Investimento de 27 milhões vai dar uma nova vida à frente ribeirinha de Lisboa
A frente ribeirinha da capital vai ganhar uma nova vida, com o nascimento do Cais de Lisboa. Investimento vem, na maioria, das receitas arrecadadas com a taxa turística de Lisboa.
A frente ribeirinha de Lisboa, desde o Terreiro do Paço até à Doca da Marinha, vai sofrer uma transformação. A Câmara de Lisboa (CML) e a Associação Turismo de Lisboa (ATL) vão investir cerca de 27 milhões de euros na construção e reabilitação de novas estruturas, um investimento que vem, na maioria, das receitas obtidas com a taxa turística de Lisboa. Vai ser construído um cais de apoio à atividade náutica, para além de espaços de lazer com lojas e restaurantes. A frente ribeirinha vai, assim, transformar-se no novo Cais de Lisboa.
Esta é “mais uma etapa, muito importante e decisiva, daquilo que é o velho sonho da cidade de Lisboa”, começou por dizer Fernando Medina, durante a apresentação do Projeto de Reabilitação da Frente Ribeirinha Central, que decorreu esta quarta-feira na estação fluvial do Terreiro do Paço. “Vai ser devolvido à cidade algo que a maioria dos lisboetas nunca viu: conseguir ver o rio a partir deste ponto”, continuou.
A transformação da frente ribeirinha no novo Cais de Lisboa resulta de um investimento total de cerca de 27 milhões de euros, dos quais 11 milhões de euros serão assegurados pela ATL, e 16 milhões são provenientes do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, que reúne as receitas obtidas com a taxa turística. “Isto é muito mais do que investir no turismo. A cidade precisava de recursos financeiros para investir em obras que assegurem o desenvolvimento sustentável de Lisboa”, comentou o presidente da CML.
“A decisão de criar uma taxa turística que fosse afeta a esta fundo que permitisse a recuperação do nosso património, foi uma das decisões mais importantes e estratégicas que tomámos nos últimos dois anos“, continuou Fernando Medina. “Os dois euros de taxa turística que serão destinados à recuperação deste património e ao desenvolvimento sustentável da cidade é o melhor investimento que podemos fazer. Valeu a pena termos sido os primeiros”.
De acordo com o diretor-geral da ATL, todo o projeto deverá estar concluído no primeiro semestre de 2020. “Pode haver um acerto final, mas não esperamos grandes desvios”, disse Vítor Costa, referindo que este é um “processo complexo e que integra vários projetos com muitos detalhes e muitos procedimentos”.
As sete etapas do processo: tudo o que vai nascer de novo
Esta transformação vai acontecer em sete etapas, a começar pela reconstrução do Muro das Namoradeiras, que já arrancou, de forma a “repor o muro original”, lê-se na informação cedida. Aqui, os postes de iluminação estão a ser reabilitados e serão repostos, de forma a “reservar a silhueta original deste património simbólico da cidade”.
Será retirado o aterro entre o Cais das Colunas e a Praça da Estação, construído há mais de duas décadas aquando da construção do túnel e da estação do Metropolitano. Já na Ala Nascente do Terreiro do Paço, vai nascer o Bacalhau Story Centre, um espaço em memória aos marinheiros e pescadores, numa “homenagem a um símbolo da gastronomia, da cultura e da história” de Portugal.
A estação Sul e Sueste será reabilitada e lá vai nascer uma zona com cafetaria, quiosque, restaurante e esplanadas, um posto de informação, uma Lisboa Shop e um terminal de apoio aos passeios no Tejo, com a instalação de oito bilheteiras de diferentes operadores. No interior da estação vão ainda nascer o Centro Tejo, um espaço cultural e turístico para iniciativas de valorização do rio e consciencialização ambiental.
Ainda na etapa de reabilitação da estação, os dois pontões da Transtejo/Soflusa serão “reforçados” e serão construídos três novos pontões com passadiços, que irão acolher embarcações.
Entre a estação e o novo Terminal de Cruzeiros, a Doca da Marinha vai tornar-se num espaço arborizado, “onde os peões e as vistas sobre a cidade e o rio recuperam prioridade face ao automóvel”. Aqui serão feitas atividades lúdicas e musicais. Será ainda reabilitado o pontão da Doca da Marinha, de forma a “dinamizar novas propostas de transporte fluvial”.
Na praça central, serão recuperados os espaços públicos junto ao rio e haverá mais percursos pedonais e cicláveis ao longo da frente ribeirinha. É aqui que vão nascer um restaurante e quatro novos quiosques, com esplanadas e casas de banho públicas.
Além disso, a CML e a ATL querem, em parceria com a Câmara de Aveiro, com a Marinha e com o Ministério da Defesa Nacional, recuperar o Navio Creoula, um navio de instrução da Marinha Portuguesa, usado antigamente na pesca do bacalhau. A ideia é, também, trazê-lo para o cais de Lisboa quando não estiver a navegar, anunciou Fernando Medina. Este processo de recuperação, disse o diretor-geral da ATL, deverá demorar mais tempo do que todo o processo de requalificação da frente ribeirinha.
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