CGTP: só emprego estável e melhores salários garantem sustentabilidade das pensões
Um estudo da FFMS concluiu que aumentar a idade da reforma em três anos adiaria o défice da Segurança Social até 2070, mas para a CGTP essa não pode ser uma solução.
O secretário-geral da CGTP considerou, esta sexta-feira, que a sustentabilidade financeira da Segurança Social não se resolve com o aumento da idade da reforma, mas com emprego estável e melhores salários que darão origem a uma subida das contribuições.
Arménio Carlos reagia assim em declarações à agência Lusa aos resultados de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que será divulgado esta tarde em Lisboa, o qual defende um aumento da idade da reforma para evitar transferências do Orçamento do Estado (OE).
O estudo indica que o número de pensionistas deverá crescer de 2,7 para 3,3 milhões até 2045, o que deveria levar ao aumento da idade da reforma, para evitar transferências do Orçamento do Estado (OE).
“Não é assim que se resolve o problema, pelo contrário vem agravar o problema que hoje já temos. A sustentabilidade financeira da Segurança Social não se resolve com o aumento da idade da reforma, mas sim com a criação de emprego estável e seguro, melhores salários que vão levar a um aumento das contribuições e isso é que dá sustentabilidade”, esclareceu.
No entendimento do secretário-geral da CGTP, só assim será possível melhorar as pensões dos atuais pensionistas e também assegurar uma reforma digna para os trabalhadores no futuro.
“O problema que nós temos agora em Portugal é outro. É que a manutenção do modelo baixos salários/trabalho precário está a empobrecer todos os que estão no ativo e os que vão entrar no ativo. Se esta política do governo não for alterada corremos o risco de ter daqui a 10/20 anos gerações que vão reformar-se com pensões miseráveis”, frisou.
Por isso, Arménio Carlos defende que a solução passa por aumentar os salários, criar estabilidade, segurança no emprego, combater a precariedade e dignificar o trabalho e os trabalhadores.
O secretário-geral da CGTP destaca também a introdução do valor acrescentado líquido com uma contribuição suplementar para as empresas com poucos trabalhadores, mas com lucros elevados.
O estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos indica que o número de pensionistas deve crescer consideravelmente”, entre 2020 e 2045.
“Aumentar a idade de reforma parece ser a forma mais eficaz de minorar a necessidade de financiar o sistema com recurso a transferências do OE”, concluiu a equipa de investigadores coordenada por Amílcar Moreira.
No estudo sobre a “Sustentabilidade do Sistema de Pensões Português”, adjudicado ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa pela FFMS, os investigadores consideram estar “indelevelmente marcado pela evolução demográfica”.
Perante a perspetiva de uma redução de 23% da população total de Portugal nos próximos 50 anos, os autores afirmam que a diminuição da população em idade ativa será de 37%, entre 2020 e 2070, o que “limitará, de forma decisiva”, o potencial de crescimento da economia portuguesa no mesmo período.
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