ArtLifting. Como a arte nas empresas pode ajudar pessoas em risco de exclusão social
A Amazon e a Google estão a decorar os escritórios com obras de arte da ArtLifting, a plataforma criada em 2013 para promover artistas em risco de exclusão social, com deficiência física ou mental.
Liz Powers tinha 18 anos quando ficou impressionada com o talento artístico que encontrou entre a população sem-abrigo, em Boston, nos EUA. Faltava criar um mercado digital para dar visibilidade à arte e, ao mesmo tempo, ajudar pessoas em risco de exclusão social, em situação de sem-abrigo ou com alguma limitação ou deficiência, física ou mental. Foi assim que, em novembro de 2013, os irmãos norte-americanos Liz Powers e Spencer Powers criaram a plataforma de venda online ArtLifting, em conjunto com quatro artistas de Boston. A venda de arte passou para as empresas e, hoje, a ArtLifting tem parcerias com empresas como a Staples, Starbucks, Paypal, Amazon, LinkedIn e Google, que decoram os espaços de trabalho com obras de pessoas em risco de exclusão social.
Desde a fotografia à pintura, a ArtLifting está presente em 19 países dos EUA e apoia 157 artistas. Do lado das empresas, a vantagem é conseguirem decorar os espaços de trabalho ao mesmo tempo que envolvem a comunidade e apoiam a população em risco de exclusão social. Por venda, cada artista ganha metade do valor de cada peça, tendo assim uma forma de obter rendimento e autonomia financeira e, ao mesmo tempo, alguma validação e possibilidade de inclusão na sociedade.
A Amazon foi uma dessas empresas que começou a decorar os escritórios em Seattle, nos EUA, com fotografias da artista local Damiano Austin. A compra permitiu à fotógrafa arrendar um estúdio de fotografia e, aos trabalhadores da gigante norte-americana, sentirem-se envolvidos com a comunidade, ao mesmo tempo que ajudam quem mais precisa.
“Os trabalhadores relacionaram-se imediatamente com os artistas e com as suas histórias pessoais. Estamos prontos para levar esta parceria para o próximo nível e incluir ajudar a melhorar mais vidas, através da incorporação de mais peças de arte nos nossos escritórios e hubs tecnológicos nos EUA”, refere John Schoettler, vice-presidente da divisão global de instalações e imóveis da Amazon, citado na página oficial da tecnológica. “Saber que há uma empresa que quer fazer a diferença no mundo e vê beleza naquilo que eu acho belo, é fantástico para a confiança, determinação e inspiração, reagiu Damiano Austin, citada pela mesma fonte.
“Vi artistas a conseguir pagar as suas casas, a ganhar confiança e a superar obstáculos através da venda e celebração da sua arte”, sublinha a fundadora da ArtLifting, Liz Powers. “O meu objetivo é dar visibilidade aos seus talentos invisíveis e, através disso, mudar estereótipos“, destaca.
Scott Benner integrou a ArtLifting em 2014. Benner tem síndrome de Horner — doença que paralisa um lado da face, fazendo a pálpebra cair e a pupila ficar pequena — e, depois de começar a vender as suas obras começou a ter rendimento suficiente para conseguir pagar a sua própria casa, apesar das suas limitações. Em 2016, a Google adquiriu as suas obras para decorar os escritórios em Cambridge.
“A Google é uma empresa que acredita que o ambiente de trabalho pode contribuir para a saúde, bem-estar e produtividade. Assim, tentamos criar espaços que sejam agradáveis para trabalhar, atrativos e que encorajem para que te sintas no teu melhor. A melhor parte desta parceria é a missão social que está por detrás deste trabalho”, sublinha John T. Moran, diretor de imobiliário e workplace da Google, citado pela ArtLifting.
“Esforçamo-nos para criar espaços que inspiram e ajudam a cultivar a inovação e esperamos que estas peças de arte possam influenciar positivamente o dia-a-dia dos nossos trabalhadores da Google em Cambridge”, acrescenta John T. Moran.
Na plataforma ArtLifting, uma pintura original pode ganhar várias formas, aumentando assim o potencial de rendimento para os artistas. Fronhas de almofada, gravações em canecas, em capas de telemóvel, em blocos de papel ou em roupa são alguns exemplos. Na Art Lifting há peças à venda por mais de 23 mil euros.
Em 2017, a Forbes distinguiu Liz Powers como uma das empreendedoras mais promissoras sub 30, na área do empreendedorismo social.
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