Regling: Dinheiro do MEE é “barato” e países têm vantagem em usá-lo
O presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) considera que é vantajoso para os países da Zona Euro acederem ao crédito porque é "barato" face aos custos de emitir no mercado.
Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), não prevê que todos os Estados-membros da Zona Euro venham a aderir às linhas de crédito cautelares, o apelidado “Apoio à Crise Pandémica”, mas considera que tal seria vantajoso para pelo menos metade dos países e que o estigma de pedir acesso ao dinheiro não acontecerá desta vez.
“Isto é dinheiro barato, portanto o país que precisa de financiar o seu défice ficará numa melhor situação se financiar alguma parte do défice com o MEE em vez de financiar todo o défice por si próprio no mercado dado que a taxa de juro [do MEE] é mais baixa”, argumenta o presidente dessa entidade numa entrevista conjunta a vários órgãos europeus divulgada esta terça-feira no site do Mecanismo. Esta é a garantia dada por Klaus Regling após o acordo da semana passada no Eurogrupo sobre as condições deste empréstimo que pode ir até aos 2% do PIB de cada Estado-membro da Zona Euro.
Regling calcula que para metade dos países da Zona Euro haverá poupanças caso recorram a este crédito em vez de se financiarem diretamente nos mercados financeiros. As poupanças “são maiores para alguns países, mais baixas para outros, mas para metade dos nossos Estados-membros haverá poupança relacionada com o empréstimo do MEE“, estima. Nas condições de mercado atuais, o custo do financiamento do MEE estará pouco acima dos 0% (entre os 0,1 e os 0,2%).
Para o presidente do MEE, que mantém contactos regulares com os investidores, o recurso a esta linha de crédito é “bom” para os países aos olhos dos mercados uma vez que reduz o custo de financiamento dos Estados-membros e, por isso, desce o défice orçamental. “Esta é uma forma de ter ‘dinheiro seguro’ [uma vez que] nós não vamos fugir na próxima crise“, garantiu, referindo-se à crise das dívidas soberanas da Zona Euro onde os investidores duvidaram da capacidade de países como Portugal, Grécia e Irlanda pagarem a sua dívida pública.
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“Não vamos sair [vender a dívida] se houver um grande problema, então [este crédito] é fiável e barato. Estas são as vantagens. Mas cada Governo tem de decidir por si se querem fazer o pedido [para aceder à linha] ou não“, concluiu Klaus Regling.
No caso de Portugal, o Executivo já adiantou que, para já, não prevê recorrer a este instrumento. “Portugal, em virtude daquele que foi o ajustamento que fez nos últimos anos […] tem, neste momento, condições de acesso ao mercado regulares e até bastante favoráveis e portanto, neste momento, não se afigura que o recurso a uma linha de crédito faça sentido“, disse o secretário de Estado Ajunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, em declarações à Lusa na semana passada após a reunião do Eurogrupo.
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