Álvaro Sobrinho: “Roubaram três mil milhões aos portugueses”
Álvaro Sobrinho acusou os generais de Eduardo dos Santos, Dino e Kopelipa, e também o Grupo Espírito Santo de serem os principais beneficiários dos créditos irregulares concedidos pelo BES Angola.
Álvaro Sobrinho acusa os acionistas do BES Angola de serem os responsáveis pela falência do banco em 2014, tendo montado um esquema, em conivência com o Banco Central de Angola (BNA), que resultou em perdas de três mil milhões de euros para os portugueses.
A revista Visão escreve esta quinta-feira que “Portugal perdeu para Angola três mil milhões de euros” na manhã de 29 de outubro de 2014, dia em que a assembleia-geral do BESA decidiu que o BES deixaria de ter qualquer posição no banco, reconhecendo perdas de 273 milhões de euros, enquanto o Novo Banco perdoava 80% da dívida do do BESA ao BES, ficando apenas com 9,7% do capital, e reconhecendo perdas de 2,75 mil milhões de euros.
Dessa assembleia geral, da qual a representante legal do BES foi impedida de participar, segundo as atas a que a Visão teve acesso, resultou ainda que o BESA passaria a ser o Banco Económico.
“Quem disse que o banco tinha problemas e estava falido foram os donos. Os mesmos que agora são donos outra vez! Nem gosto de falar muito porque revolta-me. Isto foi um assalto. Fiquei sem uma parte do banco. O BES ficou à deriva. Roubaram três mil milhões aos portugueses“, declarou Álvaro Sobrinho, que liderou o BESA entre 2001 e 2012, em entrevista à Visão.
E quem beneficiou da resolução do BESA? “O Estado angolano, mas principalmente estes acionistas, porque entraram sem capital nenhum e beneficiaram de créditos que Ricardo Salgado lhes atribuiu num determinado período. Houve ali um golpe para ficar com o banco”, sublinhou Sobrinho.
"Quem disse que o banco tinha problemas e estava falido foram os donos. Os mesmos que agora são donos outra vez! Nem gosto de falar muito porque revolta-me. Isto foi um assalto. Fiquei sem uma parte do banco. O BES ficou à deriva. Roubaram três mil milhões aos portugueses.”
Na mesma entrevista, Álvaro Sobrinho revelou que os generais de José Eduardo dos Santos, Dino e Kopelipa, e também o Grupo Espírito Santo foram os principais beneficiários dos créditos irregulares concedidos pelo BESA.
Já Ricardo Salgado, confrontado pela revista com documentos que desconhecia, disse que “ficou evidente que o Banco de Portugal e as instituições financeiras que resultaram da resolução [do BES] deram um presente a Angola”.
Álvaro Sobrinho assumiu responsabilidades pela gestão do BESA, mas rejeita que tenha sido o banco angolano o responsável pela falência do BES. “O BES não faliu por causa do BESA. (…) O que aconteceu ao BESA não foi uma falência, foi um conjunto de imposições do BNA que alegou imparidades de crédito monstruosas e transferiu o crédito do BES ao BESA, para cobrir essas imparidades”, explicou Sobrinho.
Culpou sobretudo Amílcar Morais Pires pela falência do banco. “Para mim o grande causador da derrocada do banco foi ele, porque foi inventando produtos aqui na sala de mercados do BES e vendendo a particulares e a instituições, usando a rede do grupo”.
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