades do sector público com uma componente histórica de forte desorçamentação.

Portanto, dado que muitas destas novas EPR vinham acumulando resultados estruturalmente negativos, a sua integração aumentou em muito as necessidades de financiamento da totalidade das Administrações Públicas (conjunto das AP integradas na métrica S.13).

A substituição do SEC 95 pelo SEC 2010 determinou, também, outras alterações importantes nesta métrica, no domínio do registo e da valoração contabilística, com destaque para as seguintes, como salienta o autor do livro:

  1. O reconhecimento da despesa pública em I&D como formação de capital constitutiva de activos de propriedade industrial, o que implicou uma subida significativa na série do PIB (entre nós revista pelo INE), entre 1995 e 2013.
  2. O registo da aquisição de equipamentos militares (expurgado do valor da sua utilização para fins civis) como despesa pública de capital.
  3. O registo de SGPS (Sociedades Gestoras de Participações Sociais) públicas como sociedades financeiras (no SEC 95, eram maioritariamente não financeiras); esse registo não impediu, porém, a integração nas AP das entidades que não tinham autonomia de gestão, como a Parpública, bem como das suas subsidiárias não mercantis.
  4. A transferência de fundos de pensões privados (da PT e de bancos) para as AP passou a ser considerada uma operação financeira. Foram, pois, anuladas a receita orçamental inicial decorrente da transferência das respectivas disponibilidades, bem como as despesas orçamentais subsequentes, para pagamento das pensões em curso, nos anos seguintes.
  5. Os contratos de derivados financeiros passaram a ser contabilizados como activos financeiros, e os pagamentos dos correspondentes juros como operações financeiras, pelo que deixaram de ser considerados no âmbito do PDE. O correspondente impacto diminuiu, porém, consideravelmente, com a rescisão de muitos destes contratos em 2013 (com ressalva das responsabilidades contingenciais entretanto criadas nas situações que ainda estão a ser objecto de litigância jurídica).

Para além destas alterações, há situações que também tiveram um tratamento contabilístico melhorado no SEC 2010 e outras que ainda não o tiveram. No primeiro caso, encontram-se as PPP (Parcerias Público-Privadas); no segundo, as responsabilidades contingenciais e as dívidas comerciais a fornecedores não pagas nos prazos contratuais (“arrears”).

A contabilização do investimento realizado por intermédio de uma PPP no défice e na dívida pública depende da alocação de riscos; o risco de construção e o risco de disponibilidade ou de procura deveriam ser sempre alocados ao sector privado. Isso permitia que uma dada PPP ficasse fora do perímetro de consolidação das AP (seria contabilizada como operação “off balance sheet”, tal como a operação semelhante, a concessão concursal de uma determinada infra-estrutura ou serviço, públicos).

Entre nós, a maioria das PPP, que são sobretudo rodoviárias, não cumpria o mencionado critério de alocação de riscos e, portanto, essas PPP devem integrar o perímetro de consolidação das Administrações Públicas (AP). Neste caso, deve registar-se o investimento como despesa de capital (em geral, usa-se como “proxy” o pagamento da concessionária à construtora), e os fluxos dos futuros pagamentos do Estado à concessionária devem ser divididos em duas parcelas – uma de amortização de dívida, que não conta para o défice, e outra de pagamento de juros, que concorre para o défice.

O caso das SCUT (Norte Litoral, Costa da Prata e Algarve) levou o Eurostat a introduzir, em 2011, uma excepção. Apesar de estas PPP cumprirem o critério de alocação do risco de construção e de disponibilidade ao sector privado, o Eurostat determinou que elas fossem contabilizadas como “on balance sheet”, dado que o Estado decidiu introduzir portagens (em seu benefício e pagas, naturalmente, pelo utilizador) que representavam mais de 50% dos pagamentos do Estado ao parceiro privado.

Por analogia com o conceito de receita mercantil, o Eurostat decidiu que, com a introdução de portagens, o Estado passou a deter a propriedade económica do bem – a Estradas de Portugal passou a ser o novo concedente e a receber as portagens, com o privado a receber por disponibilidade.

A má utilização de modelos de PPP, deficientemente contabilizados no défice e na dívida pública, foi um expediente utilizado por governos despesistas.

Eduardo Catroga

Por toda a parte, e particularmente em Portugal, a má utilização de modelos de PPP, deficientemente contabilizados no défice e na dívida pública, foi um expediente utilizado por governos despesistas, com práticas reiteradas de ocultação da correspondente desorçamentação.

