BCE afunda juros da dívida e euro. Ações dos bancos sem rumo definido

Ações dos bancos oscilaram entre ganhos e perdas, depois de o BCE ter anunciado mais estímulos. Nos juros da dívida e no euro, tendência é de queda.

Após o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado uma nova ronda de estímulos, os mercados reagiram. Enquanto os juros da dívida dos governos foram ao fundo, assim como a moeda única, que tocou mínimos de dois ano, os mercados acionistas observaram minutos de algum entusiasmo em torno dos bancos, que depressa inverteram para terreno negativo.

O índice Euro Stoxx Banks, que inclui os principais bancos na região da moeda única, chegou a avançar 1,7%, depois de Mario Draghi ter anunciado um novo programa de compra de ativos a um ritmo mensal de 20 mil milhões e ainda um novo sistema “dual” para os bancos que guardem dinheiro nos cofres do banco central, permitindo que uma parte destas “poupanças” esteja isenta dos juros negativos. Mas já está a cair 1,6%.

Por cá, o BCP seguiu o mesmo caminho: depois de um avanço de 1,5%, está agora a ceder 0,94% para 0,2004 euros, enquanto o PSI-20, o principal índice português, vai resistindo em alta de 0,13% para 5.013,33 pontos.

BCP em queda. Segue perdas da banca europeia

No mercado cambial, as decisões do BCE atiraram o euro para baixo dos 1,10 dólares. A moeda única cede 0,3633%, tendo chegado a atingir os 1,0954 dólares, o valor mais baixo em dois anos.

Também os juros das obrigações soberanas estão em queda, com a periferia da Zona Euro a registar as descidas mais significativas. A taxa associada à dívida portuguesa a dez anos cai mais de 10 pontos base para 0,15%. Espanha também tem os seus juros cederem mais de 10 pontos para 0,14%. A yield italiana cai 20 pontos para 0,78%.

Foram várias as medidas anunciadas esta quinta-feira pelo BCE, muitas das quais eram esperadas pelos analistas. O banco central não mexeu na taxa diretora, mas para dar resposta à necessidade de ajudar a economia do euro, decidiu cortar a taxa de depósitos para um nível ainda mais negativo, passando-se a -0,4% para -0,5%. Aqui criou dois escalões para mitigar o impactos dos juros negativos nos bancos, sendo que uma parte do excesso de liquidez ficará isenta deste custo. Ao mesmo tempo, avança com um programa de compra de ativos no valor de 20 mil milhões de euros por mês que arranca no dia 1 de novembro.

“Toda a gente está contente”, disse Ana Andrade, analista da The Economist Intelligence Unit. “Escalões [nos juros dos depósitos] é bom para os principais bancos da Zona Euro, mas precisamos de ouvir os detalhes da medida. Tudo o resto são boas notícias para os bancos do sul da Europa“, acrescentou a analista, afirmando que Draghi presenteou os mercados com uma pacote de estímulos “credível”.

“Este pacote deixa Lagarde de mãos atadas. Mas a alternativa seria desapontar o mercado e desencadear condições de financiamento mais apertadas, o que não era desejável”, frisou Ana Andrade.

(Notícia atualizada às 13h48)

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