Maya desvaloriza queda do BCP. “Mercados farão, a seu tempo, apreciação menos marcada por incertezas”
Banco liderado por Miguel desvalorizou 30% em menos de um mês. Gestor garante que metas estratégicas serão cumpridas. Espera que crescimento do negócio compense pressão sobre a margem financeira.
A forte desvalorização das ações do BCP, que negoceiam em mínimos de dois anos, não é uma preocupação para Miguel Maya. O presidente da comissão executiva do banco considera que, a prazo, a avaliação do BCP vai refletir a atividade e não incertezas externas. Diz ainda, em declarações ao ECO, que as metas estratégicas não estão comprometidas.
“A ação do Millennium BCP tem reagido de forma muito intensa à alteração da perceção dos mercados sobre as implicações para o setor bancário de uma conjuntura macroeconómica, caracterizada pela elevada imprevisibilidade e marcada pelo arrefecimento do crescimento económico mundial, pelas fortes tensões comerciais globais, pela maior probabilidade de um hard Brexit e pela crise política em Itália”.
É assim que Miguel Maya explica a desvalorização de quase 12,85% no acumulado do ano. Os títulos aceleraram as perdas no último mês, em que afundaram quase 30% para os atuais 20 cêntimos. O ciclo negro de quedas do BCP já tirou 1,3 mil milhões de euros em capitalização bolsista, que se situa atualmente em 3.057 milhões de euros.
Ações negoceiam em mínimos de dois anos
Ao longo deste período, o BCP apresentou resultados do primeiro semestre, altura em que os lucros aumentaram 12% para 170 milhões de euros. No entanto, as perspetivas de descida nos juros pelo Banco Central Europeu que penalize o setor pressionaram as ações, enquanto o sentimento negativo generalizado nas ações devido à guerra comercial e tensão criada pela queda do Governo italiano também castigaram.
“A ação do Millennium bcp registou uma evolução positiva face ao índice Europeu (STOXX® Europe 600 Banks), quer em 2018, quer no primeiro semestre de 2019. Mas, o agravar das incertezas macroeconómicas e a perspetiva de manutenção de taxas de juros negativas por um período de tempo ainda mais lato, fizeram alterar o sentimento dos mercados relativamente à rendibilidade do setor financeiro em geral e do Millennium BCP em particular, que sendo o único banco cotado em Portugal, centraliza a atenção nas correções“, afirmou Miguel Maya.
"Estou convicto que as principais metas do plano estratégico (2018-2021) que apresentámos ao mercado serão cabalmente cumpridas, não obstante a maior complexidade do enquadramento macroeconómico.”
O presidente da comissão executiva do banco lembra que a a desvalorização das últimas semanas levou as ações a alinharem com a evolução dos principais bancos espanhóis e europeus, que foram também eles penalizados nas últimas sessões. O índice pan-europeu Stoxx 600 Banks desvaloriza mais de 10% no ano.
Plano estratégico não está em causa
Assim, Miguel Maya reafirma os compromissos que o banco assumiu para o período entre 2018 e 2021, no último plano estratégico. E espera que seja suficiente para uma retoma das ações. “A evolução nos próximos trimestres permitirá comprovar o valor do Millennium BCP e os mercados farão, a seu tempo, uma apreciação menos marcada pelas incertezas macroeconómicas do presente“.
No final de 2021, o BCP definiu como objetivo ter seis milhões de clientes face aos 4,9 milhões no primeiro semestre. Quer cortar o rácio de custos face às receitas para 40%, contra os 49% no final de junho, bem como aumentar o return on equity (ROE) de 5,7% para 10%.
Em termos de qualidade dos ativos, o banco estima reduzir as non-productive exposures (NPE ou exposições não produtivas como crédito malparado para 3 mil milhões (face aos anteriores 5 mil milhões). Aos acionistas, o banco — que pôs fim no ano passado a uma década sem pagar dividendos — pretende entregar 40% dos lucros na forma de dividendos.
Maya admite que têm sido feitos “ajustes” à medida que o contexto se altera, mas mantém os compromissos. “É essa a forma de estar do Millennium bcp nos últimos anos: definir um plano, implementar o plano, ajustar iniciativas, cumprir o plano”, afirmou o gestor.
“Estou convicto que as principais metas do plano estratégico (2018-2021) que apresentámos ao mercado serão cabalmente cumpridas, não obstante a maior complexidade do enquadramento macroeconómico, pois a capacidade de entrega das equipas do banco e o reforço da dinâmica comercial que temos vindo a apresentar ao mercado, trimestre após trimestre, permitirá compensar a perda de receitas decorrente das pressões sobre a margem financeira”, acrescentou.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Maya desvaloriza queda do BCP. “Mercados farão, a seu tempo, apreciação menos marcada por incertezas”
{{ noCommentsLabel }}