Não é seguro que, no futuro, os novos critérios impostos pelo Eurostat ponham termo a tais práticas. Há sempre imaginação para inventar novas modalidades ou novas cláusulas contratuais para tornear aqueles critérios e para ocultar de novo tais práticas.

Os casos de responsabilidades contingenciais (sobretudo avales do Estado concedidos a grandes empresas privadas ou públicas) e de “arrears” têm sido igualmente grandes fontes de práticas de despesismo e de ocultação de desorçamentação. E a sua contabilização no défice e na dívida pública, mesmo nas atuais métricas impostas pelo Eurostat, continua ser muito deficiente ou virtualmente inexistente.

Por exemplo, no caso dos avales do Estado a uma entidade EPR, a consolidação impede a percepção do risco de execução da garantia; este tipo de casos, com garantias do Estado a bancos privados financiadores de EPR, ocorreu, por exemplo, com EPR regionais, em situação de falência técnica (da Região Autónoma da Madeira, a qual, por seu turno, esteve sujeita a um PAEF, entre 2011 e 2015, em que o Estado Português fez o papel da Troika). Não sendo contabilisticamente exigíveis provisões para estes riscos contingenciais, a concessão destes avales acabou por alimentar um despesismo que urgia cortar radicalmente.

O caso dos “arrears” teve, entre nós, uma importância crucial sobretudo no caso das Finanças Locais, determinando que um grande número de municípios tivesse de recorrer a programas de empréstimo do Estado (em especial, o PAEL de 2012) para reestruturar dívida.

Com essa reestruturação puderam pagar faseadamente estes “arrears”, incrementando em correspondência o seu endividamento de longo prazo e sujeitando-se à disciplina financeira de programas de saneamento financeiro, cuja execução se encontra legalmente fixada e é acompanhada e controlada, indirectamente, pelo Ministério das Finanças.

O livro de Joaquim Miranda Sarmento

Esta breve digressão em torno das questões essenciais que se levantam às insuficiências das métricas contabilísticas na esfera pública, para prevenir ou impedir práticas governamentais de despesismo e desorçamentação, demonstra a oportunidade e a indispensabilidade deste livro que o Professor Doutor Joaquim Miranda Sarmento, em boa hora, escreveu, intitulado Contas Nacionais no Sector Público e Administrativo – como se calcula o défice a dívida pública. Trata-se de uma obra pedagógica e rigorosa que permite ao leitor compreender a racionalidade das métricas fixadas no Manual do Eurostat, de forma simples e focada, mas com o detalhe e o aprofundamento necessários para abordar as questões acima enunciadas resumidamente.

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Muitos comentários e análises que têm surgido sobre as políticas públicas financeiras executadas por governos de Portugal na última vintena de anos pecam justamente por não estarem alicerçadas em bases técnicas rigorosas, que este livro apresenta, fundamenta e exemplifica.

Este livro é, pois, de leitura obrigatória para quem queira compreender adequadamente a evolução das contas públicas e reflectir sobre as políticas financeiras que os governos de Portugal devem executar, com consistência, e sobre o que deve ser feito, para se evitarem novos episódios de despesismo e desorçamentação como os que ocorreram no passado.

O objectivo da criação de condições de sustentabilidade das finanças públicas deve ser interiorizado por todos como uma componente crítica de uma política económica coerente que inclua igualmente medidas estruturais viradas para o aumento da taxa de crescimento económico a médio e longo prazo, essencial para a melhoria duradoura dos níveis de bem-estar social.

O artigo que agora se publica baseia-se no prefácio ao livro “Manual de Finanças Públicas e de Contas Nacionais no Setor das Administrações Públicas: O processo Europeu e o cálculo do défice e da dívida pública” de autoria de Joaquim Miranda Sarmento (colunista do ECO).

O prefácio foi escrito segundo as regras do antigo acordo ortográfico.

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Precários no Estado: Jerónimo de Sousa defende contrato efetivo para trabalho permanente

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

"O PCP considera que a um posto de trabalho permanente tem de corresponder um contrato de trabalho efetivo", afirmou o líder do PCP.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje, em Viana do Castelo, que a “matriz fundamental” do combate à precariedade laboral deve assentar no critério “por cada posto de trabalho permanente, um contrato efetivo”.

“O PCP considera que a um posto de trabalho permanente tem de corresponder um contrato de trabalho efetivo. Não se entende que um trabalhador seja preciso todos os dias, para fazer o mesmo trabalho durante anos e continue com um vínculo precário”, afirmou o líder comunista.

Jerónimo de Sousa, que falava aos jornalistas durante um almoço convívio, na capital do Alto Minho, que reuniu mais de 200 militantes, defendeu a necessidade da definição de critérios sobre a questão.

