Envelhecimento com impacto “agudo” no crescimento em Portugal, alerta Moody’s
A agência que avalia o rating da dívida diz que o crescimento potencial da economia portuguesa recua para zero ou abaixo de zero se não se registarem melhorias na produtividade.
A Moody’s analisou um conjunto de 12 países mais envelhecidos, ou onde as perspetivas de envelhecimento para os próximos 15 anos são mais acentuadas, e concluiu que Portugal está numa situação delicada. Sem melhorias na produtividade, a economia portuguesa deixa de ter capacidade para crescer e fica mesmo numa situação em que o crescimento potencial recua para zero ou abaixo de zero. O impacto do envelhecimento em Portugal será “agudo”.
“O envelhecimento da população terá um impacto significativo no perfil de crédito de um conjunto de economias avançadas. Embora as implicações nos indicadores de crédito soberano se manifestem lentamente, haverá impactos acentuados no crescimento económico, abrandamentos drásticos nos rendimentos e subidas no peso da dívida, que vão fragilizar a situação económica e orçamental, a não ser que os governos adotem medidas efetivas para mitigar o impacto do envelhecimento da população”, diz a agência numa nota publicada esta quarta-feira.
A agência acrescenta que, “especificamente, o crescimento potencial vai recuar para zero ou abaixo de zero em Itália, Japão, Grécia, Portugal e Espanha, a partir do início da década de 30, a não ser que se verifique uma aceleração no crescimento da produtividade que compense o impacto de redução demográfica”.
Portugal faz assim parte de um grupo de cinco países entre os 12 analisados que a Moody’s considera como estando numa situação “aguda”. A agência que atribui nota à dívida pública, uma classificação que serve de barómetro para os investidores, afirma que “enquanto a reforma no mercado laboral e o investimento em tecnologia podem potenciar o crescimento, compensando totalmente os contributos negativos do envelhecimento, era necessária uma viragem sem precedentes no crescimento da produtividade”.
Segundo a Moody’s o impacto do envelhecimento da população far-se-á sentir na riqueza atribuída a cada habitante em Portugal. O crescimento do PIB per capita português vai abrandar de forma marcada, diz a agência, acrescentando que outros países terão o mesmo problema, tais como a Alemanha, Espanha, Itália, Japão e Grécia. Uma queda no rendimento terá, por consequência, impactos negativos adicionais na capacidade dos governos para mitigar o impacto orçamental do envelhecimento.
A demografia é uma das áreas principais do programa eleitoral que o PS levou a votos nas eleições legislativas de 6 de outubro. O aumento das deduções fiscais em sede de IRS em função do número de filhos e a criação de um mecanismo de reforma a tempo parcial, como forma de promoção do envelhecimento ativo e de permanência no mercado laboral, num quadro de desagravamento das horas de trabalho são algumas das soluções que os socialistas incluíram no documento que será convertido em Programa de Governo.
(Notícia atualizada)
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