Quais os benefícios que a sua empresa pode conseguir ao implementar semanas de trabalho mais curtas?

Empresas como a Microsoft e a Shake Shack já experimentaram realizar uma semana de trabalho mais curta, com apenas quatro dias, e obtiveram um aumento de produtividade.

Segundo a psicologia, devemos ter oito horas de mestria, oito horas de lazer e oito horas de descanso. Cada vez mais, estas oito horas de mestria e oito horas de lazer acabam por se confundir. Mas será que oito horas de mestria são o número de horas de produtividade máxima que um trabalhador pode ter?

A realidade é que ninguém consegue manter a atenção por mais de 1h20. Todos temos ciclos de atenção de 20 minutos. Ao fim de quatro ciclos começamos a perder a atenção. Portanto, face a isto quantas horas é que devemos, efetivamente, trabalhar por dia?

Empresas como a Microsoft e a Shake Shack já experimentaram realizar uma semana de trabalho mais curta, com apenas quatro dias, e afirmaram que os resultados foram incríveis.

Além do acesso, cada vez mais facilitado ao email, o aparecimento de apps como o whatsapp, messenger, skype e até mesmo aquelas mais voltadas ao seio empresarial, como é o caso do slack, veio tornar o contacto com o trabalho mais constante, estando a um clique do smartphone. Ao mesmo tempo, o stress dos funcionários parece estar a aumentar.

Num estudo realizado pela Gallup (empresa de sondagens de opinião) a 7.500 funcionários, publicado em julho do ano passado, descobriu-se que 23% dos trabalhadores afirmavam sentir-se sempre esgotados ou, pelo menos, com muita frequência. Em adição, um estudo com 614 líderes de recursos humanos, realizado pela Kronos Incorporated e a Future Workplace, em 2017, também constatou que a causa de metade da rotatividade anual da força de trabalho, segundo metade dos inquiridos, seria o desgaste e o síndrome de burnout.

Posto isto, torna-se importante as empresas começarem a repensar as suas práticas laborais e experimentarem reformular o tempo de trabalho ou a forma como este é feito no seio da sua organização. Ao estarem empenhadas a combater a tendência workaholic, vemos já organizações a implementar várias soluções com vista a um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal e a uma maior produtividade, inclusive, propondo semanas de trabalho de quatro dias.

Embora uma semana de trabalho mais curta ainda esteja longe de ser comum, a ideia está a começar a ganhar popularidade. Das 60 mil empresas norte-americanas que participaram na pesquisa da Society for Human Resource Management, realizada em abril de 2019, 15% referiu que ofereceu uma semana de trabalho de quatro dias. Isso representa um aumento de 12% relativamente a 2018. Além disso, segundo o estudo, as organizações que implementaram a semana de trabalho mais curta não relataram uma diminuição na produtividade ou receita.

Veja algumas das empresas que já aplicaram esta medida e onde os resultados são visivelmente positivos:

  1. A Microsoft, por exemplo, foi tema de vários artigos quando anunciou os resultados da experiência que realizou durante um mês numa das suas sedes no Japão, durante o qual fechou os seus escritórios todas as sextas-feiras. A empresa descobriu, assim, que tal levou a um aumento de 40% na produtividade.
  2. Shake Shack é uma das várias empresas que testaram a semana de trabalho de quatro dias. A cadeia de restaurantes de hambúrgueres aplicou, em março deste ano, uma semana de trabalho de quatro dias em alguns locais de Las Vegas. Agora cerca de um terço dos locais da empresa adotaram a política. Segundo o Business Insider, o CEO Randy Garutti explica que, embora o cronograma de trabalho de quatro dias ainda esteja em fase de teste, os resultados parecem promissores até o momento. Randy Garutti esclarece que a empresa tenta ouvir os seus trabalhadores e perceber os estilos de vida de cada um, analisando quais são realmente os seus objetivos de vida. Por isso, e também derivado às suas novas políticas, a empresa consegue agora um feedback positivo dos funcionários.
    A semana de trabalho de quatro dias ajuda os trabalhadores a diminuir as suas despesas. Alguns dos funcionários, que têm filhos, conseguem reduzir os custos da ama ou da creche, por exemplo. Para muitas pessoas, este foi um dos fatores que as motivou a candidatarem-se para, inclusivamente, trabalharem na organização.
  3. O Basecamp permite que os funcionários trabalhem quatro dias por semana durante o verão. Durante os meses de verão, a equipa da Basecamp, empresa de software de gestão de dados, começou a trabalhar apenas quatro dias por semana, resultando numa semana de trabalho de 32 horas. “Não se trata de trabalhar mais rápido, mas de trabalhar com mais inteligência“, explicou Chase Clemons, líder da equipa de apoio ao cliente da Basecamp, em entrevista à CNBC. A semana de trabalho de 32 horas ajuda os funcionários a concentrarem-se nas tarefas realmente importantes para o seu trabalho.
  4. A Uniqlo realizou, em 2015, um teste que permitiu que os funcionários trabalhassem 40 horas ao longo de quatro dias, em vez dos habituais cinco. A empresa de roupas japonesa anunciou, em 2015, que permitiria que um quinto dos seus funcionários fizesse uma semana de trabalho com apenas quatro dias. Segundo conta a Bloomberg, a organização ofereceu esta “vantagem”, aos funcionários da loja em período integral, com o objetivo de impedir que estes passassem a trabalhar em part-time por forma a conseguirem um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
  5. O Perpetual Guardian adotou a semana de trabalho de quatro dias a longo prazo, após uma experiência bem-sucedida. A Perpetual Guardian, consultora financeira da Nova Zelândia, é das maiores apoiantes da semana de trabalho de quatro dias. A organização realizou um estudo, em março de 2018, que envolveu os 240 funcionários da Nova Zelândia. Este estudo baseava-se em dar um dia de folga remunerado por semana aos trabalhadores. Os funcionários trabalhavam 30 horas por semana, mas recebiam o mesmo.
    Após a experiência, a empresa descobriu que o envolvimento da equipa e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos trabalhadores tinha aumentado, ao mesmo tempo que o stress diminuía. A empresa implementou efetivamente esta prática desde novembro do ano passado. Andrew Barnes, fundador da sede na Nova Zelândia, tem sido um defensor dos quatro dias de trabalho por semana desde então, criando, inclusive, uma organização sem fins lucrativos para apoiar a ideia.
  6. A Wildbit testou, em 2017, uma semana de trabalho de quatro dias e repete essa abordagem desde então. A empresa de software retirou as sextas-feiras da semana laboral, afirmando que se está a desafiar ao limitar o tempo, ao passo que produz “um trabalho mais preciso e relevante do que quando tinha 40 horas para fazer tudo”, contou a co-fundadora e CEO Natalie Nagele, segundo o Business Insider.
    Desde 2017, a empresa tentou ajustar o seu formato de trabalho, possibilitando alguns membros da equipa de terem as segundas-feiras de folga em vez de sextas. De acordo com a Fast Company, a empresa considerou ainda a implementação de dias de trabalho mais curtos. Este novo sistema ajudou os funcionários a estarem mais focados e a concentrarem-se em tarefas prioritárias.

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