“Cada um terá a sua opinião. Aqui a questão está em saber se o PS concorda ou não com esta matriz. Tendo em conta especificidades, situações diversas, eu creio que esta matriz resolve muitos dos problemas em relação à precariedade dando o despacho mais célere possível”, disse.

Questionado sobre os números conhecidos, na sexta-feira, que apontam para 16.000 trabalhadores precários na administração local, Jerónimo de Sousa disse que “não se pode combater a precariedade no setor privado se o Estado não dá o exemplo de pessoa de bem, combatendo também a precariedade existente no seu seio”.

O Ministério das Finanças identificou quase 100 mil trabalhadores sem vínculo permanente na administração central e empresas públicas e, até março, vai quantificar os precários existentes neste universo, segundo o referido relatório.

De acordo com o levantamento dos instrumentos de contratação de natureza temporária, existem 89.406 trabalhadores da administração central e do setor empresarial do Estado sem vínculo permanente.

Desse total, a maior fatia diz respeito a contratos de trabalho a termo resolutivo (69.988), seguidos de contratos de prestação de serviços (12.834), de bolsas de investigação (3.662), de contratos de emprego-inserção (1.834) e estágios remunerados (793).

Até ao final do primeiro trimestre deste ano, o Governo pretende apresentar à Assembleia da República um programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na administração pública.

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MoMA expõe arte de países banidos por Trump

  • ECO
  • 4 Fevereiro 2017

Museu de Arte Moderna de Nova Iorque quis marcar uma posição face à decisão de Donald Trump de proibir a entrada nos EUA de pessoas de sete países de maioria muçulmana.

A decisão do Presidente norte-americano de proibir a entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana tem gerado uma onda de indignação. Agora é a vez do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, marcar a sua posição.

De acordo com o The New York Times, o MoMA decidiu expor arte do Irão, Iraque e Sudão. Para isso, foi preciso substituir Picasso, Matisse ou Ensor. Ao lado de cada trabalho, figura também uma mensagem que indica que a obra pertence a um artista proveniente de um dos países abrangidos pela decisão de Trump. A coleção, instalada nas galerias do quinto piso, pretende afirmar os ideais de acolhimento e liberdade “tão vitais para o Museu como para os Estados Unidos”, indica ainda a mensagem citada esta sexta-feira pelo The New York Times.

Entretanto, um juiz federal de Seattle ordenou a suspensão temporária, a nível nacional, da proibição decretada por Donald Trump. O presidente norte-americano já reagiu no Twitter, indicando que este bloqueio judicial é “ridículo” e será anulado.

Ainda assim, depois da decisão do juiz federal, o Departamento de Estado dos Estados Unidos revogou o cancelamento de vistos para os cidadãos dos países em causa, avança a agência Lusa.

O Departamento anunciou que cerca de 60 mil cidadãos daqueles países – Iémen, Irão, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão – tiveram os respetivos vistos “provisoriamente revogados” em cumprimento do decreto presidencial. A decisão de revogar o cancelamento, acrescentou, foi tomada depois de notificação do Departamento de Justiça da decisão do juiz federal.

A partir de agora, precisou ainda, as pessoas que estavam abrangidas pelo decreto e que tenham um visto válido podem entrar nos Estados Unidos.

 

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Milhares de pessoas em nova manifestação anti-Trump em Londres

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

Manifestantes juntaram-se ao final da manhã em frente da embaixada dos Estados Unidos e seguiram para Trafalgar Square.

Milhares de pessoas manifestaram-se em Londres, pela segunda vez, para protestar contra uma visita de Estado ao Reino Unido do Presidente norte-americano, Donald Trump, e contra a sua “política racista” de imigração.

Os manifestantes começaram a juntar-se ao final da manhã em frente da embaixada dos Estados Unidos em resposta ao apelo de várias organizações antirracistas, pacifistas e anti-austeridade como “Stand Up to Racism”, “Stop the War Coalition”, “UK Muslim Association” ou “The People’s Assembly Against Austerity”.

Dali seguiram para Trafalgar Square, marchando com cartazes com mensagens como “Não ao Racismo!”, “Não a Trump!”, “Trump para o lixo!” ou “Ele mente!”.

“Todos os que são contra o racismo e pelos direitos humanos devem erguer-se”, lê-se na página da manifestação no Facebook.

Alguns manifestantes criticaram também o “conluio” entre a primeira-ministra britânica, Theresa May, e Donald Trump, que convidou a visitar o Reino Unido.

“Se Theresa May persistir no convite a Trump, vamos paralisar a capital”, lançou aos manifestantes o vice-presidente da “Stop the War Coalition”, Chris Nineham.

