Graves ameaças climáticas saltam para o topo das preocupações das empresas

De acordo com o World Economic Forum, confrontos económicos, polarização da política interna, ondas de calor extremas, destruição de ecossistemas e ataques cibernéticos são os riscos para este ano.

As alterações climáticas saltaram diretamente para o topo das preocupações das empresas e dos seus stakeholders (investidores, reguladores, clientes e colaboradores) na edição deste ano do relatório Global Risks Report 2020, divulgado esta quarta-feira pelo World Economic Forum. Mais: pela primeira vez, na perspetiva a 10 anos apresentada pelo estudo (ou seja até 2030), os cinco riscos globais mais temidos são ambientais.

O relatório faz assim soar o alarme no que diz respeito a eventos climáticos extremos com grandes danos; fracasso na mitigação e adaptação às alterações climáticas por governos e empresas; desastres e danos ambientais provocados pelo homem, como o derrame de petróleo e a contaminação radioativa; a perda significativa da biodiversidade e colapso de ecossistemas (terrestre ou marinho) com consequências irreversíveis para o ambiente; e grandes catástrofes naturais como terramotos, tsunamis, erupções vulcânicas e tempestades geomagnéticas.

Para as gerações jovens, refere o relatório para o qual foram ouvidos mais de 750 especialistas e decisores mundiais, o estado do planeta é ainda mais alarmante. “O relatório destaca o modo como os riscos são encarados por aqueles que nasceram depois de 1980, que classificam os riscos ambientais acima dos outros respondentes, a curto e a longo prazo. Quase 90% destes inquiridos acreditam que “ondas de calor extremas”, “destruição de ecossistemas” e “o impacto da poluição na saúde” se agravarão em 2020; comparando com os 77%, 76% e 67%, respetivamente, para gerações mais velhas”, refere comunicado do World Economic Forum, sublinhando que os inquiridos com menos de 40 anos “acreditam também que o impacto dos riscos ambientais até 2030 será mais catastrófico e mais provável”.

A curto prazo, e já para 2020, os riscos mais temidos são os confrontos económicos (78,5%), a polarização da política interna (78,4%), as ondas de calor extremas (77,1%), a destruição de ecossistemas de recursos naturais (76,2%) e os ataques cibernéticos (76,1%).

“A polarização política e económica aumentará este ano, à medida que a colaboração entre líderes mundiais, empresas e decisores políticos é, mais do que nunca, necessária para travar as graves ameaças ao clima, ambiente, saúde pública e sistemas tecnológicos”, refere o mesmo comunicado, identificando estas como as principais conclusões do Global Risks Report 2020.

Países divididos, riscos acrescidos

O relatório prevê também o aumento das divisões nacionais e internacionais e a desaceleração da economia em 2020. “A turbulência geopolítica está a conduzir-nos para um mundo instável, de rivalidade entre grandes potências, numa altura em que os líderes mundiais se devem focar urgentemente em trabalhar em conjunto na resolução de riscos”, dizem os analistas da Marsh & McLennan Companies e do Zurich Insurance Group, que participaram no estudo.

Para Borge Brende, presidente do World Economic Forum, este é o ano em que os líderes mundiais devem começar a trabalhar com todos os setores da sociedade para implementar sistemas de cooperação, e combater os riscos mais enraizados. “O panorama político está polarizado, o nível das águas do mar está a aumentar e os incêndios climáticos prosseguem”, frisou no comunicado.

John Drzik, chairman da Marsh & McLennan Insights sublinha também os recentes incêndios florestais na Austrália e na Califórnia, eventos que estão a pressionar mais as empresas a tomarem medidas relacionadas com o risco climático.Existe uma pressão crescente nas empresas por parte dos investidores, reguladores, clientes e colaboradores para que demonstrem a sua resiliência à crescente volatilidade climática. Os avanços científicos mostram que os riscos climáticos já podem ser modelados com enorme precisão e incorporados na gestão de risco e nos planos de negócio”, garante.

Peter Giger, Chief Risk Officer do Zurich Insurance Group também não tem dúvidas: “É imperativo que empresas e decisores políticos acelerem a transição para uma economia neutra em carbono e modelos de negócio mais sustentáveis. Já estamos a assistir à destruição de empresas que falharam em alinhar as suas estratégias face a alterações políticas e às preferências dos seus clientes. Os riscos são reais e temos de os mitigar”.

O Global Risks Report 2020 foi desenvolvido com o apoio do Global Risks Advisory Board do World Economic Forum, em parceria com a Marsh & McLennan e o Zurich Insurance Group, além dos consultores académicos da Oxford Martin School (University of Oxford), da National University of Singapore e do Wharton Risk Management and Decision Processes Center (University of Pennsylvania).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Graves ameaças climáticas saltam para o topo das preocupações das empresas

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião