Golas inflamáveis foram produzidas por empresa de marido de autarca do PS, escreve a Sábado
Foi a empresa do marido da presidente da junta de Longos, Guimarães, que fabricou as colas antifumo feitas de material inflamável que foram distribuídas às populações.
As golas antifumo distribuídas pela Proteção Civil no âmbito do programa “Aldeias Seguras” e que, afinal, foram produzidas com material inflamável foram fabricadas por uma empresa detida pelo marido da presidente de junta de Longos, Guimarães, a socialista Isilda Silva, avança a Sábado.
De acordo com a revista, a empresa em causa chama-se Foxtrot – Aventura, Unipessoal Lda e tem fins de “turismo de natureza”, de “exploração de parques de campismo e caravanismo, exploração de estabelecimentos de restauração e de bebidas, nomeadamente bares e restaurantes” e de “exploração de minimercados, comércio, importação e exportação de produtos alimentares, bebidas e tabaco”.
De acordo com o Portal da Justiça, a empresa é detida por Ricardo Nuno Peixoto Fernandes, residente em Longos, Guimarães e casado em comunhão de bens adquiridos com Isilda Gomes da Silva, socialista que é atualmente presidente da junta dessa localidade.
Constituída no final de 2017, a Foxtrot vendeu em dois contratos celebrados em apenas sete dias (13 e 20 de junho de 2018) mais de 328 mil euros em kits e golas para a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) produzidas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, não tendo eficácia contra a inalação de fumos apesar de terem esse propósito.
O primeiro contrato era referente à aquisição de 70 mil golas a entregar em 30 dias por 125.706 euros (incluindo IVA) e o segundo, assinado uma semana depois, dizia respeito à compra de 15 mil kits de autoproteção no âmbito do programa “Aldeias Seguras” e a entregar também em 30 dias por 202.650 euros (incluindo IVA).
O programa “Aldeia Segura – Pessoas Seguras” está a ser implementado desde 2018 em vários municípios. Esta sexta-feira, o Jornal de Notícias (acesso pago) revelou que as golas que estavam a ser distribuídas o âmbito deste programa não tinham qualquer propriedade anti-inflamável. Ao jornal, dois oficiais de segurança do distrito de Castelo Branco disseram que “a gola aquece muito” e “cheira a cola”. Estes oficiais queixaram-se também do colete refletor, também feito em poliéster.
Um representante da Foxtrot ouvido pelo mesmo jornal disse que considerava tratar-se merchandising e que a entidade não referiu que os equipamentos “seriam usados em cenários que envolvem fogo”. A Proteção Civil reforçou esse argumento, dizendo que os materiais distribuídos não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas práticas.
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