Quanto pode render o EuroBic a Isabel dos Santos?

Isabel dos Santos está de saída do capital do banco que fundou, juntamente com Américo Amorim e Fernando Teles, em 2008. Processo de venda dos 42,5% que detém no EuroBic já arrancou.

Isabel dos Santos tem um banco à venda. Depois de terem sido cortadas as relações comerciais no rescaldo da investigação dos Luanda Leaks, a empresária angolana, em risco de deixar de poder exercer os seus direitos de voto, decidiu avançar com a venda da posição de controlo que detém no capital do EuroBic. Processo já está a correr, resta saber quem são os interessados. E por quanto conseguirá vender.

Transferências feitas da conta da Sonangol no banco liderado por Teixeira dos Santos para uma conta de uma entidade por si detida, a Matter Business International, no valor global de 58 milhões de euros, levaram o EuroBic a anunciar uma auditoria interna. Isto ao mesmo tempo que o Banco de Portugal avançou com um pedido de informações ao banco que, no limite, poderiam levar a sanções à instituição, mas também a penalizações aos seus acionistas.

Em cima da mesa pode estar uma medida já adotada pelo supervisor bancário português no caso do BES, que passa pela retirada dos direitos de voto a Isabel dos Santos, havendo uma reavaliação da idoneidade da empresária. Com o apertar do cerco — havia sinais de pressão do Banco de Portugal para que abandonasse o banco — a empresária anunciou que decidiu colocar a sua posição na instituição à venda.

“A Eng.ª Isabel dos Santos tomou a decisão de saída da estrutura acionista do EuroBic”, revelou o banco em comunicado esta quarta-feira. “A operação de alienação da sua participação foi já iniciada, a qual, face à existência de interessados, tem assegurada a sua concretização a muito breve prazo, sujeita, nos termos da lei, à prévia autorização das autoridades competentes”, acrescentou.

O processo está em curso, tendo sido mandatados bancos de investimento para alienarem a posição de 42,5% que detém na instituição, sendo a principal acionista. Isabel dos Santos tem 42,5% do EuroBic através da Santoro Financial Holding SGPS (que detém 25%), com sede em Portugal, e da Finisantoro Holding Limited, que tem 17,5%, com sede em Malta. O luso-angolano Fernando Teles controla 37,5%.

Isabel dos Santos aponta para a “existência de interessados”, mas não se sabem quem são. O Jornal Económico avançou, recentemente, que ainda antes dos Luanda Leaks, a empresária tentou vender a sua participação ao Abanca, Bankinter e ao CaixaBank, sendo que nenhuma das instituições confirmou no entanto qualquer interesse.

Não se conhecem os interessados. E não se sabe também qual o valor que a empresária poderá arrecadar com esta operação, tendo em conta que não existe, ao contrário do que acontece com uma instituição financeira cotada, um valor de mercado. Existe, contudo, um indicador de valor do EuroBic, o capital próprio.

O EuroBic chegou ao final do terceiro trimestre com capitais próprios de 557 milhões de euros, um valor que tendo em conta os resultados positivos que se antecipam para os últimos três meses do ano passado, poderão aumentar para um valor em torno dos 600 milhões de euros.

Considerando esse capital próprio, mas recorrendo ao método de avaliação comum no mercado de capitais, o price to book, ou seja, o valor atribuído pelos investidores em função dos capitais próprios, o banco vale bem menos. Considerando o rácio a que está a transacionar o único banco português a negociar na bolsa de Lisboa, o BCP, de 0,45 vezes, o valor do EuroBic encolhe para 250 milhões.

Com base neste valor, os 42,5% de Isabel dos Santos no EuroBic poderiam render à empresária uma soma em torno dos 100 milhões de euros, um valor que, contudo, poderá pecar por excesso. É que este é um processo de venda que Isabel dos Santos pretende que seja rápido, o que faz baixar o preço, mas também se trata da venda de uma posição de controlo mas não da totalidade da instituição, o que reduz o apetite de potenciais interessados, nomeadamente outros bancos.

De acordo com fontes financeiras contactadas pelo ECO, a transação que Isabel dos Santos espera que possa acontecer em breve, poderá acabar por render aos “cofres” da empresária cerca de metade daquela que é a avaliação feita com base em indicadores do mercado de capitais. Poderá render entre 50 e 65 milhões.

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