BCE quer maior diversificação do risco
Chairman do Conselho de Supervisão sublinhou que a vulnerabilidade a um contágio não se prende apenas com ativos, mas também com a concentração do negócio no próprio país.
A banca portuguesa tem aumentado a exposição à dívida pública nacional, o que representa um risco em caso de choque, segundo Andrea Enria, chairman do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE), que defende que a questão não é só a dívida pública, é a exposição estar concentrada num só país, e não exclui a possibilidade de incentivos à diversificação dos ativos.
“A questão do tratamento da exposição à dívida pública é importante. Na minha opinião, é principalmente uma questão de concentração do risco”, afirmou Enria, num encontro com jornalistas, esta quarta-feira em Lisboa.
O italiano alertou para situações em que os bancos detêm oito ou nove vezes o capital em obrigações emitidas pelo Governo do seu próprio país. “Se há um aumento dos juros destas obrigações, o impacto potencial nestes bancos pode ser muito grande”, disse.
“Do ponto de vista do supervisor, seria positivo ter mecanismos que favorecem a diversificação dos ativos dos balanços” dos bancos, sugeriu Enria, sem especificar como funcionaria esse incentivo à diversificação.
A preocupação com a exposição foi recentemente demonstrada tanto pelo Fundo Monetário Internacional como pela Comissão Europeia. Em Portugal e Itália, a exposição tem aumentado nos últimos anos. Mais de 8% dos ativos detidos pelos bancos portugueses são, atualmente, dívida pública portuguesa, face a cerca de 1% em 2008.
No caso de Portugal, o país tem beneficiado nos últimos anos de uma descida acentuada dos juros da dívida pública tanto em mercado primário como secundário, tendo atingido mesmo mínimos históricos. A preocupação das várias instituições é que, numa situação de subida das yields, haja um efeito em cadeia.
Não colocaria demasiada ênfase no portfolio de dívida pública dos bancos, como o mecanismo de transmissão para isso. O BCE fez análises que mostram que os bancos que têm a sua atividade concentrada num Estado-membro seriam afetados por um choque nesse Estado-membro, independentemente de ter um uma posição elevada ou baixa de dívida pública desse país.
Apesar de alinhar com as preocupações de Bruxelas e Bretton Woods, Enria deixa claro que o contágio não acontece apenas devido à dívida em si mesma. O italiano sublinhou que ter todo o negócio concentrado em solo nacional é que causa a vulnerabilidade dos bancos europeus.
“Não colocaria demasiada ênfase no portfolio de dívida pública dos bancos, como o mecanismo de transmissão para isso. O BCE fez análises que mostram que os bancos que têm a sua atividade concentrada num Estado-membro seriam afetados por um choque nesse Estado-membro, independentemente de ter um uma posição elevada ou baixa de dívida pública desse país”, clarificou.
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