Só um em cada três preços-alvo “acerta” no alvo na bolsa de Lisboa. Pontaria é pior no PSI-20
Só um em cada três preços-alvo atribuídos pelos analistas a cotadas da bolsa nacional são atingidos ou superados pelo valor de mercado das ações. No PSI-20, o rácio de sucesso cai para um em cinco.
Os analistas estão com fraca pontaria. Só um em cada três preços-alvo atribuídos pelos bancos de investimento às cotadas da bolsa nacional são atingidos ou superados no mercado. A conclusão consta do Relatório Anual sobre a Atividade de Análise Financeira de 2018, divulgado pela CMVM esta quarta-feira. Os cálculos do regulador mostram que a pontaria dos analistas é ainda menos “certeira” no PSI-20.
“Um pouco menos de uma em cada três previsões de preço-alvo foram atingidas ou superadas (uma proporção inferior à verificada no período homólogo anterior), o que ocorreu nomeadamente para projeções de preço alvo emitidas para um horizonte temporal de 12 meses e para o final do ano civil de 2017”, refere a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). No caso do índice de referência, o rácio de sucesso baixa para um em cinco preços-alvo.
Para esta análise, foi tida em consideração a comparação entre os preços-alvo emitidos para um determinado horizonte temporal e os preços de mercado que se verificaram no final desse horizonte temporal para o período compreendido entre 1 janeiro 2017 e 30 setembro 2018.
É considerado que o preço-alvo é atingido ou superado quando em recomendações com a natureza “comprar” ou “manter” o preço de mercado registado na data do horizonte temporal é igual ou superior ao preço-alvo. Da mesma forma, o preço-alvo é atingido ou superado quando perante recomendações “vender” a cotação de mercado verificada na data do horizonte temporal é igual ou inferior ao preço-alvo.
Tendo em conta esses pressupostos, os bancos de investimento mostram ser mais certeiros na atribuição de recomendações de “manter” do que nas de “comprar”. Neste último caso, a proporção baixa para um em cinco, o que segundo a CMVM se deve “ao baixo grau de superação dos preços-alvo com horizonte temporal para o final de 2018”.
Mas o facto de o preço-alvo de uma recomendação de investimento ser atingido, com base nos pressupostos assumidos pelo regulador, não significa necessariamente que este “acerte em cheio”. Ou seja, que não possam existir diferenças relevantes entre a cotação de mercado verificada na data do horizonte temporal e o respetivo preço-alvo.
A CMVM comprovou, por exemplo, que em 40% das recomendações de “comprar” em que os preços-alvo foram atingidos ou superados, o desvio apurado na data do horizonte temporal foi superior a 9,67% (2 p.p. inferior ao do ano transato). “Isto significa que, nestes casos, o preço de mercado que se verificou no final do horizonte temporal da recomendação ultrapassou o preço-alvo em mais de 9,67% desse preço-alvo”, diz a CMVM.
Por sua vez, em 60% das recomendações “Comprar” em que a previsão de preço-alvo dos analistas não teve sucesso o desvio foi superior a 17,30% (14,23% no período homólogo anterior), é dada ainda nota.
Quem acerta mais? E em quem?
O grau de sucesso na atribuição de recomendações não é, contudo, similar em todas os bancos de investimento. Na comparação entre os intermediários financeiros que emitiram cinco ou mais recomendações no período analisado, a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias, identificou três como sendo os melhores. Nomeadamente, a Kepler Cheuvreux (58,3%), o BNP Paribas (50%) e a Jefferies (45,5%), que foram os que atingiram “o mais elevado grau de sucesso no alcance dos preços-alvo para a totalidade das recomendações emitidas”.
No relatório anterior, nenhum dessas casas de investimento tinham surgido em posição de relevo neste tipo de avaliação, situação a CMVM diz sugerir “não existir persistência ‘temporal’ de casos de sucesso entre os intermediários financeiros”.
Já no que respeita ao ranking de maior número de recomendações, destacam-se bancos de investimento nacionais. Especificamente, o BPI com 94 recomendações e a Caixa BI, com 42 (total de 483 recomendações), sendo que o respetivo grau de sucesso no alcance dos preços-alvo foi de 14,9% e de 33,3%. Ou seja, bastante abaixo dos bancos de investimento internacionais mais “certeiros”.
Proporção de recomendações em que o preço atinge ou passa o preço-alvo
Já no que respeita aos alvos das recomendações, a EDP Renováveis sobressai como o título em que os preços-alvo emitidos a 12 meses registaram maior pontaria (50% das avaliações foram atingidas). No relatório de 2017, tinha sido a Galp Energia, situação que segundo o regulador denota igualmente que “ao nível dos títulos parece não haver persistência ‘temporal’ no acerto dos preços-alvo”.
Ao analisar as recomendações sem ter em conta nem o horizonte temporal, nem a tipologia, os resultados alteram-se de alguma forma. Considerando títulos para os quais foram emitidas dez ou mais recomendações, o título em que se verificou uma maior proporção de acerto dos preços-alvo passa a ser o BPI (82%), seguido da EDP Renováveis (54%).
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