Mais fragmentado, mais populista. Será assim o Parlamento Europeu depois das eleições
Eleições europeias estão acontecem entre 22 e 26 de maio, dia em que os portugueses vão às urnas. Sondagens prometem nova configuração do Parlamento Europeu.
A um mês das eleições que ditarão a composição do Parlamento Europeu nos próximos quatro anos, sondagens feitas por toda a Europa prometem mudanças significativas na composição do hemiciclo. O futuro deverá trazer um Parlamento cada vez mais dividido, onde as principais famílias políticas perdem deputados enquanto as vozes nacionalistas e anti-UE ganham espaço.
As famílias políticas mais relevantes das últimas legislaturas – o Partido Popular Europeu e os Socialistas e Democratas – deverão perder a maioria num hemiciclo que será mais fragmentado. Ainda assim, um bloco maioritário pró-europeu parece ao alcance dos democratas-cristãos e socialistas juntamente com os liberais que deverão aumentar a sua representação e, eventualmente, com os Verdes.
As projeções divulgadas entre fevereiro e abril pelo Parlamento Europeu – com base em sondagens nacionais e compiladas pela Kantar Public -, sobre a distribuição de lugares na próxima legislatura apontaram para algumas tendências que permitem antever a composição da próxima câmara.
O PPE que integra o PSD e o CDS continuará a ser o grupo político com mais deputados, mas deverá perder assentos – alcançando entre 180 a 188 deputados, contra 216 na legislatura que termina. O grupo dos Socialistas e Democratas (onde se incluem os deputados do PS) também estará em vias de reduzir a sua representação, mantendo-se ainda assim como a segunda força – com 149 deputados, segundo a última projeção que inclui o cenário de participação do Reino Unido nas europeias.
As tendências devem, no entanto, ser interpretadas com prudência. As projeções têm em conta a atual configuração de grupos políticos no Parlamento Europeu, mas pode haver realinhamentos e possível formação de novos grupos políticos na próxima legislatura. Isto para além da incerteza relacionada com o Brexit e com a presença dos eurodeputados britânicos. Por outro lado, todos os novos partidos políticos e movimentos que ainda não declararam as suas intenções não foram incluídos nas categorias já existentes.
As várias projeções apontam igualmente para um aumento do grupo dos Liberais que poderá também vir a beneficiar do contingente de eurodeputados do partido de Emmanuel Macron. A confirmarem-se as tendências, os principais grupos do centro europeísta – PPE, Socialistas e Liberais – deverão manter uma maioria parlamentar no hemiciclo mas mais estreita do que nas últimas legislaturas.
Apesar de essa maioria poder vir a ser suficiente para aprovar legislação comunitária e garantir o funcionamento do Parlamento, a próxima câmara será mais fragmentada. Os partidos eurocéticos e de extrema-direita deverão reforçar a sua representação em algumas dezenas de deputados. Daí resultará um hemiciclo mais ruidoso e nacionalista, com mais vozes anti-UE e também politicamente mais incerto.
Apesar da recente vaga verde em Estados-membros como Alemanha e Bélgica, a bancada ecologista não parece conseguir capitalizar o atual bom momento já que deverá aumentar apenas ligeiramente o número de parlamentares alcançado nas últimas europeias (52). Mais à esquerda, o grupo da Esquerda Unitária que inclui o PCP e o BE deverá obter cerca de 50 deputados mantendo-se estável (tinha 52).
Em termos de representações nacionais, a CDU alemã da chanceler Merkel deverá continuar a ser o partido com mais eurodeputados – 30, segundo a última projeção, contra 34 na legislatura que terminou.
Alguns duelos nacionais vão estar no centro das atenções das próximas europeias, sobretudo em França onde a lista do presidente Macron se apresenta com uma visão pró-UE, favorável a uma renascença europeia, nos antípodas do que defende o partido de extrema-direita de Marine Le Pen. Estão muito próximos nas sondagens podendo eleger entre 20 a 22 representantes cada um.
Um bom resultado do presidente francês poderá dar-lhe um novo elã para relançar o projeto europeu. Está também por saber se os eurodeputados eleitos na lista de Macron vão integrar o grupo liberal com quem têm maior proximidade política ou se, porventura, vão optar por constituir uma nova bancada que junte partidos europeístas.
Também em Itália, a noite eleitoral europeia promete agitar as águas. O partido nacionalista do ministro Matteo Salvini, a Liga, poderá alcançar um bom resultado elegendo até 26 parlamentares, segundo a última projeção do PE. Salvini juntamente com Marine Le Pen quer juntar num grande bloco os partidos nacionalistas e populistas. As projeções apontam para uma subida dos grupos anti-imigração e anti-UE. Ainda não é clara a dimensão desse reforço, mas parece pouco provável que seja suficiente para desafiar os partidos do centro que dominam o Parlamento Europeu.
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