Maioria das motos envolvidas em acidentes mortais é de grande cilindrada
Estudo da PSP conclui que a maioria dos motociclos envolvidos em acidentes mortais no ano passado tinha cilindrada igual ou superior a 750 centímetros cúbicos.
A maioria dos motociclos envolvidos em acidentes mortais em 2017 era de cilindrada igual ou superior a 750 cm3, segundo os resultados preliminares de um estudo da Polícia de Segurança Pública (PSP) a que a Lusa teve acesso. De acordo com o documento elaborado pela Direção Nacional da PSP, os motociclos com cilindrada superior a 125 cm3, ou seja, que apenas podem ser conduzidos por detentores de carta A, representam três quartos de todos os acidentes mortais com veículos de duas rodas.
Os dados registados pela PSP, responsável pela segurança em ambientes urbanos, revelam ainda que os motociclos (cilindrada igual ou superior a 125 cm3) estiveram envolvidos em 3.407 acidentes de que resultaram 22 mortos e 181 feridos graves, incluindo um peão vítima de atropelamento, o que representa 91% do total de vítimas mortais e 75% de feridos graves. Os restantes 9% foram ciclomotores (cilindrada igual ou inferior a 50 cm3). Dentro dos acidentes com mortos, 14 vítimas seguiam em motos com cilindrada igual ou superior a 750 cm3, três em motos com cilindrada igual a 125 cm3 e quatro em motos com mais de 250 cm3.
A sinistralidade envolvendo veículos de duas rodas a motor e, mais concretamente, os motociclos (cilindrada igual ou superior a 125 cm3) registou em 2017 um forte aumento, com indicadores considerados de risco bastante gravosos a nível nacional e também na área da PSP. O mesmo estudo revela uma incidência de mortalidade na área do Comando Metropolitano do Porto com mais seis mortos e Lisboa com mais cinco mortos. As vítimas mortais, resultantes de acidentes envolvendo veículos de duas rodas motorizadas, eram condutores. Dezoito conduziam motociclos de cilindrada superior a 125 cm3, três conduziam motociclos de cilindrada até 125 cm3 e dois conduziam ciclomotores.
Tomando por análise a natureza do acidente, o estudo revela que as colisões foram as que mais contribuíram para a verificação de vítimas mortais, representando 65% dos condutores vítimas. Durante o ano de 2017, registaram-se 5.825 acidentes envolvendo motociclos e ciclomotores, dos quais 4.427 com vítimas, de que resultaram 24 mortos, 241 feridos graves e 4595 feridos leves, verificando-se, pois, um agravamento geral da sinistralidade, com especial enfoque para o número de vítimas mortais, em que, praticamente duplicou.
Recentemente o Governo anunciou que quer tornar obrigatória a carta de condução para quem conduzir motociclos de 125 cm3 de cilindrada, mesmo que tenha já carta de automóvel, e que vai repensar os mecanismos de inspeção das motas. Em entrevista à Antena 1, a 12 de janeiro, o ministro da Administração Interna disse que o executivo vai repensar a dispensa de formação para quem conduza motas de 125cm3 de cilindrada.
“Temos de repensar aquilo que foi uma decisão que nos suscitou as maiores dúvidas, que foi a dispensa de qualquer formação para quem, tendo uma carta de ligeiros, possa comprar uma mota até 125 cm3 e imediatamente sair para a estrada”, afirmou o Eduardo Cabrita. Eduardo Cabrita considerou ainda “absolutamente inaceitável” o elevado número de atropelamentos, sobretudo nas zonas urbanas, e admitiu generalizar nestas áreas os limites de velocidade de 30km/h, que já existem em alguns bairros.
Em fevereiro, o Grupo de Ação Motociclista (GAM) organizou um protesto em seis cidades do país, que atraiu milhares de participantes, contra o que chamaram “a farsa das inspeções às motos” e “manipulação da sinistralidade” rodoviária, referindo-se a conclusões de que o aumento da sinistralidade rodoviária em 2017 tenha sido provocado por mais acidentes com motos de 125 cm3.
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