Movimento 5.7, a unir as direitas e os não socialistas
A plataforma liderada pelo deputado do PSD, Miguel Morgado, quer unir liberais e conservadores, democratas-cristãos e os social democratas... os não socialistas.
O que une Miguel Morgado, deputado do PSD, Cecília Meireles, vice-presidente do CDS-PP, e Carlos Guimarães Pinto, presidente da Iniciativa Liberal? São “não socialistas” e, agora, membros do Movimento 5.7. O novo movimento já tem manifesto publicado, é uma plataforma que quer federar as direitas que estão contra a ditadura ideológica imposta pela esquerda, e ficou a perceber-se logo nesta iniciativa – se fossem precisas mais evidências – que o Movimento 5.7 viverá (ou não) da sua diversidade e da diferença. Dos liberais aos conservadores, dos democratas-cristãos aos social-democratas (os não socialistas, talvez na única referência velada a Rui Rio).
A sessão da apresentação desta plataforma foi diferente desde logo na forma. Miguel Morgado, o rosto do Movimento 5.7, escolheu um espaço aberto ao rio, junto ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. E tentou, ele próprio, na intervenção de encerramento da sessão – descontraída q.b, sem lugares sentados, como se um encontro de amigos se tratasse – descobrir o que juntava pessoas que não pensam exatamente da mesma forma. Porque Portugal precisa de todos eles, e enunciou-os. Dos liberais e da sua cultura de responsabilidade, dos conservadores e da consciência do legado civilizacional, dos democratas-cristãos e da sua ética social, dos social-democratas “não socialistas” e da sua atenção aos mais desfavorecidos. Pelo meio, alguém gritou “e dos monárquicos”. Contra a estagnação económica dos últimos 20 anos, ouviu-se várias vezes.
Quem estava presente? Jovens, muitos, algumas figuras públicas como Zita Seabra, antigos membros do governo de Passos Coelho como Pedro Lomba, e anónimos, provavelmente alertados para a sessão de apresentação da plataforma graça sà (má) publicidade de políticos e opinion makers da esquerda nas redes sociais à nova plataforma. A lista de fundadores, essa, é longa, e integra pessoas como Rui Ramos, Maria João Avillez, Jorge Bleck, António Nogueira Leite e Sofia Galvão, entre outros.
A sessão, essa, começou de forma surpreendente. Foi Carlos Guimarães Pinto a lançar o mote que, por momentos, ‘assustou’ os presentes. O presidente da Iniciativa Liberal começou por fazer uma pergunta, para depois, dar a sua própria resposta. O Movimento 5.7 é uma frente de direita ou um espaço “não socialista”? “Prefiro esta segunda designação”, disse. “Tenho algum pejo em dizer que sou de direita porque a direita em Portugal sempre foi socialista”, disse, perante o olhar surpreendido e expectante dos presentes. Por onde iria? Carlos Guimarães Pinto aproveitou a sessão para dar a conhecer o Iniciativa Liberal, um partido recente que vai disputar, nas europeias, as suas primeiras eleições, com o economista Ricardo Arroja como cabeça-de-lista. E desfiou críticas duras à direita que permitiu que Portugal tivesse “o pior primeiro-ministro de sempre”, referindo-se a José Sócrates. E que entregou uma geração inteira ao Bloco de Esquerda. Guimarães Pinto falou das novas causas, do crescimento, da descentralização, da concorrência e do direito “à liberdade de escolha” na saúde e na educação.
Cecília Mireles, ela própria a revelar alguma surpresa pela agressividade política do seu antecessor, logo aproveitou para assinalar as diferenças de quem participa neste movimento. “Há várias direitas no espaço da direita”. E, numa resposta aos que criticam os membros do CDS de pertencerem a um movimento liderado por Miguel Morgado (PSD), a deputada e vice-presidente de Assunção Cristas justificou a necessidade de intervenção “além do plano partidário” (…) E não estamos aqui para apagar as diferenças partidárias”. Voltou, logo a seguir, ao que une os não socialistas: A defesa do “pensamento crítico” como alternativa à “agenda ideológica”. O mérito e o trabalho como mola social, e a iniciativa privada em primeiro lugar.
Foi Miguel Morgado, depois, a unir as diferenças que se perceberam no palco. Mas, como garantiu no final aos jornalistas, esta plataforma não quer ser partido, nem sequer uma base para suportar a sua própria candidatura à liderança do PSD. O Movimento 5.7 não vai realizar iniciativas no período de campanha eleitoral das europeias, em maio, nem em setembro e outubro, antes das legislativas.
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