José Miguel Júdice: “Quem manda no país é António Costa e não Marcelo”
O ex-militante do PSD, em entrevista à RTP, critica Rui Rio, elogia António Costa, mas duvida da maioria absoluta socialista nas legislativas de outubro. Júdice teme que Marcelo "caia no ridículo".
José Miguel Júdice diz que António Costa vai ganhar, Rui Rio vai perder e que a diferença entre ambos vai ser grande. Em entrevista à RTP, o advogado e ex-militante do PSD faz uma antecipação das eleições legislativas de outubro. Porém, assume que “há seis meses, a maioria absoluta do PS era óbvia, mas agora já tenho algumas dúvidas porque há um estilo e estratégia do primeiro-ministro que começa a dar nas vistas”.
“António Costa conseguiu extrair da geringonça tudo o que ela poderia dar. Ter a maioria absoluta é governar sem álibis. No segundo mandato quer governar para ficar para a história e aí vai ser mais difícil”. Porque, sublinha o advogado, “há decisões que andam a ser adiadas há demasiado tempo”. Realçando o episódio da não renovação do mandato da ex PGR Joana Marques Vidal, Júdice diz que quem manda no país é António Costa e não Marcelo de Rebelo de Sousa. “Esse episódio da Procuradora-Geral da República demonstrou isso mesmo”.
O primeiro-ministro atual “mudou o paradigma da política atual” e tornou os portugueses “mais felizes, já que estavam deprimidos”.
José Miguel Júdice entrou para o PSD em 1981, um ano após a morte de Sá Carneiro. Mais tarde, integrou o movimento interno do PSD, conhecido por ‘Nova Esperança’, de apoio a Cavaco Silva. Em 2007 e após 25 anos, desvinculou-se do partido. É sócio da maior sociedade de advogados portugueses — a PLMJ — fundada nos anos 70 e que conta atualmente com mais de 300 advogados.
Chamou Rui Rio, enquanto presidente do PSD, “um erro de casting“ e questiona-se: “O que é que Rui Rio vai fazer?”. Disse mais: “Não tem jeito para aquilo, é um verdadeiro erro de casting”. Acrescentando ainda que Rio corre o risco sério de ser o líder social-democrata com “piores resultados eleitorais da história do PSD”.
Defendeu ainda que o maior terrorismo que Portugal pode sofrer é o avanço de soluções autocráticas, falando na experiência francesa com Le Pen e na brasileira, com Bolsonaro. “Temos todos, políticos e jornalistas, ter alguma calma. O populismo de direita não são os saudosistas salazaristas”.
O advogado considera o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa “um populista do centro“. E considera que a entrada em direto no programa da Cristina Ferreira, na SIC, foi sede de populismo. “E depois fica viciado”. E o problema, diz Júdice, “é que nós também ficamos viciados. Vamos querer sempre mais. E se ele começa a dar menos, nós começamos a ficar preocupados e depois ele começa a dar ainda mais”. Mas não acho que tenha sido assim “tão grave” — referindo-se ao mesmo telefonema no programa da SIC. Mas, a verdade, é que depois “pode cair no ridículo”. E acrescenta que o populismo de Marcelo pode ser perigoso por ser “agradável de mais”.
No que toca à Justiça, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, defendeu que atualmente “a Justiça peca pela banalização do mal. Tudo é corrupto, tudo é corrupção”. O advogado defende que “se for político, vai tudo”. E criticou ainda a presença de jornalistas nas buscas judiciais. “Acho bem que se investigue, mas com cautela. Andam a caçar elefantes, atiram para todo o lado”. E referiu o caso, em plenos anos 90, dos hemofílicos que colocou Leonor Beleza, à data ministra da Saúde, no banco dos arguidos. “A convicção que tenho é que no Ministério Público há bons e maus, mas há uma necessidade de apresentar trabalho”. Falando no caso dos Vistos Gold, sublinhou que “a PGR da altura” disse que Miguel Macedo fazia parte de uma teia de corrupção e depois não se provou nada”. Na passada semana, o ex-ministro da Administração Interna de Pedro Passos Coelho, foi absolvido de todos os crimes de que estava acusado.
Questionado sobre o balanço do mandato de Joana Marques Vidal, José Miguel Júdice disse que a antecessora da Lucília Gago foi a PGR que mais próxima esteve da estrutura do MP e alimentou o “populismo do Ministério Público, alimentado por alguns órgãos de comunicação social”.
Este mês, José Miguel Júdice deixa de ser oficialmente sócio da PLMJ e passa a receber um ordenado fixo, independentemente dos lucros do escritório.
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