Brexit: 22% das empresas admite pedir indemnizações
Cerca de um quarto das empresas britânicas receiam efeitos de um 'Brexit' desordenado e, um quinto admite a probabilidade de pedir indemnização às seguradoras por perdas potenciais.
As empresas sediadas no Reino Unido já identificaram os riscos do Brexit (saída do país da União Europeia – agora tornada definitiva com a vitória do Partido Conservador nas eleições gerais desta quinta-feira). Uma parte das organizações teme enfrentar um período de complicações que motivem o recurso às seguradoras para reclamar indemnizações devidas por perdas potenciais e eventuais danos nos negócios.
Dados da consultora Mactavish mostram que cerca de um quarto dos responsáveis das empresas britânicas receiam os efeitos de um Brexit desordenado e, um quinto dos inquiridos admite a probabilidade queixar-se à sua seguradora por interrupção da atividade, indica a pesquisa citada no jornal The Times.
Porém, as companhias que lhes venderam as apólices afirmam que algumas das participações poderão ser rejeitadas porque os segurados devem – por lei – informar as seguradoras sobre riscos específicos relacionados com o designado ‘brexit’ e não o fizeram. De acordo com a mesma fonte, 25% dos inquiridos afirma ter cumprido este procedimento, enquanto 18% reconhece que não reportou potenciais riscos.
Com a vitória eleitoral dos ‘tories’ liderados por Boris Johnson a saída do Reino Unido da UE tornou-se definitiva. O processo de anos de incerteza (com quatro Acordos entre as partes) vai finalmente iniciar-se no final de janeiro de 2020, prolongando-se por um período de transição de 12 meses.
Neste quadro, segundo a pesquisa da Mactavish realizada em outubro junto de mais de 930 gestores, 22% destes executivos e dirigentes das empresas sediadas no Reino Unido admite que há forte possibilidade de, nos próximos 12 meses, a sua empresa formalizar uma participação de seguro por perdas potenciais.
Por outro lado, 26% dos respondentes ao inquérito reconhece que a sua organização não fez uma preparação adequada para enfrentar o pós-Brexit.
Os fatores de risco projetados no relatório incluem:
- Capacidade de manter/encontrar fornecedores (assumido por 35% dos inquiridos)
- escassez de pessoal (31%)
- fontes de financiamento, sobretudo em operações centradas na UE (24%);
- colocação de produtos na UE (risco percepcionado por 23% dos inquiridos)
Face a estes números, é razoável concluir que os receios de impacto negativo do Brexit preocupam uma minoria dos executivos britânicos.
Mas quanto à falta de planos de contingência adequados, já em janeiro de 2019 outro relatório da Mactavish avançava a possibilidade de, no futuro, alguns responsáveis das empresas britânicas, sobretudo entre as cotadas em bolsa, poderem ser alvo de ações judiciais (de responsabilidade pessoal) e multas por negligenciarem o cenário de um Brexit sem acordo.
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