Há 2.200 PME portuguesas a exportar para os Estados Unidos. Vendem 500 milhões em terras do Tio Sam

No conjunto da União Europeia são 150 mil as PME que exportam para os Estados Unidos. Portugal está a meio da tabela em número e valor das exportações.

Um ano depois dos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e dos Estados Unidos, Donald Trump, se terem reunido para darem o pontapé de saída nas negociações sobre o futuro comercial entre a UE e os EUA, os dois blocos trocam entre si mais de três mil milhões de euros por dia. E os negócios não são apenas entre grandes empresas. São cerca de 150 mil as PME europeias que vendem para os Estados, das quais 2.200 são portuguesas.

De acordo com o relatório da Comissão Europeia divulgado esta quinta-feira, sobre o ponto de situação de implementação do acordo, as PME exportaram 77 mil milhões de euros, o que corresponde a 2% do total do que a UE vende aos Estados Unidos. Em Portugal, as 2.200 PME venderam 500 milhões de euros em terras do Tio Sam. Portugal é o sétimo país europeu (em ex-aequo com a Irlanda) onde as PME têm mais peso no conjunto de todas as empresas que exportam para os Estados Unidos (90%). Mas o top é ocupado por Itália (96%) e pela Holanda (94%).

No ponto de situação sobre as discussões, Bruxelas considera que, este ano, “foram alcançadas uma série de ações concretas, levando a relação comercial […] para outro nível”. Porém, admite que as negociações ainda persistem, nomeadamente no que toca à proposta feita pela Comissão Europeia no início deste ano e apresentada aos Estados Unidos em abril prevendo o fim das tarifas nos bens industriais e das barreiras nas exportações.

Esta proposta em discussão visa, assim, a eliminação das tarifas aplicadas aos produtos industriais, sem contar com a área agrícola, e a redução das barreiras, no que toca ao cumprimento de requisitos técnicos, para trocas comerciais entre os dois continentes. “Embora ainda não tenha sido possível concluir as negociações nesta área devido às posições divergentes dos dois lados, a UE continua disponível para colaborar com os EUA nos moldes acordados entre os dois presidentes em julho de 2018”, assinala Bruxelas, aludindo à abolição de tarifas nos bens industriais.

A União Europeia (UE) voltou a exigir que os Estados Unidos eliminem as tarifas aplicadas à entrada de aço e alumínio vindo dos Estados-membros. “A UE continua a defender o fim das tarifas aduaneiras dos EUA sobre o aço e alumínio provenientes da União, medida que também beneficiaria os Estados Unidos, já que os produtores norte-americanos poderiam conseguir esses materiais de forma mais barata”, vinca a Comissão Europeia em comunicado.

Em causa estão as tarifas alfandegárias norte-americanas sobre o aço (25%) e o alumínio (10%) que provêm da UE, aplicadas desde 1 de junho do ano passado e que deterioraram as relações comerciais entre Washington e Bruxelas. Caso tais tarifas fossem abolidas, “a UE poderia também remover as tarifas de reequilíbrio aplicadas às exportações dos EUA”, assinala o executivo comunitário.

No que toca ao fim das barreiras burocráticas nas exportações, Bruxelas indica que “já foram realizadas três rondas de discussões construtivas sobre a cooperação regulamentar”, nas quais a UE “apresentou ideias sobre uma colaboração mais profunda em setores estratégicos, especialmente relacionados com tecnologias emergentes, como a impressão 3D, a robótica e os veículos conectados”.

Ainda nesta área dos requisitos técnicos, o executivo comunitário destaca os “importantes progressos nas áreas dos produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e segurança cibernética”, apesar de apenas ter sido possível alcançar um acordo de reconhecimento mútuo na área dos medicamentos, em meados deste ano.

A UE e os EUA chegaram, ainda, a acordo conseguido este mês sobre uma quota isenta de tarifas aduaneiras para as exportações de carne bovina sem hormonas para o mercado da União, adianta Bruxelas, classificando este como um “exemplo recente que ilustra a excelente cooperação”, que resultou da declaração conjunta assinada há um ano.

Desde essa altura, os Estados Unidos tornaram-se, ainda, no maior fornecedor de gás natural liquefeito (GNL) e de soja para a UE, o que também veio na sequência de autorizações conseguidas no âmbito destas negociações comercias, conclui a Comissão Europeia.

A União Europeia importa cerca de 14 milhões de toneladas de soja por ano e reconhece que os Estados Unidos são uma “opção de alimentação muito atrativa para os importadores graças aos seus preços competitivos”, pode ler-se no relatório. No seu conjunto, houve um “aumento das exportações de soja dos EUA para a UE de 96% entre julho de 2018 e junho de 2019, face ao mesmo período do ano passado. Estas importações ascenderam a 2,9 mil milhões de euros, o que representa um aumento homólogo de 88%. Esta evolução com que 60% da soja importada pela União Europeia tenha proveniência dos Estados Unidos.

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