Portugal paga juro mais baixo de sempre por dívida a dez anos. Taxa foi de 0,51%

O IGCP emitiu um total de 1.023 milhões de euros em obrigações que atingem a maturidade 2029 e 2045. Taxa no prazo mais curto foi a mais baixa de sempre.

Portugal financiou-se num total de 1.023 milhões de euros em obrigações do Tesouro que atingem a maturidade em 2029 e 2045, conseguindo juros mais baixos que em anteriores colocações. No prazo a 10 anos, a taxa foi mesmo a mais baixa de sempre, em linha com as yields do mercado.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP colocou 753 milhões de euros a dez anos, com um juro de 0,51%. A yield foi a mais baixa de sempre nesta maturidade, comparando com o juro de 0,639% no último leilão de OT a dez anos, que aconteceu a 12 de junho.

Em mercado secundário, as OT com este prazo negoceiam esta quarta-feira com uma yield igualmente de 0,51%, depois de Portugal ter beneficiado na semana passada de fortes quedas nos juros. Os juros neste prazo chegaram a baixar, pela primeira vez, da fasquia de 0,3%.

Já no caso dos títulos de mais longo prazo, ou seja, a 26 anos, Portugal colocou 270 milhões com uma taxa de juro de 1,426%. Esta é a primeira vez, este ano, que Portugal coloca dívida mais longa do que 18 anos, sendo que esta linha de 15 de fevereiro de 2045 foi reaberta após um leilão a 14 de março do ano passado. Nessa altura, Portugal tinha pago 2,80%.

Em mercado secundário, as OT a 20 anos negoceiam esta quarta-feira com uma yield de 1,087%, após terem tocado valores abaixo de 1% pela primeira vez de sempre na semana passada. Os títulos a 30 anos negoceiam com um juro de 1,42%.

Bancos centrais ajudam nos juros, mas procura arrefece

Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, refere que “o prémio de risco de Portugal tem baixado, acompanhando a descida generalizada das yields soberanas europeias onde chegamos a ver os 10 anos alemães abaixo de -0,4%”, em especial devido a fatores externos.

“Os dados macroeconómicos continuam a mostrar algum abrandamento, as previsões relativas ao crescimento económico têm sido revistas em baixo, o que tem levado os bancos centrais a terem discursos mais contidos sem se vislumbrarem as subidas de taxas que no início do ano pareciam uma certeza“, acrescentou.

Apesar de Portugal continuar a conseguir juros mais baixos, o apetite dos investidores por obrigações portuguesas parece ter arrefecido. Nas OT a dez anos, a procura superou a oferta em 1,58 vezes (o que compara com 1,8 vezes no último leilão). Já nas OT a 26 anos, a procura ficou 1,69 vezes acima da oferta (face a 2,8 vezes em março de 2028).

A procura mais ligeira poderá ter sido a razão para o IGCP não ter colocado o montante total indicativo para a operação. A agência liderada por Cristina Casalinho tinha apontado para 1.250 milhões de euros, pelo que o valor emitido ficou 227 milhões de euros abaixo dessa meta.

(Notícia atualizada às 11h20 com comentário)

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