O protesto de hoje sucede a outro realizado na segunda-feira, quando dezenas de milhares de pessoas se juntaram em Whitehall, grande avenida do centro de Londres.

Mais de 1,8 milhões de pessoas assinaram por outro lado uma petição que pede que a visita de Trump ao Reino Unido não seja uma visita de Estado, para “poupar” à rainha Isabel II “o embaraço” de um encontro protocolar com o milionário.

Essa petição vai ser debatida no parlamento a 20 de fevereiro.

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Perto de 100 imigrantes resgatados na costa de Chipre

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

A embarcação transportava 93 pessoas e foi descoberta a cerca de 15 quilómetros da costa.

Perto de 100 imigrantes, 47 dos quais crianças, foram resgatados na madrugada de hoje ao largo da costa de Chipre, segundo as autoridades locais.

A embarcação, que transportava 93 pessoas, foi descoberta a cerca de 15 quilómetros da costa e fazia a travessia entre a Turquia e o Chipre, tendo os imigrantes chegado a terra em segurança, após o resgate.

As autoridades de Chipre indicaram ainda que os imigrantes resgatados foram reencaminhados para um centro de acolhimento próximo de Nicósia, depois de terem realizado exames médicos.

Segundo os órgãos de comunicação social locais, os imigrantes afirmaram à polícia que partiram da Turquia e que cada um pagou cerca de 1.850 euros para chegar a Chipre.

Membro da União Europeia, a ilha de Chipre está localizada a 100 quilómetros da Síria, mas até agora não tinha registado qualquer afluência de refugiados.

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Presidente dos EUA assegura que bloqueio judicial “é ridículo” e será anulado

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2017

Um juiz federal de Seattle ordenou a suspensão temporária da proibição de entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana. Trump diz que bloqueio judicial é "ridículo" e que será anulado.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou ridícula a decisão de um juiz federal de bloquear o seu decreto migratório que visa a proibição de entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana e vai anulá-la.

“A opinião deste assim chamado juiz, que basicamente priva o nosso país da sua polícia, é ridícula e será anulada”, disse o novo Presidente norte-americano, numa série de ‘tweets’ na rede social Twitter durante a manhã.

Um juiz federal de Seattle, Estados Unidos, ordenou na sexta-feira a suspensão temporária, a nível nacional, da proibição de entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana, decretada pelo Presidente Donald Trump.

A ordem temporária do juiz James Robart vai manter-se válida em todo o país até ser efetuada uma revisão completa da queixa apresentada pelo procurador-geral de Washington, Bob Ferguson. Em três mensagens na rede social “Twitter”, Trump reagiu à decisão de um juiz de suspender na sexta-feira a lei imposta a 27 de janeiro, uma decisão que obrigou o Governo a comunicar às transportadoras aéreas que estas já podem aceitar de novo todos os passageiros.

“Quando um país não é capaz de dizer quem pode e quem não pode entrar e sair, especialmente por razões de segurança, é um grande problema”, escreveu Trump.

Trump também afirmou que “certos países do Médio Oriente”, os quais não identificou, “estão de acordo com o veto”, porque “sabem que se se permite a entrada a certas pessoas haverá morte e destruição”.

A Casa Branca anunciou que os seus advogados vão apresentar “o mais cedo possível” um recurso da decisão do juiz a fim de restaurar o veto que, na sua opinião, é “legal” e “apropriado”.

“A ordem (executiva) tem como objetivo proteger o país e o Presidente tem o dever constitucional e a responsabilidade de fazê-lo”, indicou a Casa Branca, em comunicado.

O bloqueio é o primeiro golpe para o Governo de Trump e uma vitória politica para os democratas, cujos procuradores-gerais nos estados de Washington e Minnesota haviam interposto.

Juízes federais de vários outros estados norte-americanos agiram contra a ordem executiva de Trump desde que entrou em vigor na passada sexta-feira, mas a decisão de Robart é aquela com maior alcance até agora.

A decisão surgiu depois de Ferguson ter apresentado uma ação legal para invalidar disposições essenciais da ordem executiva de Trump, que afasta refugiados sírios indefinidamente e bloqueia cidadãos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen de entrarem nos Estados Unidos por 90 dias. Refugiados de outros países que não a Síria ficam impedidos de entrar por 120 dias.

“A Constituição prevaleceu hoje. Ninguém está acima da lei, nem sequer o Presidente”, afirmou Ferguson.

Bob Ferguson argumentou, na sua queixa, que a ordem do Presidente viola os direitos constitucionais dos imigrantes e das suas famílias, já que visa especificamente muçulmanos.

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