António Mexia sobre a OPA chinesa: “Ambiente está um pouco mais azedo na Europa e EUA”
Presidente executivo da EDP reconheceu à CNBC que o ambiente está "um pouco mais azedo" para a realização da OPA. Adiantou ainda que chegou o tempo para os reguladores clarificarem processo.
António Mexia, presidente executivo da EDP EDP 0,00% , reconhece que o ambiente na Europa e nos EUA está “um pouco mais azedo” para a concretização da oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) sobre a elétrica nacional. E, embora assegure que está a trabalhar normalmente, Mexia diz que chegou o tempo de se clarificarem as questões regulatórias em relação ao processo.
“Vimos o compromisso da CTG com a oferta, vimo-los fazer o que precisavam de fazer. Mas penso que o ambiente tanto na Europa como nos EUA está um pouco mais azedo”, admitiu o gestor português em entrevista ao canal norte-americano CNBC, à margem do Fórum Económico Mundial de Davos.
Mexia respondia a uma questão do jornalista relativamente ao agravamento das tensões entre os EUA e a China, sobretudo depois das acusações americanas em relação à atividade da tecnológica chinesa Huawei (acusada de espionagem) e numa altura em que a guerra comercial entre Washington e Pequim continua sem resolução à vista.
A OPA chinesa foi lançada a 11 de maio, há pouco mais de oito meses. A CTG oferece 3,26 euros por cada ação que ainda não detém na EDP, num negócio avaliado em mais de nove mil milhões de euros. Há também uma oferta em cima da mesa sobre a EDP Renováveis (7,10 euros por ação), processo que está ligado ao sucesso da OPA sobre a casa-mãe. Em bolsa, a EDP está a valer 3,066 euros, abaixo da OPA, e a EDP Renováveis segue nos 7,85 euros.
António Mexia diz que “já se esperava que o processo fosse longo”, com “muitos obstáculos”. Ainda assim, embora o gestor assegure que a EDP continua a trabalhar normalmente, chegou-se a um momento em que é preciso que os reguladores se decidam em relação à oferta. “Estamos num momento em que realmente precisamos de clareza em relação às questões regulatórias. Mesmo que já tivéssemos luz verde de muitos países, porque a EDP atua hoje em 16 países, precisamos de perceber exatamente sobre a regulação europeia e norte-americana e isso, neste momento, é muito importante“, frisou.
"Estamos num momento em que realmente precisamos de clareza em relação às questões regulatórias. Mesmo que já tivéssemos luz verde de muitos países, porque a EDP atua hoje em 16 países, precisamos de perceber exatamente sobre a regulação europeia e norte-americana e isso, neste momento, é muito importante.”
Para já, apenas o regulador brasileiro deu aval à ambição chinesa. Na Europa, subsistem dúvidas em relação ao que poderá ser o desfecho da OPA à luz das diretivas europeias que obrigam à separação dos negócios de distribuição e produção de energia, isto tendo em conta que outra estatal chinesa (a State Grid) já é acionista de referência na REN, que faz a gestão da rede elétrica nacional e poderia ficar sem a autorização para operar caso a CTG viesse a controlar a EDP.
Mexia sublinhou que continua focado em entregar valor aos acionistas. “Temos estado muito focados em entregar valor aos acionistas. Não estamos apenas sentados à espera, temos estado a rodar ativos e a fazer o que é preciso fazer”, notou, apontando para a venda de negócios em Portugal e os novos parques nos EUA.
Na mesma entrevista, desdramatizou a queda dos lucros da EDP nos primeiros nove meses do ano, dizendo que os resultados foram impactados com medidas regulatórias “one off”. A elétrica apurou um lucro de 297 milhões de euros até setembro, uma quebra de 74% face ao mesmo período de 2017.
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