Benfica paga pouco pela dívida. Porto culpa Sporting pelos juros mais altos

Mais investidores e maior procura, apesar de oferecer o juro mais baixo. Contra o Porto e o Sporting, os encarnados marcam golos na liga dos empréstimos obrigacionistas.

O campeonato de futebol, decide-se em campo. Mas no da dívida, o Benfica foi o campeão. A SAD encarnada consegue atrair o maior número de investidores para as suas obrigações, isto mesmo pagando os juros mais baixos. Bateu, nesta “temporada” de financiamento, o Porto que foi castigado pela tensão vivida em Alvalade.

Na véspera da derradeira jornada do campeonato nacional, o Benfica fechou um empréstimo obrigacionista de 40 milhões de euros, operação em que os investidores estavam dispostos emprestar 118,5 milhões de euros (quase três vezes mais), apesar de apresentar uma taxa baixa. A SAD dos encarnados ofereceu um juro de 3,75%, a mais baixa dos empréstimos realizados pela SAD no retalho nos últimos anos.

“Esta é emissão é um símbolo”, disse o CFO do clube, Domingos Soares de Oliveira, na apresentação dos resultados. “Fizemos a primeira emissão obrigacionista há 15 anos. Esta é a nona emissão, e quando vemos o entusiasmo dos investidores, é um marco. Nos últimos anos temos vindo a reduzir o custo do nosso financiamento e pela primeira vez baixamos da fasquia dos 4%“.

Este é o juro mais baixo numa emissão do Benfica e fica abaixo do que os investidores pedem por dívida dos clubes rivais. “Cada SAD tem realidades distintas. O que temos sentido é confiança dos investidores. Não sei o que será o futuro ou se haverá subidas, mas os resultados reconhecem a mais-valia da gestão e que esta é uma taxa atrativa considerando o risco da sociedade”, afirmou o CFO.

Benfica nunca emitiu obrigações com um juro tão baixo

Uma taxa de juro mais elevada foi oferecida pelo Futebol Clube do Porto (FCP). Os azuis e brancos emitiram, em junho, 35 milhões de euros em obrigações a três anos, com uma taxa de 4,75%. Apesar da procura robusta (quase duplicou a oferta), o clube considerou que foi obrigado a pagar mais por culpa dos adversários de Alvalade.

O administrador financeiro Fernando Gomes afirmou, na altura, a SAD portista foi obrigada a rever a taxa de juro em alta, depois de o Sporting ter falhado com o reembolso do empréstimo no prazo previsto. “A circunstância de o Sporting ter falhado o cumprimento da obrigação do seu empréstimo obrigacionista teve peso na decisão da taxa de juro que oferecemos”, disse Gomes. “No empréstimo anterior, pagámos uma taxa de juro de 4,25%. Veja a diferença”, precisou.

O responsável pelas finanças do clube de Pinto da Costa referia-se ao reembolso de 30 mil milhões de euros em obrigações emitidas em 2015 que o Sporting Clube de Portugal (SCP) devia ter feito em março. Não teve capacidade financeira e acabou por ir ao mercado de dívida em novembro para tentar emitir o mesmo montante em novas obrigações que permitiram cumprir com os compromissos.

O clube de Alvalade precisava de conseguir colocar, pelo menos, 15 milhões de euros para conseguir reembolsar um outro empréstimo obrigacionista que estava prestes a vencer. Caso o valor ficasse no mínimo, teria de usar a totalidade dos 15 milhões que tinha em fundos próprios para conseguir reembolsar os investidores da anterior emissão.

Fotomontagem: Lídia Leão / ECO

Problemas financeiros comprometem confiança dos investidores

O Sporting acabou por conseguir 26,16 milhões de euros em títulos que vencem em 2021 e teve de aliciar os investidores com a taxa de juro mais elevada entre as últimas emissões dos três grandes: 5,25%. Mas o processo foi tudo menos pacífico, com críticas do clube à banca e muitos apelos aos adeptos para participarem na operação.

O presidente dos verde e brancos, Frederico Varandas, agradeceu aos investidores “porque acreditaram na Sporting SAD” e ajudaram a ultrapassar “barreiras que seriam difíceis de superar”. As barreiras a que se referia eram não só a incapacidade de reembolsar os anteriores investidores (no meio de uma guerra na liderança da SAD que acabou por afastar Bruno de Carvalho), mas também a banca.

O Sporting estava (e continuar a estar) a braços com uma reestruturação financeira, que implica o prolongamento do reembolso de 41 milhões de euros em dívida junto do BCP e do Novo Banco. Conseguiu recentemente ganhar tempo com a cedência dos direitos de transmissão televisiva à Apollo, pretendendo, agora, que este processo fique “concluído até ao final da corrente época desportiva”.

Com o investimento em SAD intimamente ligado ao sentimento dos adeptos e ao sucesso dos clubes em campo, a performance em bolsa tem sido semelhante. O Benfica já valorizou 81,07% este ano para 3,06 euros por ação, enquanto o Porto avançou 3,57% para 0,115 euros por ação e o Sporting acumula uma desvalorização de 4,11% para 0,70 euros por ação.

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