Diretor da Nissan considera que prisão de Ghosn é “uma boa oportunidade” para rever aliança com Renault
Uma semana depois da detenção e destituição de Carlos Ghosn, Saikawa, diretor executivo da Nissan, quer proceder à revisão do acordo entre as construtoras automóveis.
Depois da detenção e demissão de Carlos Ghosn, por alegada fraude fiscal, a Nissan quer aproveitar a ocasião para rever a aliança que, até agora, estabelece com a francesa Renault e a japonesa Mitsubishi. Quem o terá anunciado foi Hiroto Saikawa, diretor executivo da Nissan, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, que cita fontes da própria Nissan.
Saikawa considera que esta é “uma boa oportunidade” para rever o acordo entre as construtoras, citado no Financial Times (acesso livre, conteúdo em inglês), uma vez que, na sua opinião, a aliança não está estabelecida “entre iguais”.
A posição da Nissan terá sido anunciada esta segunda-feira num encontro com trabalhadores, uma semana depois da prisão de Gohsn, em Tóquio.
Ao mesmo tempo que investidores, diretores e trabalhadores ainda estão a reagir à detenção do homem que dirigia a Nissan, as questões multiplicam-se. Agora, com a notícia que dá conta da intenção de rever a aliança entre as fabricantes automóveis, o laço entre a Renault, a Nissan e a Mitsubishi já não está tão forte e a fusão que Ghosn preparava levanta dúvidas.
Fusão em águas paradas?
Antes de ser detido, Carlos Ghosn estava a preparar uma fusão entre a Renault e a fabricante automóvel nipónica. Contudo, os planos de fusão não eram do agrado dos membros da administração da Nissan, que estariam a estudar formas de bloquear a operação. De acordo com fontes próximas da administração da Nissan, a proposta de fusão deveria ocorrer “dentro de poucos meses”.
Carlos Ghosn, além de presidente executivo do grupo Nissan, liderava a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que agora está sem presidente. Basicamente, o elo entre as três marcas funciona da seguinte maneira: a Renault possui 43% da Nissan, que, por sua vez, possui 15% da Renault. Entretanto, desde 2016, que a Nissan também possui 34% da Mitsubishi. O esquema foi acordado na sequência da Nissan ter, quase, caído em bancarrota.
Mas, se, por um lado, a Nissan quer rever o acordo, por outro, o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, e o ministro da Economia japonês, Hiroshige Seko já tinham, antes, reafirmado o seu “forte” apoio à aliança entre a Renault e a Nissan. A aliança deu origem ao “primeiro construtor automóvel mundial e a um dos maiores símbolos da cooperação industrial franco-nipónica”, lembraram os dois responsáveis, exprimindo a vontade de manter esta “cooperação vencedora”.
Em 2017, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi atingiu, pela primeira vez, o primeiro lugar mundial do setor com 10,6 milhões de veículos vendidos.
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