Portugal financia-se em 1.250 milhões a juros negativos históricos
Tesouro português foi esta manhã aos mercados para financiar Estado em 1.250 milhões de euros. Obteve o montante mínimo pretendido a taxas ainda mais negativas do que anteriores operações.
Portugal continua a aproveitar as condições favoráveis do mercado para se financiar. Desta vez, num duplo leilão de títulos de dívida de curto prazo, o Tesouro português obteve um financiamento de 1.250 milhões de euros, numa operação em que mais uma vez os investidores não se importaram de “pagar” para emprestar dinheiro ao Estado português. As taxas de juros foram ainda mais negativas do que em anteriores operações em consequência do aumento da procura.
No leilão de títulos a seis meses, Portugal obteve 250 milhões de euros a uma taxa de juro de -0,463%, que compara com a taxa de -0,454% do anterior leilão comparável realizado em julho. A procura foi 4,7 vezes superior à oferta, fator que ajudou a baixar o juro da operação.
Já o financiamento de 1.000 milhões de euros em bilhetes do Tesouro a 12 meses registou uma taxa de juro de -0,44%, um valor ainda mais negativo do que os -0,431% observados no último leilão semelhante. Neste caso, os investidores pretendiam o dobro da dívida que o IGCP efetivamente colocou esta quarta-feira.
Bilhetes do Tesouro com taxas cada vez mais negativas
Fonte: IGCP
A República consegue assim um financiamento total 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo, que era o montante mínimo pretendido pelo IGCP liderado por Cristina Casalinho.
Já era expectável que Portugal continuasse a registar taxas negativas neste tipo de operações, tendo em conta a política ultra expansionista do Banco Central Europeu (BCE) — que ainda na semana passada anunciou uma nova ronda de estímulos monetários, incluindo o relançamento de um programa de compra de ativos — e também a melhoria da perceção de risco nos mercados e agências de rating — na sexta-feira passada a Standard & Poor’s melhorou o outlook da dívida portuguesa, justificando a decisão com o crescimento económico e a redução da dívida pública, que contribuem para a sustentabilidade das finanças públicas.
De resto, também nos leilões de dívida de longo prazo o país tem observado uma baixa considerável nos seus custos de financiamento. Há uma semana, o IGCP colocou 600 milhões em obrigações do Tesouro com os investidores a exigirem uma taxa de 0,264%, quase metade do que havia pago no anterior leilão comparável (0,51%), realizado em julho.
No caso da dívida de curto prazo, os juros estão em terreno negativo porque os investidores preferem fazer aplicações nestes ativos de elevada segurança ao invés de parquear o dinheiro nos cofres do BCE, onde é cobrada uma taxa de depósito de -0,5%. Teoricamente, os investidores perdem menos dinheiro a “emprestá-lo” a Portugal do que simplesmente deixá-lo parado em Frankfurt.
(Notícia atualizada às 11h23)
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