Renda da casa custa metade do salário médio em Portugal

Uma casa com 90 metros quadrados, que é a área média dos alojamentos familiares em Portugal, custará perto de 400 euros. O rendimento líquido médio nacional é de 856 euros.

Arrendar uma casa em Portugal custa perto de metade do salário líquido médio que é oferecido a cada trabalhador. O valor fica muito acima daquela que é taxa de esforço recomendada e chega até a níveis mais altos em algumas regiões do país.

Os dados inéditos divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem, pela primeira vez, fazer um retrato do mercado de arrendamento em Portugal. E os números vêm comprovar aquela que já era a perceção no mercado: tanto os preços de venda como as rendas estão a atingir valores difíceis de comportar para o trabalhador médio.

A nível nacional, as rendas fixaram-se, no ano passado, num valor mediano de 4,39 euros por metro quadrado. Segundo os últimos Censos realizados pelo INE, em 2011, a maioria dos alojamentos familiares clássicos em Portugal tinha entre 80 e 99 metros quadrados. Assumindo, assim, uma média de 90 metros quadrados por casa, pode assumir-se que uma renda terá um valor mediano de 395,10 euros.

O valor varia muito de região para região e dispara, sobretudo, nas áreas de Lisboa, Algarve e Porto, as mais caras do país. Na Área Metropolitana de Lisboa, ainda de acordo com os Censos de 2011, a maioria das casas também teria à volta de 90 metros quadrados. Aqui, com valor mediano de rendas de 6,06 euros por metro quadrado, a renda já seria de 545 euros por mês. Afunilando ainda mais a análise, as rendas no município de Lisboa fixaram-nos nos 9,62 euros por metro quadrado. No município, a maioria das casas já tem cerca de 70 metros quadrados, o que significa que a renda mediana, por uma casa deste tamanho na capital, rondará os 673 euros por mês.

Tendo por base a renda de 395,10 euros a nível nacional, a renda mediana em Portugal representa 46,15% do rendimento médio mensal líquido que a população portuguesa auferiu no ano passado, no valor de 856 euros. Isto assumindo um agregado familiar em que apenas uma pessoa aufere rendimento.

Na região de Lisboa, os salários até são mais elevados do que no resto do país, mas as rendas são de tal forma superiores que a taxa de esforço também é maior. Considerando a renda mediana de 545 euros na Área Metropolitana de Lisboa e um rendimento líquido médio de 992 euros nesta zona, um lisboeta médio tem de pagar quase 55% do salário por uma renda.

No documento Nova Geração de Políticas de Habitação, o Governo assume que a população que tem uma sobrecarga de despesas com habitação, em regime de arrendamento, é aquela que tem uma despesa anual associada à habitação superior a 40% do rendimento disponível. Atualmente, 35% da população que arrenda casa está nessa situação e o objetivo do Governo é reduzir essa proporção para 27%.

Mas a taxa de esforço recomendada é até abaixo deste valor. No caso da concessão de crédito para a compra de casa, os bancos procuram que a taxa de esforço dos compradores não seja superior a 30%.

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